Neste Dia do Professor, educadoras convidam a refletir além dos rótulos e valorizar o papel desses profissionais na sociedade
Por Dinamara P. Machado e Gisele do Rocio Cordeiro
Durante muitos e muitos anos de docência, ouvimos de outras áreas e até mesmo de profissionais sensacionalistas em suas palestras, que tudo mudou, menos a escola. Foram anos e anos engolindo a seco ou apenas saindo dos auditórios por ter a certeza que, no cotidiano das salas de aulas, tínhamos incorporado os avanços da psicologia e aquela criança que os pais não entendiam tinha espaço nas antigas salas de reforço. Sabíamos que aquela metodologia do feijão no algodão revelaria no futuro, o engenheiro ambiental, o matemático… que aprendeu em tenra idade a fazer projeções.
Muito antes do modismo dos jogos em distintos cenários, tínhamos a certeza de que a ludicidade proporcionava e proporciona foco absoluto e torna qualquer atividade espontânea e produtiva, mas muitos acreditavam que era apenas um joguinho e que a criança ou adolescente estava perdendo tempo na escola, afinal, em vez de aprender, estavam jogando com os coleguinhas. Em tempo, temos distintas teorias que embasam o trabalho lúdico para aprendizagem, que perpassam desde Froebel até Csikszentmihalyi com sua Teoria do Flow.
Como nossa carreira é longa, durante muitos anos percebemos que surgem receitas que se dizem milagrosas, ou seja, empresas de eventos que pegam alguma tendência e começam a espalhar aos quatro ventos que descobriram o eldorado na aprendizagem. Desconfie, desconfie sempre! Afinal, aprendizagem acontece do plural para o singular, ninguém pode aprender por outrem. O que nós professores podemos fazer é utilizar diferentes estratégias de transposição didática, a partir de recursos analógicos e digitais, do papel político, respeitando os limites e limitações do estudante e famílias, na certeza de que nossa profissão somente existe por termos um estudante e seus familiares do outro lado, e mesmo que não saiba ou compreenda, a aprendizagem é o que libertará e o aprisionará nessa sociedade líquida e exponencial.
Somos rotuladas como as “tias”, aquelas que não tem poder econômico, de dinossauros, as que usam colar de pérolas e laquê no cabelo. Vamos esclarecer rapidamente, não somos “tias”, pois fazemos que a aprendizagem cause estranheza diante da realidade da vida, ou melhor, somos para muito além de lembranças de domingo depois do almoço, estamos presentes cinco dias por semana, e quando na Educação Infantil, oito horas por dia, ensinamos convivência, as primeiras letras e o filosofar com Pequeno Príncipe. Quanto ao sermos dinossauros, mesmo antes da pandemia, já tínhamos assumido que com a linguagem de programação LOGO podíamos ensinar, principalmente, para aqueles que tinham dificuldade. Uma pequena tartaruga já fez muita diferença na vida de muitos adultos empreendedores. Pérolas e laquê, somos vaidosas, e sim, nossos estudantes merecem nos reconhecer como se estivéssemos com aquele visual de festa, pois toda aula é um encontro social para o desenvolvimento da aprendizagem e o florescimento de um ser mais humano.
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Pense na atuação dos professores e professoras para além de rótulos, se é tradicional ou inovadora, se tem competências digitais, afinal, eles têm feito seu papel social e, com erros e acertos, saímos de um país que vivia num mar de analfabetos na virada do século XX, para 18% da população brasileira com Educação Superior no século XXI. Ainda temos muitas lutas em prol de ensinar tudo para todos, abranger a diversidade social ainda é um grande desafio, porém, respeitar a inteligência e os sentimentos dos aprendizes, conforme preconizou Comênio, ainda é fundamental, assim, rótulos apenas caem pelo tempo diante do legado dos professores pela educação do nosso país.
O que temos certeza é que a sociedade precisa de humanos éticos, responsáveis por seus atos e corresponsáveis pelo desenvolvimento social, felizes pela conquista do amor da sua vida, do respeito dos seus familiares, amigos e colegas, que consigam enxergam o outro e exerçam alteridade e compaixão.
Se ainda não está convencido que somos inovadores por essência, dedique cinco minutos do seu tempo e veja inúmeras superações no último semestre. Seu filho, seu sobrinho continuam aprendendo, pela televisão, por material, por mensagem. Finalmente essa criança, esse adolescente, esse idoso está sendo visto. E se não acreditar no poder transformador da educação, pare o mundo com seu poder avassalador e sua carreira de sucesso e tenha apenas humildade de parabenizar aquela professora que te ensinou as primeiras letras.
Parabéns para nós professores e que possamos acreditar todos os dias que podemos trazer o Humano do Humano. E a partir de nossa concepção cristã “nunca, jamais desanimes, embora venham ventos contrários”. Parabéns, parabéns, parabéns.
*Dinamara P. Machado é diretora da Escola Superior de Educação do Centro Universitário Internacional Uninter
*Gisele do Rocio Cordeiro é coordenadora da área de educação do Centro Universitário Internacional Uninter