A dislexia não tem cura, mas a partir da ajuda profissional, a criança se conhecerá melhor e entenderá as melhores maneiras para sua aprendizagem
Viviane Schueda Stacheski
Tão importante quanto falar de alfabetização, é falar sobre alguns aspectos que podem influenciar nesse processo. A dislexia é um deles, que embora sempre presente na história das dificuldades de aprendizagem, ainda é um assunto pouco discutido e, muitas vezes, abordado de forma errônea. Afinal, o que é dislexia e como podemos percebê-la em nossas crianças?
Primeiramente, vamos pensar na etimologia da palavra DISLEXIA – essa é formada por DIS que representa a ideia de dificuldade ou distorção, e LEXIA, que se refere a léxico (palavras que compõem o vocabulário de uma língua). Logo, a pessoa que tem dislexia apresenta a dificuldade de memorização do formato, da imagem das palavras. Isso mesmo, todos nós leitores memorizamos a ordem das letras que compõe uma palavra e ao olharmos para ela, a identificamos e a lemos. Ou seja, não lemos letra por letra, lemos a palavra inteira instantaneamente.
Exatamente nisso que está a dificuldade, pois a pessoa com dislexia não consegue fazer o reconhecimento da palavra e precisará ler sempre letra por letra tudo que for ler. Evidentemente que essa demora para a identificação das palavras escritas gera a incompreensão do que se lê. Além dos aspectos apontados, para o disléxico não há diferença entre letras ou números de formas iguais ou muito semelhantes, mas em posição diferente, como em: b, p, q, d; M/W; N/Z; 3/E.
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Em muitos casos de dislexia, a suspeita inicia na fase da alfabetização, pois anteriormente a isso os sinais apresentados por algumas crianças como: desatenção, dificuldades em montar jogos que necessitem concentração e percepção visual, como quebra-cabeça, por exemplo, dificuldades em perceber rimas nas palavras, falta de interesse por livros, entre outros, são considerados como características individuais. Afinal, há crianças com essas características que não possuem dislexia.
Porém, as observações por parte dos professores ganham cada vez mais atenção, já que os sinais passam a ser mais perceptíveis a medida em que a criança cresce. Isso se dá ao fato de que cada vez mais é cobrado o desenvolvimento da língua oral e escrita. Normalmente, o professor começa a perceber que a criança não consegue associar palavras com sons iniciais e finais iguais, apresenta sempre demora para finalizar o que é proposto e muitas vezes não consegue concluir as atividades. Além disso, é comum a desorganização com seus materiais e o desenvolvimento inferior, comparado às demais crianças, da coordenação motora fina e grossa.
A partir das observações feitas é necessário solicitar aos responsáveis mais investigações, preferencialmente com neurologista, já que a dislexia é um transtorno de aprendizagem de ordem neurobiológica. Uma vez confirmada, é sugerido que se iniciem os acompanhamentos com os profissionais que auxiliarão no desenvolvimento da linguagem na criança. A dislexia não tem cura, mas a partir dos trabalhos feitos, a criança se conhecerá melhor e entenderá qual, ou quais, são as melhores maneiras para sua aprendizagem. Isso feito na infância, evita sofrimento prolongado por suas dificuldades em aprender.
Todo professor alfabetizador tem a fase da alfabetização como: encantadora, mágica, envolvente, cativante, surpreendente, entre outros. Porém, essa fase também se apresenta como misteriosa, pois o desenvolvimento das crianças depende de vários fatores que ultrapassam a função e as ações deste profissional, embora dependa deles o encaminhamento para um diagnóstico preciso.
Viviane Schueda Stacheski é mestre em Ciências Humanas: cultura e sociedade e professora do curso de Pedagogia do Centro Universitário Internacional Uninter
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