Entre os diversos desafios dos professores neste novo contexto de aulas on-line estão demandas exaustivas de trabalho e sem garantias quanto à continuidade dos seus salários e empregos
Por Rudá Morais Gandin
Uma colega professora relatou que ultimamente tem sofrido de ansiedade e picos de estresse em razão do trabalho de acompanhar, elaborar e corrigir as atividades de seus alunos por meio de plataformas on-line e aplicativos de mensagens. Além disso, ela possui outros afazeres que exigem a mesma ou maior atenção que se espera da sua profissão, como cuidar da casa e filhos, ainda que essas obrigações sejam compartilhadas, no caso dela, com o marido.
Agora, imagine a realidade na qual se encontra centenas de professoras e professores que vivem sem o apoio ou companheirismo de alguém em casa para dividir os desafios atuais de trabalhar e dar conta das demandas do lar e educação dos filhos. Difícil, não? O pior é que me parece estar longe o fim das aulas a distância, e, consequentemente, longe parece também a promessa de término dessas tarefas atribuídas aos professores.
Não existe feitiço ou amor pelo trabalho capaz de impedir a tristeza e o sentimento de insuficiência frente às demandas incansáveis oriundas, neste caso, das aulas on-line. E, no entanto, os professores são acometidos por discursos que os responsabilizam pelos contratempos, imprevistos e pouca aprendizagem dos alunos, mesmo num contexto de pandemia, onde todos se encontram apreensivos quanto ao futuro. Esses discursos, penso eu, são decorrentes do imaginário popular que supõe a profissão de docente como um ato, exclusivamente, de amor, não importando muito suas condições de trabalho, material e psicológica na qual se submetem, uma vez que o amor tudo suporta, como sugere a passagem bíblica.
Todavia, o trabalho do professor é resultante de um longo processo formativo, que implica, sobretudo, muito estudo. Portanto, embora seja imprescindível gostar do que se faz, a profissão de docente merece salários e condições de trabalho adequadas, mesmo ou principalmente num período de pandemia, porém, com o Brasil perdendo do horizonte o fim da proliferação do vírus e as escolas buscando alternativas para não “perder” o ano letivo, tem-se solicitado aos professores cada vez mais esforços, e até mesmos sacrifícios, como o cumprimento de extensas horas de trabalho, muito maiores que as desempenhadas em tempos normais, na escola. Então, ao invés de trabalharem 40 horas semanais, muitos docentes têm estendido para 50, 60 horas por semana sua carga de trabalho, sem garantias quanto à continuidade dos seus salários e empregos ou mesmo que isso represente adoecer ou ter sua dedicação ignorada por patrões e o Estado.
Diante do cenário aterrorizador que se amplia, mais do que buscar meios a fim de garantir que todos os alunos aprendam durante este período de pandemia, desconfio que o grande desafio dos educadores seja outro, tal-qualmente importante do que assegurar a transferência de conteúdos escolares e a produção de planejamentos e aulas on-line: o de salvaguardar a própria saúde. Também há outros desafios, escondidos e escamoteados com a elevada carga de trabalho, como mostrar que a profissão docente requer formação e, ao mesmo tempo, que merece ambientes e estruturas adequadas para trabalhar e respeito.
Rudá Morais Gandin é mestrando em Educação da PUCPR. Pedagogo e especialista em Políticas Educacionais pela UFPR. Atuou como professor de Educação Infantil na cidade de Curitiba
Eu sou apaixonada pela minha profissão! No início desse isolamento, fiquei preocupada em como assegurar o direito de aprendizagem das minhas crianças estando em momento remoto. Procurei pesquisadores da área para encontrar novas práticas pedagógicas que poderiam ser adaptadas na realidade das crianças e suas famílias. Hoje consigo me organizar dentro das 40 horas semanais e encontrei formas de estabelecer vínculos com as famílias, pois são elas nesse momento mediadoras das aprendizagens das minhas crianças. Estou encontrando tanta riqueza nessa nova proposta e me faz pensar sobre essa consciência de mudança no âmbito educacional. Apesar de estarmos vivenciando dias difíceis, precisamos ver as oportunidades presentes. Uma delas é aproximar a família da comunidade escolar, unir os professores na concretude de troca de experiências do fazer docente-pedagógico, valorizar a profissão socialmente e financeiramente, além de uma formação que leve a reinventar a educação em um cenário de crise, para aprender a viver a vida com qualidade.
Realmete, a facilidade de se aprimorar aos novos métodos não é facil,,taí uma das coisas que abala os profissionais, ou seja, é necessário que os professores possam aprender mais e ter o ensino continuado para garantir sua aprimoração do processo de ensino aprendizagem, isso pode motivar e dar garra aos educadores. Falo isso pois , o professor precisa ganhar um salário digno, onde não haja sobrecarga de horas de trabaho e que haja tempo para aprender mais e entrar efetivamento na era tecnologica, mas, reforço, com garantia de tempo para aprender para depois aplicar.
Como o Rudá falou ” Estou encontrando tanta riqueza nessa nova proposta e me faz pensar sobre essa consciência de mudança no âmbito educacional” esse é um período necessário para as reflexoes e criar técnicas, procedimentos, táticas, estratégias, meios, maneiras, jeitos, modos, formas, para que a educação saia ganhando desse período complicado, portanto, falta usar os professores como equipe que vai mudar a história, tendo, assim, um alinhamento com eles. Os departamentos da educação em todos os niveis tem que dar qualidade de vida aos professores lembrando que são seres humanos com necessidades e que precisam estar acolhido pelas políticas de profissionais competentes e saudáveis….