Artistas trazem a mitologia das fadas para a realidade contemporânea em memes literários

As “Fadinhas Fodidas” disponibilizam textos e ilustrações inéditos nas redes sociais

A escritora Leonarda Glück e a artista plástica Katia Horn lançaram, em abril de 2020, a convite da Pomeiro Gestão Cultural, o projeto transmídia “Fadinhas Fodidas”, disponível no Instagram e Facebook. Trazendo a mitologia das fadas para a realidade contemporânea, os textos e as imagens utilizam a figura desses seres com um tom irônico e humor ácido para promover reflexões políticas, culturais e sociais.
Com obras que propõem reflexão sobre algo que aconteceu ou está acontecendo na semana em questão, as artistas se dispõem a ler a realidade das mulheres, em especial as brasileiras e latinas, e todas as camadas de machismo, sexismo, homofobia e transfobia que se impõe sobre suas jornadas.
“Funciona quase como um meme literário que resume a situação política da semana”, comenta Leonarda Glück. Sobre a empreitada, Katia afirma: “Elas não são fofas e não moram num “felizes para sempre”, então podem gerar desconforto no público, porque elas escancaram nossas tragédias cotidianas”.

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O projeto, que une textos originais de Leonarda com ilustrações inéditas de Katia, ainda pode se transformar em um livro e, quem sabe, transformar a estética que criaram nas fadinhas em produtos como camisetas e canecas. Por flertar com a estética pop, muitos fãs do projeto pedem produtos derivados. Porém, para as artistas, a visão é mais ampla. “A ideia é gerar reflexão mesmo, produzir conhecimento, disparar ideias que estimulem o pensamento autônomo nas pessoas que o projeto atingir eventualmente. Tudo isso com humor e cores vibrantes. Esse é o nosso maior sonho”, completa Leonarda.
Tudo começou de modo independente, mas, agora, “Fadinhas Fodidas” conta com o incentivo da Lei Aldir Blanc via Programa de Apoio e Incentivo à Cultura – Fundação Cultural de Curitiba, da Prefeitura Municipal de Curitiba e do Ministério do Turismo, que viabilizou, por meio do projeto “Mais Fadinhas Do Que Nunca”, a criação de 20 novas ilustrações e a produção de um minidocumentário sobre o processo de criação, dirigido pelo cineasta Thiago Bezerra Benites.

Quem são as artistas?

Leonarda Glück

Foto: Divulgação

Atriz, dramaturga e diretora curitibana radicada em São Paulo, Leonarda é fundadora da Companhia Silenciosa e do Coletivo Selvática. Graduada em Direção Teatral pela Faculdade de Artes do Paraná (FAP), tem em mais de vinte textos encenados por diferentes grupos, companhias e artistas brasileiros e internacionais de diversas linguagens artísticas e ainda publicou “A Perfodrama de Leonarda Glück – Literaturas Dramáticas de Uma Mulher (Trans) de Teatro”, coletânea com seis textos teatrais.
Seus projetos já foram contemplados por diversas instituições culturais brasileiras, tais como Fundação Cultural de Curitiba, Secretaria de Estado da Cultura do Paraná, Fundação Nacional das Artes (Funarte), Instituto Itaú Cultural, SESC São Paulo, Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, entre outras. Os trabalhos que levam o nome da artista, sejam eles teatrais, performáticos, literários e/ou audiovisuais, já foram apresentados em diversas cidades do Brasil e outros países, bem como publicados em diversas mídias, jornais, revistas e periódicos especializados em arte e cultura. As temáticas principais trabalhadas pela artista são amor, neocolonialismo, globalização, linguística, fronteiras, tecnologia, transexualidade, conflitos mundiais, Brasil, sexo, violência, cultura LGBTQI+, dominação e poder.
Atualmente, Leonarda se prepara para estrear o solo Trava Bruta, tendo seu texto sido premiado pelo Edital de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos do CCSP 2020. Adiado pela pandemia de covid-19, o espetáculo está previsto para 2021, ano em que a artista completa 25 anos de carreira.

Katia Horn


Natural de Santa Cataria, Katia este em Curitiba desde 1990, onde vem pesquisando e desenvolvendo seu trabalho em várias áreas artísticas, partindo das artes visuais para a performance, o teatro, a música e o audiovisual. É graduada em em Educação Artística e, nas artes gráficas, especificamente, já publicou suas ilustrações em jornais, revistas, ilustrou diversos livros e trabalhou para algumas editoras nacionais ilustrando materiais didáticos. Como artista plástica, tem um caminho de pesquisa técnica e estilística, conhecimentos que utiliza muito no seu trabalho como ilustradora.
 
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