Quem mexeu na minha bagunça: O hábito da organização ao alcance de todos

A organização é essencial para evitar estresse e perda de tempo em nosso dia a dia e deve ser um hábito ensinado desde os primeiros anos de vida

Por Milu Ramiro

Você já parou para observar como a natureza é bem organizada? Os animais são divididos por grupos, vivem em bandos. Algumas espécies trabalham em equipe de forma ordeira. Em uma floresta há organização na vegetação. Na água há organização no correr dos rios, na época de reprodução dos peixes. Tudo natural.

Observando o ser humano não vamos encontrar a organização tão “natural” assim. Muitos nascem com essa habilidade e são mais encorajados durante a vida. Outros não nascem com essa característica e não dominam a arte da organização por anos.

No grupo das pessoas naturalmente organizadas é possível encontrar aquelas que mantem extrema arrumação no guarda-roupas, estantes com livros arrumados de acordo com tamanho, mesa devidamente ajeitada para o dia de trabalho e não ficam nem com uma colher suja na pia enquanto estão fazendo um bolo. No segundo grupo, o das pessoas que acreditam que não conseguem se organizar, o quarto parece um espaço atingindo por um tsunami, uma bagunça generalizada, o relógio nunca obedece ao horário que elas chegam, sempre a hora marcada chega antes. A chave nunca aparece quando elas vão pegar o carro…

Mas, pelo que entendemos, todos os extremos podem ser prejudiciais. Obsessão pela organização pode acarretar distúrbios de comportamento, levando muitas vezes a exigir esse mesmo comportamento do outro, tornando a pessoa “chata”. Por outro lado, em alguns momentos a desorganização pode ser sadia, como na hora em que estamos cozinhando ou criando algo artístico, por exemplo. A mente tem que estar livre nesse momento, não pode estar presa a rituais de organização, por exemplo. No outro extremo, viver na bagunça diária também é um problema e, talvez, até maior. Quando vivemos assim, perdemos tempo procurando coisas, guardamos outras que não necessitamos mais, e, por fim, prejudicamos até nossa saúde.

Você acha que organização é uma condição que já trazemos conosco ou podemos aprender?

Acertou se acredita que podemos aprender. É verdade. Se você se viu no segundo grupo, não pense que não tem mais jeito, que nunca vai conseguir se organizar. Vai, sim. Com vontade e determinação você pode. Mas, tenho que ser sincera: quanto mais velho você for, mais tempo levará para se tornar realmente organizado. Por isso que começar cedo torna tudo mais fácil. Você, que é pai ou mãe, pode ensinar seus filhos desde muito pequenos que cada brinquedo tem seu lugar, mostrar que depois que brincam podem guardá-los num lugar determinado. Mas, também precisa mostrar que da próxima vez que quiser brincar com aquele brinquedo, vai achá-lo rapidamente, porque sabe onde o guardou, assim, a organização vai fazer sentido e a criança vai entendo, vai se acostumando a guardar tudo no lugar certo.

Mas, alguns pais e algumas mães não tiveram esse aprendizado ou com a correria dos dias atuais não se atentam a isso e a vida vai caminhando, a falta de orientação vai atropelando e vamos vivendo. A escola poderá ajudar também com orientação dos educadores, mas sabemos que nem toda escola tem essa preocupação. Nesse caso, lá na frente, na adolescência, a coisa começa a pesar mais, pois nessa fase os compromissos aumentam, as responsabilidades também, e o adolescente já não saberá onde guardou a apostila para estudar para o vestibular e se atrasará para um encontro com o menino ou menina que estava afim, o que também será um problema – todos decorrentes da desorganização. Percebeu?

Apesar de todas as “trapalhadas”, a vida seguiu e agora aquela criança cresceu, entrou na faculdade e chegou ao mercado de trabalho. E, nesse momento, a desorganização vai aparecer, seja na mesa de trabalho, seja no horário que nunca consegue cumprir, seja no acúmulo de tarefas que o desespera (trabalho, faculdade, namorado, amigos, etc). Pronto, chegou a hora de parar um pouco e começar a se organizar de alguma forma.

Primeiro é importante entender onde está sua maior carência e depois partir para o ataque. São muitos métodos simples para se organizar, todos podem ser iniciados já, basta você querer. Faça uma ação por vez, repita por muitas vezes até ela se tornar um hábito na sua vida. Não queira se transformar em dias, mas também não seja “bonzinho” demais com você. Divida com alguém a sua angústia em relação a sua falta de organização, busque ajuda externa, seja com amigos, consultores ou mesmo terapia – futuramente conversaremos sobre a desorganização externa versus a desorganização emocional. Só tenha a certeza de que nunca é tarde para começar. Basta dar os primeiros passos e ser persistente.

Só para finalizar e animá-lo (a) um pouco, vou contar um segredo, que fique entre nós: eu não tenho organização por natureza, tive que desenvolver muitos métodos para coisas que me incomodavam e me prejudicavam, isso quando já estava no mercado de trabalho. Até hoje continuo sempre desenvolvendo técnicas novas, aprendizados novos e persistindo. Então, acredite: é possível!

Marilucia (Milu) Ramiro é jornalista, palestrante e escritora especialista em orientação e desenvolvimento profissional de jovens. É autora do livro “Quem Mexeu na Minha Bagunça?” em parceria com a psicóloga Celi Piernikarz e sócia de um projeto com o mesmo nome, voltado ao desenvolvimento do hábito da organização de alunos, pais e educadores.

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