Termo “Segunda Natureza” define uma relação não produtiva com a biosfera, com um consumo não por necessidade, mas por ansiedade
A tecnosfera, que pode ser definida com a intervenção do homem na biosfera, como um padrão contemporâneo é o tema central do vídeo Segunda Natureza, produzido pela fotógrafa e artista visual Milla Jung, que será lançado nesta sexta-feira (02/07), às 20h, com transmissão ao vivo pelo Youtube Milla Jung.
No vídeo duas crianças vivem a infância em um duelo entre diferentes aproximações com a natureza. De um lado, seu aspecto imaginário, dinâmico e integrado, e de outro, uma segunda natureza como mutação, acelerada e estarrecedora. Nesse embate, entre intervenções visuais e sonoras, é trançada uma zona de impasses.
“Comecei a mergulhar nessa pesquisa quando me dei conta que, convivendo com muitas crianças, existia um antes e um depois no olhar delas a partir do momento em que mergulhavam no universo virtual”, conta a videoartista Milla Jung.
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O termo “Segunda Natureza” veio da pesquisa sobre os processos de subjetivação feita pela artista e foi criado por Laymert Garcia dos Santos para definir uma relação não produtiva com a tecnosfera – ao contrário, em que os sujeitos consomem não por necessidade, mas por ansiedade.
“Comecei a entender que isso conecta tudo, essa aceleração desenfreada do sistema neoliberal, instrumentalizado pelas coorporações que manejam essa tecnosfera. Então, não estou falando de uma versão purista da tecnologia, porque não estou falando da tecnologia pensada a partir de seu potencial instrumental, democrático e construtivo, mas dessa outra tecnologia que nos empurra a certo nada”, complementa.
Segundo ela, com o isolamento social provocado pela pandemia, ficou mais visível essa imobilidade diante da tecnosfera. “Ficou muito claro para mim que esse era o trabalho que eu deveria fazer. Acho que como sociedade ainda nem nos demos conta que isso é um problema, por enquanto há uma naturalização dessa mutação da qual falo nesse trabalho”, reflete.
Segunda Natureza tem o apoio da Lei Aldir Blanc, via edital de fomento da Fundação Cultural de Curitiba, e conta no corpo técnico com a montadora Marta Cavalcanti Souza, com o desenhista de som e músico Felipe Ayres, com som direto e efeitos especiais sonoros de Bruno Almeida Ito, com a direção de fotografia compartilhada entre Filipe Parolin e Milla Jung, e com o projeto de neon da Neon Lunar. “Uma pena que, para não colocar ninguém em risco, tivemos que trabalhar muito separados, pois esses trabalhos de equipe sempre ganham com processos mais colaborativos”, lastima a artista.
Por hora, o vídeo só poderá ser visto pela tela de um computador e/ou celular, mas a expectativa da artista é exibi-lo, assim que possível, no espaço expositivo de um museu ou numa instalação pública, numa tela gigante, como videoinstalação. “Assim o espectador poderia entrar com seu corpo dentro do trabalho, ver-se de dentro da situação”, vislumbra Milla Jung.
Quem não puder acompanhar a transmissão no dia do lançamento poderá ver depois, é só se inscrever no canal. Mais informações sobre o trabalho de Milla Jung estão disponíveis no Instagram e nos sites www.comunidade.art.br/wordpress e arteocupacao.com.
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