Primeiro livro da trilogia “Escravidão”, do maringaense Laurentino Gomes, aborda desde o início dos leilões em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares
A escravidão foi uma das maiores tragédias humanitárias do mundo e do Brasil. Arrancados do continente e da cultura em que nasceram, os africanos e seus descendentes foram explorados, discriminados e sofreram todo o tipo de humilhações e violências. Essa história, que até hoje impacta a sociedade brasileira, é contada com detalhes pelo escritor e jornalista maringaense Laurentino Gomes na trilogia “Escravidão” (Editora Globo), cujo primeiro volume é um dos finalistas do Prêmio Jabuti deste ano.
Essa primeira parte da trilogia cobre um período de 250 anos, de 8 de agosto de 1444 até a 20 de novembro de 1695. Os dois volumes seguintes, ainda não lançados, serão dedicados ao auge do tráfico negreiro, no século XVIII, em que mais de dois milhões de africanos foram trazidos para o Brasil, ao movimento abolicionista e ao fim da escravidão, pela Lei Áurea de 13 de maio de 1888.
“Eu considero a escravidão o assunto mais importante da história do Brasil. Tudo que já fomos no passado, o que somos hoje e o que seremos no futuro tem a ver com as nossas raízes africanas e a forma como nos relacionamos com elas. E essas raízes são mais profundas do que se imagina. Fomos a maior sociedade escravagista do Hemisfério Ocidental por mais de trezentos anos. Quarenta por cento de todos os doze milhões de cativos africanos trazidos para as Américas tiveram como destino o Brasil. Portanto, sem estudar a escravidão seria impossível entender o que somos hoje e também o que pretendemos ser no futuro”, afirma Laurentino Gomes por meio da assessoria da editora. Devido a uma agenda lotada do escritor, não foi possível realizar uma entrevista.
Do primeiro leilão de cativos até a morte de Zumbi dos Palmares
Embora o foco principal do trabalho seja o Brasil e a África, o primeiro volume da trilogia também aborda a escravidão em outros períodos da história da humanidade. O livro reúne uma série de ensaios e reportagens de campo, resultado de seis anos de trabalho de pesquisas quando Laurentino esteve em centros de estudos, bibliotecas, museus e locais históricos de doze países em três continentes, incluindo Colômbia, Inglaterra, Estados Unidos, Cabo Verde, Senegal, Angola, Gana, Benim, Marrocos, Moçambique, África do Sul, Portugal, entre outros.
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No Brasil, ele visitou quilombos no Estado da Paraíba, antigos engenhos de cana-de-açúcar, a Serra da Barriga, em Alagoas, onde morreu Zumbi dos Palmares, as cidades históricas do ciclo do ouro e diamante em Minas Gerais, fazendas dos barões do café e o Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, maior porto de desembarque de escravos do mundo no século XIX.
O trabalho de revisão e leitura crítica do livro foi feito pelo poeta, ensaísta e historiador Alberto da Costa e Silva, ex-presidente da Academia Brasileira de Letras e considerado atualmente o maior especialista brasileiro em história da África.
Premiações
Graduado em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná, com pós-graduação pela Universidade de São Paulo, Laurentino Gomes é membro titular da Academia Paranaense de Letras. Esta não é a primeira vez que ele figura entre os finalistas do Prêmio Jabuti – o autor já ganhou seis vezes a premiação. Seus livros “1808”, “1822” e “1889” foram vencedores nas categorias Reportagem e Livro de Não Ficção do Ano em 2008, 2011 e 2014, respectivamente.
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