Vivências negras no Brasil e no mundo são destacadas no Griot – Festival de Cinema Negro Contemporâneo

Festival acontece de forma gratuita e totalmente on-line entre os dias 11 e 20 de dezembro

Por Camile Triska
Nesta sexta-feira (11/12), começa o III Festival Griot, pela primeira vez on-line, voltado a filmes que tenham sido escritos, dirigidos e protagonizados por pessoas negras. Neste ano, o tema principal será a construção de um imaginário sobre subjetividades e vivências negras no Brasil e no mundo. Todas as exibições, que são gratuitas, acontecerão pela plataforma de streaming TODESPLAY.
“Filmes que perpetuam estereótipos e visões racistas estão descartados. Selecionamos filmes que trazem novas formas de olhar para as pessoas pretas, filmes inventivos e potentes”, revela Bea Gerolin, diretora artística do Festival Griot.
Com exibições totalmente gratuitas, serão apresentados três longas-metragens e 41 curtas, entre produções nacionais internacionais, divididas nas Mostras “Competitiva Nacional”, “África do Sul”, “Entre-Mares”, trazendo filmes de pessoas negras de diáspora e “Mostrinha Griot”, com filmes para crianças de todas as idades.

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Outra mostra do festival é a “Panorama”, que apresenta a produção de um artista negro ou negra contemporâneo com novas percepções e imagens sobre ser uma pessoa negra. Neste ano, a cineasta destacada será Aline Motta, artista residente de São Paulo. A partir de imagens, videoarte, instalação e outras formas de arte, a artista agrega por meio de diferentes elementos a simbologia colonial, baseada em suas relações familiares e investigações.
A live de abertura, a partir das 19h, terá a exibição do longa-metragem “Um Dia com Jerusa” da roteirista e diretora, Viviane Ferreira. O filme é uma adaptação do curta “O Dia de Jerusa” (2014), que aborda o afeto, suas nuances e heranças da ancestralidade.
“É uma obra que humaniza a figura Griot (lê-se Griô), indivíduo que na África Ocidental tem a vocação de transmitir e preservar as histórias, conhecimentos, mitos e canções do seu povo. Jerusa Anunciação, interpretada por Lea Garcia simboliza o arco dramático da ancestralidade contida no Griot – III Festival de Cinema Negro Contemporâneo”, explica a diretora artística.

História de Chico Rei e os ecos da escravidão na atualidade são temas do filme de encerramento do Griot. Foto: Reprodução/Trailer

O encerramento e premiação do festival, no dia 21 de dezembro, também às 19h, ainda terá a exibição de “Chico Rei entre nós”, de Joyce Prado. Com um diálogo entre o presente e o passado, a diretora aborda a história do rei congolês Chico Rei, que escravizado libertou a si mesmo e aos seus súditos durante o Ciclo de Ouro em Minas Gerais, e vai até os ecos da escravidão brasileira na vida dos negros de hoje.

Diferentes formas de vivências

Entre os filmes apresentados está “Mthunzi”, que foi o primeiro curta-metragem do britânico radicado na África do Sul, Tebogo Malebogo. Na história, o personagem Mthunzi é preso em um mundo que ele não pertence depois de ajudar uma mulher a carregar uma senhora que está tendo convulsões.
O curta, que estreou no Locarno Film Festival e no New York Film Festival em 2019, já recebeu o Prêmio Especial do Júri no AFI Fest e o Bronze Tanit no Festival de Cinema de Carthage.

O premiado curta-metragem “Mthunzi” é um dos filmes da programação. Foto: Divulgação

Na Mostra Competitiva, um dos destaques é filme “À beira do planeta mainha soprou a gente”, de Bruna Barros e Bruna Castro. O documentário, a partir de imagens de arquivos pessoas das diretoras, aborda a relação de duas mulheres lésbicas com suas mães.
Outro tipo de vivência também é destacado no curta “Morde & Assopra”, de Stanley Albino. Nesse filme, o diretor passa por uma inversão de perspectivas ao ir passar uns dias como artista na mansão onde seu avô trabalhou por um período.
A programação completa está disponível no site festivalgriot.com.br

Visibilidade do cinema negro

Esta é a terceira edição do Festival Griot, que nasceu em 2018 como uma Mostra, após pesquisas de iniciação científica de Bea Gerolin e de Kariny Martins, coordenadora de curadoria do festival, que decidiram criar um espaço para apresentar filmes que estavam conhecendo.
“Nesta edição, transformamos a mostra em festival, parte do desejo de ser mais um espaço de validação da cinematografia criada por pessoas pretas no país”, aponta Bea.
O Griot – III Festival de Cinema Negro Contemporâneo tem o apoio da TODESPLAY, Olhar Distribuição, O2 Pós, Mubi, Projeto Paradiso, AVEC-PR, ABRACCINE e incentivo da Celepar e Ebanx. O projeto é realizado com apoio do programa de apoio e incentivo à cultura – Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba.
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