Em diversas músicas do cantor baiano é possível perceber a influência de nomes clássicos da MPB, como Ney Matogrosso ou Pepeu Gomes
Flávio Jayme, do Pausa Dramática
Imagine música de carnaval para ouvir o ano todo. Esta é a proposta de Matheus VK.
Não estou falando de axé ou marchinhas, mas músicas para dançar descompromissadamente enquanto varre a casa. Pra se soltar de vez.
Você já deve ter se deparado com os versos como “Quero ver geral mexer a pélvis…” por aí. Pois é, eles são de Matheus Von Kruger de Freitas, ou Matheus VK, cantor e compositor baiano que já fez parte da banda do programa Amor & Sexo, apresentado por Fernanda Lima.
Matheus deixou uma carreira de psicólogo para assumir o bloco Fogo e Paixão no carnaval carioca e acabou se apaixonando de vez pela música.
Heterossexual (ele acaba de ser pai pela segunda vez), o cantor não tem vergonha de se apresentar coberto de purpurina, de “mexer a pélvis” ou de falar de preconceito em suas músicas.
Em diversas das suas faixas, é possível perceber a influência de nomes clássicos da MPB, como Ney Matogrosso ou Pepeu Gomes, que também não tinham problema em falar de sexualidade ou brincar com os gêneros no palco.
Em uma entrevista que fiz com ele algum tempo atrás, Matheus falou sobre essa visão careta dos papéis masculinos na sociedade:
“Acho, inclusive, que uma das grandes doenças do mundo é esse machismo institucionalizado que vivemos. Todos, somos vítimas desse padrão opressor que limita os homens e violenta as mulheres. Um homem que não se permite sentir, chorar, se sensibilizar, não é capaz de sentir empatia, não se coloca no lugar do outro. Isso é o mal da humanidade.”
Em 2018 ele lançou em parceria com o ator e cantor Silverio Pereira (de Bacurau) a música Soldadim. A letra, extremamente politizada, fala do papel do homem na sociedade, que não pode falhar, não pode chorar, e precisa viver como “um soldadinho” escondendo as emoções.
A ideia da faixa, segundo ele, era ecoar diretamente na desconstrução do preconceito, no machismo e no papel imposto pela sociedade em cima da masculinidade e da violência, além de chamar a atenção para a liberdade de ser quem se é.
Ele cita a experiência como psicólogo e os “estragos que pode se causar reprimindo algo essencial para alguém”.
Em abril do ano passado ele ainda lançou “Fechado com Você”. A faixa, composta em 2019, ganhou todo um novo significado e virou praticamente um hino da quarentena.
No clipe, imagens de internet de pessoas em quarentena por causa do coronavírus e aquele ar de esperança em um mundo melhor que só Matheus VK sabe dar à música.
No ano passado, inclusive, também entrevistei Matheus VK em live no Instagram, que você pode conferir AQUI.
