Mariazinha ainda era criança quando a guerra aconteceu e contou suas memórias em um documentário do jornalista Dirk Lopes
Camile Triska
Nesta segunda-feira (19/04), morreu Maria Simão, a Mariazinha, uma das últimas sobreviventes das batalhas da Guerra do Contestado. O anúncio foi feito pelo jornalista Dirk Lopes em suas redes sociais. Em 2020, ele lançou o webdocumentário “Órfãos do Contestado”, disponível gratuitamente no YouTube.
“Em abril de 1915, ela [Mariazinha] fugiu com seus pais do Reduto de Santa Maria que estava sendo atacado pelo Exército Brasileiro. Viu gente morrendo, muito sangue, crianças e mulheres chorando, escapou pelo mato, passou fome e comeu cinto de couro dos amigos”, revelou o jornalista em seu perfil do Facebook. “Hoje, a História do Brasil ficou órfã de Mariazinha”, lamentou.
A Guerra do Contestado aconteceu entre os anos de 1912 e 1916 nos estados do Paraná e Santa Catarina, deixando cerca de 8 a 10 mil mortos. Foi o maior conflito do Brasil no Século XX. “A razão apontada era o conflito de limites de terras entre os Estados do Paraná e Santa Catarina, fato que realmente acontecia em paralelo na região “contestada” pelos dois estados, mas não foi o motivo da conflagração”, explica Dirk Lopes.
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Esquecida pela história oficial, a guerra era contada nas escolas públicas em não mais que meia página de uma apostila. Não deixar esse capítulo do nosso passado ser esquecido foi um dos motivos que levou o jornalista a produzir o documentário, que explica as razões econômicas, políticas, sociais, religiosas e a luta pela terra na grande região onde aconteceram os conflitos.
O filme apresenta depoimentos de historiadores, escritores, pesquisadores, produtores culturais, associações, diretores de museus, filhos e netos de ex-combatentes, testemunhas e sobreviventes, incluindo a Mariazinha.
O jornalista Carlos Borio fez uma reportagem especial para o Curitiba de Graça sobre o webdocumentário, que traz uma entrevista com Dirk Lopes. Para ler, é só clicar AQUI.
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