Inominável Companhia de Teatro vai adaptar dramaturgias para áudios e podcast
Um projeto de uma companhia curitibana irá levar o teatro para o rádio. “Leituras com a Inominável: dramaturgia em discussão”, da Inominável Companhia de Teatro, disponibilizará gravações de áudio-dramas, chamados de peças radiofônicas, que equivalem a um tipo de “radionovela”, mas sem as continuidades de capítulos que são comuns a esse gênero.
“Vamos gravar leituras de oito peças de teatro que foram escritas para serem encenadas e agora serão modificadas para o formato radiofônico. Elas terão vinhetas de abertura e encerramento, sonoplastia, efeitos sonoros e diferentes entonações de voz para que o público capte todas as emoções pelas ondas do rádio”, explica a atriz, diretora de produção e sócia-fundadora da trupe teatral, Lilyan de Souza.
As primeiras peças radiofônicas serão disponibilizadas gratuitamente ao público a partir de 5 de março nas redes sociais da companhia (Facebook, Instagram e YouTube) e em podcast. As gravações acontecem agora em janeiro e começo de fevereiro, na produtora O Grande Primata Estúdio Itinerante, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Entre arranjos, improvisos e muita descontração, o elenco pretende transportar o ouvinte para cenários tão distintos quanto aqueles mostrados em cena.
VEJA TAMBÉM: Show virtual da Palhaça Rubra abre programação cultural do Sesc Paraná em 2021
Os atores que farão as leituras dramatizadas para o rádio são Lilyan de Souza, Letícia Guazzelli, Lucas Mattana, Fabiane de Cezaro, Lucas Buchile e Rafael di Lari, todos membros da Inominável Companhia de Teatro.
“Diante da overdose visual que existe atualmente, investimos num projeto que estimule a escuta de textos, solte a imaginação das pessoas, aguce a curiosidade e a fantasia para que o público arquitete mentalmente e ‘visualize’ as histórias narradas”, explana o ator e responsável pela edição das peças radiofônicas, Lucas Mattana.
Embora outras companhias pelo Brasil e até no Paraná já tenham adaptado peças teatrais para radionovelas, essa é a primeira vez que a Inominável, criada em 2010 com foco de pesquisa na inter-relação entre literatura e teatro, vai adaptar seus textos para o rádio. O projeto, que surgiu pela vontade de compartilhar processos, pesquisas e reflexões do grupo, foi aprovado pelo edital Aldir Blanc de Curitiba – Fomento e será realizado com recursos do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura – Fundação Cultural de Curitiba, da Prefeitura Municipal de Curitiba e do Ministério do Turismo.
Como forma de contrapartida social, eles ainda debaterão as obras em quatro lives descontraídas, sempre às quartas-feiras de abril, que serão transmitidas pelas redes sociais (Facebook, Instagram e YouTube) e terão dois autores convidados por vez. Entre os dramaturgos confirmados estão Alexandre França, Ali Freyer, Daniele Campos, Iamni Reche, Juliana Partika, Léo Moita, Leonarda Glück e Sueli Araújo, todos curitibanos ou radicados em Curitiba.
“Queremos abrir nosso grupo de pesquisa e ficar mais perto da comunidade. Entendemos que a pandemia trouxe mudanças de comportamento social que vão perdurar por muitos anos. Essas transformações já ampliaram o gosto do público pelos conteúdos culturais digitais e por isso acreditamos em muitas participações”, destaca Lilyan.
Segundo os integrantes da Inominável, a intenção é alcançar milhares de pessoas de Curitiba, do Paraná e de todo Brasil envolvendo jovens a partir de 14 anos, estudantes da rede pública de ensino, participantes de instituições sociais, interessados em teatro, literatura e artes em geral.
Ao mesmo tempo, as “radionovelas” devem despertar o interesse em adultos acima de 18 anos, educadores, pais, artistas e todos que apreciam teatro, dramaturgia, rádio, podcasts, contação de histórias, literatura e narrativas literárias.
“Isso ajuda a instigar o pensamento crítico sobre arte e cultura, mesmo para quem não frequenta regularmente um teatro ou tem o hábito de ler obras variadas”, observa Lucas Mattana.
Radionovelas
Até a década 60, as radionovelas faziam muito sucesso entre o público, estimulando a imaginação dos ouvintes e projetando uma série de rádio-atores que, posteriormente, migraram para a televisão, como Oduvaldo Vianna, Gastão Silva, Carlos Gutemberg, Dias Gomes, Janete Clair e até o curitibano Ary Fontoura.
A primeira radionovela transmitida no Brasil foi aqui do Paraná, “A ceia dos cardeais”, pela Rádio Clube Paranaense, em 1933, que tinha no elenco Corrêa Junior, Heitor Stockler de França e Otávio de Sá Barreto.
Olha, um dos principais erros do projeto é a falta de conhecimento da matéria. Primeiro, “A primeira radionovela transmitida no Brasil foi “Em Busca da Felicidade”, ” citada na matéria está totalmente errada. A primeira experiência realmente realizada no Brasil de Dramaturgia através o Rádio – exatamente como a proposta deste grupo – foi realizada em Curitiba, na Rádio Clube Paranaense – PRB2 – em 1933 por Corrêa Junior, Heitor Stockler de França e Otávio de Sá Barreto. (Vejam maiores informações em http://www.oradiodoparana.com.br/crbst_3.html – ; Segundo: ” Essa é a primeira vez que a Inominável, criada em 2010 com foco de pesquisa na inter-relação entre literatura e teatro, vai adaptar textos originários dos palcos para o rádio.” Pode ser que a “Inominável” faça-o pela primeira vez, mas a ADAPTAÇÃO de textos teatrais para o uso no Rádio e mesmo na Televisão e Cinema, vem sendo feita a muitos anos, até mesmo pelo site do Rádio do Paraná – http://www.oradiodoparana.com.br/crbst_350.html – com atores de Rádio Teatro, até mesmo de outras emissoras brasileiras – como Rádio Tupi, São Paulo, ou mesmo a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, a 2ª emissora brasileira a apresentar a Dramaturgia como programa radiofônico. Fique bem claro que, o presente reparo em nada deslustra a iniciativa do valoroso grupo – INOMINÁVEL – , trata-se apenas de restabelecer a verdadeira história do Rádio Brasileiro! Wasyl Stuparyk.