Sobrevivencialismo: Você está preparada?

Sabia que fazer um estoque de comida pode ser um ótimo jeito de poupar dinheiro?

 

 

Você já recebeu que em grande parte do tempo vivemos em crise? Ora crises emocionais, ora ambientais ou ora econômicas. Por isso, a partir de hoje, temos uma nova colunista: a ambientalista e palestrante sobre crises e desastres ambientais, Cláudia Lopes Borio.

O primeiro texto aborda como economizar fazendo um estoque durante o ano. Confira!

Você está preparada?

Por Claudia Lopes Borio

Dedico esta coluna às mulheres, que são quem geralmente tomam as iniciativas de preparação em casa. Não que os homens não se preparem também, mas eu vejo isso como uma atividade bem feminina. Se você se identificou com a ideia, pode ser homem ou mulher, tanto faz. É apenas um título. O importante é…. estar preparada(o).

Preparação para quê, afinal? Penso que estamos passando por uma era muito difícil para a humanidade – crises econômicas, mudanças climáticas e problemas ambientais. A preparação pode ajudar você e sua família a enfrentar todos esses problemas com um pouco mais de sossego ou menos riscos.

Então, apenas para abordar um desses casos, vou falar das crises econômicas. Digamos que você seja a pessoa que recebe o salário que mantém sua família e, de repente, seja mandada embora. O que fazer em uma hora dessas? Rapidamente, as reservas se esgotam e a família pode passar por um período bem difícil. Então, vale a pena estar preparada.

Uma das formas mais simples de se preparar para uma emergência financeira em sua família é fazendo o famoso estoque de alimentos dos Mórmons. Por uma crença religiosa, pessoas Mórmons costumam fazer um estoque de comida em casa. Esse estoque é composto por alimentos não perecíveis, enlatados, desidratados, grãos, farinhas, temperos, óleos e produtos de limpeza. O detalhe é que esse estoque serve, na realidade, como uma fantástica poupança, que pode render muito mais do que uma aplicação financeira normal em um banco. A ideia é que o estoque seja suficiente para passar, no mínimo, três meses sem precisar comprar nada fora. E, no máximo, um ano.

Já pensou um ano de comida em casa? Mas, quanto custa isso, você deve estar se perguntando. Olha, não custa muito, pois o segredo não está em fazer uma compra gigante de supermercado, e sim, em ir formando seu estoque pouco a pouco. Inicialmente, você terá que reservar um espaço físico para ele, uma prateleira ou um local para guardar tudo isso, pois a comida ocupa espaço, e tem que ficar seca e abrigada contra insetos, roedores, e tal. E em seguida, o segredinho é ir comprando aos poucos. Cada vez que você comprar um item básico, por exemplo, uma garrafa de óleo de soja, você compra mais um e guarda no seu estoque. E pode fazer sua própria lista, com os alimentos mais comuns em sua cozinha – você se surpreenderá com a quantidade e variedade de alimentos que a família brasileira consome.

O estoque pode ser composto de alimentos muito básicos, mas deve compreender todos os itens de uma dieta equilibrada, sejam carboidratos (farinhas, macarrão, feijões, açúcar, compotas, doces), gorduras (óleos, maioneses, margarinas), proteínas (carne enlatada, sardinha em lata, atum em lata, carne pré-cozida, bifes de soja, proteína de soja, proteínas vegetais, leite em pó), itens para café, chá e lanches (bolachas, geleias, biscoitos, torradinhas), verduras e fibras (latas de ervilha, milho e outros legumes, molho de tomate, frutas em lata ou desidratadas, legumes desidratados) e temperos (item muito importante e, às vezes, bem caro, como orégano, pimenta, alho desidratado, shoyu e outros). Esses são apenas exemplos, pois cada família tem suas preferências.

Além dos alimentos, outra coisa fantástica para fazer estoque são os produtos de limpeza, já que seus preços sobem muito e, geralmente, têm uma longa duração na prateleira. Papel higiênico, sabão em pó, sabão em pedra e outros podem ser comprados em lojas do tipo atacado e custarão até metade do preço das compras que se fazem em quantidades pequenas. Ficando bem fechados, se conservarão perfeitamente bem.

Ao se passarem seis meses e você já estiver com seu estoque bem montado, não precisando dele para nenhuma emergência, o que é o ideal, eu tenho mais uma sugestão: use esse estoque nos períodos de altas despesas pelos quais toda família passa, ou seja, no Natal, no Ano-Novo, no mês infernal de janeiro (quando temos que pagar o IPTU, o IPVA, a matrícula das crianças, a anuidade das associações profissionais e tantas outras contas) e no mês em que, geralmente, chegamos meio sem dinheiro – fevereiro! Você pode usar seu estoque nessa época, fazendo uma boa economia, e começar tudo de novo em março.

É claro que essa não é a dieta ideal e não contém nenhum alimento fresco – que é indispensável para obter vitaminas, sais minerais, fibras e outros elementos para uma alimentação saudável. Se realmente você quiser entrar numas de ter uma preparação perfeita, para um verdadeiro apocalipse, terá que ter uma horta, um pomar e, pelo menos, um galinheiro, mas isso é para poucos! O que você pode fazer para corrigir essa deficiência é suplementar seu estoque com compras de preço bem estudado, procurando em sacolões, preços fixos, produtos da estação, para que sua família não sofra numa época de carestia com falta de vitaminas e alimentos frescos. E, além disso, pode tomar suplementos vitamínicos e incluir frutas e verduras enlatadas no seu estoque, mas sempre tenha em mente que os alimentos frescos são muito melhores para sua saúde.

Dessa forma, os produtos não ficarão vencidos e você terá conseguido fazer uma poupança muito eficiente, pois certamente notará que o preço de muitos desses itens (açúcar, café, sardinhas, atum, etc.) terão subido bem mais do que você conseguiria se deixasse seu dinheiro na poupança.

Vale a pena lembrar que os estoques também servem para ajudar amigos, vizinhos ou até estranhos, em casos especiais, como em épocas de crises, inflação muito alta, desastres ambientais… No terrível terremoto do Haiti, por exemplo, quando mais de um milhão de pessoas foram afetadas, os Mórmons ajudaram centenas de pessoas lançando mão de seus estoques de alimentos.

A realização de um estoque de alimentos e outros produtos em casa é um exercício de poupança e de previsão muito interessante, e deveria fazer parte de toda família que se preocupa com as incertezas do dia a dia moderno.

 

Claudia Lopes Borio é advogada formada pela UFPR, especializada em Direito Socioambiental pela PUC-PR, é consultora ambiental e desenvolve projetos de Comunicação ligados ao meio ambiente, ciências e mudanças climáticas. Apaixonada pela Biologia, Claudia decidiu voltar aos bancos escolares para fazer Ciências Biológicas na UFPR.

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