Artista parte da linguagem dos mercados populares para falar sobre o mercado de arte
A partir da próxima quinta-feira (17/12), a SOMA Galeria recebe a segunda exposição em seu novo espaço, localizado no no multiespaço SFco179: a “Vende-se Arte”, do artista Renato Ranquine, que usa a linguagem visual do mercado popular para aproximá-la do mercado de arte, em um trabalho provocativo, irônico e crítico, em que a frase “Compre arte” é vista em painéis de led, camisetas com estampas de baixa qualidade, adesivos, banners, entre outros suportes para imagens reprodutíveis.
Renato Ranquine utiliza há alguns anos essa estratégia para gerar uma reflexão no público sobre as relações mais profundas da associação do popular com a arte. Muitas das obras são feitas com materiais de baixo custo, além de terem cores chamativas e um certo excesso visual. Não por ser um elogio à precariedade, mas sim para reproduzir a atmosfera de grandes centros de comércio popular, como a Rua 25 de Março, em São Paulo, ou o Saara (Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega), no Rio de Janeiro.
O objetivo do artista é fazer um contraponto à ideia dos espaços assépticos da arte, como observou o crítico de arte Leandro Muniz. “Sabemos que o mercado de arte tem na mistificação de seus produtos uma de suas estratégias centrais. No projeto de Ranquine há uma dissolução dessas hierarquias e vale pensarmos nos motivos pelos quais o mercado de arte se torna um tema em si mesmo, não apenas em sua produção“, afirma.
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Apesar de contar com obras realizadas com materiais acessíveis, a exposição “Vende-se Arte” apresenta um rigor na construção das peças. Esse elemento leva o trabalho para além do mero trocadilho, mantendo-o em uma situação ambígua entre a crítica e o fascínio, tanto pelo mercado de arte, quanto pelas formas.
A exposição realiza uma provocação necessária para a cadeia produtiva das artes plásticas, conforme aponta Leandro Muniz. “Ao discutir a dimensão de mercadoria da obra de arte, ou melhor, ao apontar como o mercado de arte é uma dimensão fundamental do funcionamento desse sistema, Renato Ranquine vai contra a suposta transparência e fluidez das relações entre artistas, galeristas e colecionadores e apresenta esse mecanismo em sua opacidade.”
“Vende-se Arte” será inaugurada às 17h e ficará em cartaz até o dia 2 de fevereiro de 2021 – apenas entre os dias 24 de dezembro e 12 de janeiro, a galeria estará fechada devido ao recesso de fim de ano. O horário de visitação é das 11h às 17h, de segunda a sábado. A entrada é gratuita.
A SOMA Galeria fica na Rua São Francisco, 179 (dentro do multiespaço SFco179) – Centro. Mais informações pelo e-mail somagaleria@gmail.com ou no Instagram.
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