Entrevista no Instagram discute o racismo em Curitiba 

A live sobre racismo em Curitiba será na próxima quinta, 8 de outubro, no perfil do Movimento Gota D´ Água

Por Kristiane Rothstein
“Samba, negritude e racismo em Curitiba” será o tema de nova entrevista no Instagram do Movimento Gota D’ Água – Ação e Resistência, coletivo nascido no mês de maio na capital paranaense, que questiona ações do governo federal. Toda quinta-feira, o grupo faz entrevistas on-line pelo canal do Instagram e discute temas polêmicos.
Na próxima quinta (08/10) às 20h, o foco será o racismo institucionalizado pelo governo federal – a Fundação Palmares, por exemplo, dirigida pelo jornalista negro Sergio Camargo, anunciou no dia 4 de outubro, em uma rede social, que não fará comemoração referente ao Dia da Consciência Negra, marcada pela morte do líder negro Zumbi dos Palmares, lembrada em 20 de novembro – e toma como pano de fundo Curitiba, cidade que até hoje não cita em seus livros de história o afrodescendente  como um dos povos que formaram a população da região. Apesar de excluir a figura do negro da sua origem, uma das primeiras imagens que se tem notícia de Curitiba, retratada pelo pintor francês Jean Baptiste Debret, em expedição no Brasil, mostra um negro escravo trabalhando em uma construção.

retrato curitiba Jean Baptiste Debret
Imagem do pintor francês Jean Baptiste Debret, em expedição no Brasil, que mostra um negro escravo trabalhando em uma construção na cidade de Curitiba. Foto: Reprodução Blog Nanu

Para falar do racismo incutido nos costumes da capital, um dos entrevistados será o especialista em Fundamentos da Música Popular Brasileira, graduado em Letras e em Direito, João Carlos de Freitas, que escreveu o livro “Colorado, a primeira Escola de Samba de Curitiba”, que aborda a figura icônica do samba paranaense, o ponta-grossense Maé da Cuíca, que veio trabalhar na rede ferroviária e fez amizade com outros sambistas, criando a escola.

VEJA TAMBÉM: Essa música tem história: Apesar de você

Colorado ficou tão conhecida por seu samba empolgante e de alta qualidade que chegou a ganhar destaque na meca do Carnaval, o Rio de Janeiro, quando, com o samba “Não vou subir no morro”, de Claudio Ribeiro e Homero Reboli, venceu o Festival de Samba da Mangueira, entre 1960 e 1970. Com o prêmio, quem se aproximou da escola foi o compositor verde-rosa, Agenor de Oliveira, o Cartola.
O outro entrevistado é o historiador, criador de enredos e pesquisador de escola de samba, o professor Carlos Mariano Filho que diz, categoricamente, que Maé da Cuíca é um compositor tão importante como o próprio Cartola. “Se Curitiba não tivesse sido podada nessa vertente, certamente Maé seria muito mais reverenciado do que é. Grande parte dos curitibanos não sabe quem ele foi e o quanto contribuiu para a música popular. Essa é só uma parte da desvalorização do negro como parte integrante da sociedade curitibana, assim como do Sul do país. Retratar essa injustiça histórica é um trabalho árduo mas, profundamente necessário”, afirma Mariano.