Acumular coisas pode levar ao estresse, depressão e até obesidade. Que tal começar a desapegar de tudo o que você não usa mais?
Por Milu Ramiro
“Eu hoje joguei tanta coisa fora
Eu vi o meu passado passar por mim
Cartas e fotografias gente que foi embora
A casa fica bem melhor assim”
Este trecho, tão bem escrito e cantado por Herbert Vianna na música Tendo a Lua, mostra o que acontece quando abrimos mão de um passado que está no papel. Com certeza, a casa fica bem melhor. Mas, para muita gente – muita mesmo, acredite – é extremamente difícil se desfazer desse passado, que está apenas em papéis ou em fotografias, cartas, cartões ou mesmo em uma roupa, em uma lembrança de um casamento de uma amigo querido, uma caixa, etc, etc.
O ato praticado na música pode representar um grande desafio. Nós todos somos programados geneticamente para guardar coisas. Na história das civilizações os homens tinham como “hábito” coletar objetos, pois nunca sabiam se iriam precisar: galhos para fogo, qualquer coisa que pudesse se tornar uma ferramenta ou arma e, principalmente, comida.
A revista Super Interessante publicou uma matéria na qual os psicólogos estimam que cerca de 4 milhões de pessoas (lembrando o que eu escrevi no início deste texto: “muita gente “) jamais jogaram alguma coisa fora. Eles se basearam em um estudo realizado nos Estados Unidos. Antropólogos, arqueólogos e cientistas da Universidade da Califórnia, em Los Angeles investigaram por dez anos a vida de diferentes famílias americanas e, após esta pesquisa, descobriram que o que mais estressa uma família é o excesso de tralhas e a bagunça. O estudo mostrou também que além de estressar, a bagunça gera depressão e obesidade.
Bom, depois de tudo isso, precisamos repensar um pouco sobre aquelas coisas guardadas em casa, não acha? Pense se não tem, em um cantinho, uma caixa cheia de cartas e papéis que nunca mais olhou. No guarda-roupas, calças que não usa desde o colégio. Uma caixa de brinquedos do filho, que agora está na Universidade. Pois é, vamos acabar de vez com o estresse, depressão e até a obesidade acabando com tudo isso?
Comece hoje mesmo. Jogue fora tudo o que não usa mais, doe o que ainda pode ser usado por outras pessoas. Mas, se desapegue daquilo que não é mais importante. Às vezes é necessário romper de uma vez para doer menos. Muitas vezes, não conseguimos caminhar para frente porque não deixamos de vez o passado. Acumular objetos é também acumular lembranças, emoções e até tristezas.
Pratique o desapego e cante como os Paralamas: “Eu hoje joguei tanta coisa fora. A casa fica bem melhor assim”.
Marilucia (Milu) Ramiro é jornalista, palestrante e escritora especialista em orientação e desenvolvimento profissional de jovens. É autora do livro “Quem Mexeu na Minha Bagunça?, em parceria com a psicóloga Celi Piernikarz, e sócia de um projeto com o mesmo nome, voltado ao desenvolvimento do hábito da organização de alunos, pais e educadores.