Movimento #respeitonasredes reflete sobre a cultura do cancelamento

Movimento teve origem em um manifesto escrito em colaboração por profissionais de Gestão e Comunicação

Há anos não existe unanimidade no Brasil em relação a qualquer tema, até a noite da última terça-feira (23/02) quando a participante curitibana Karol Conká do programa Big Brother Brasil foi eliminada com mais de 99% dos votos. A rapper gerou polêmica no reality show e agora vivencia um movimento de cancelamento nas redes sociais, com consequências reais e prejuízos para sua carreira. E desde ontem, dia 24 de fevereiro, coincide o lançamento do movimento #respeitonasredes, que defende mais diálogo como caminho para o respeito à diversidade de opiniões e menos cancelamentos.

O movimento tem início com um Manifesto, redigido de forma colaborativa por um grupo de 27 professores-pesquisadores, profissionais e consultores da área da Comunicação, com atuação em vários estados brasileiros. O texto traz uma reflexão sobre o momento que vivemos, a cultura do cancelamento e suas consequências, e alerta para o papel da sociedade, empresas, organizações, influenciadores, imprensa e instituições de ensino para o incentivo ao uso responsável das redes e promoção de uma cultura voltada ao diálogo.
“Como profissionais imersos neste ambiente que constrói, gerencia, protege e recupera reputações, precisamos nos posicionar diante destes novos riscos e alertar sobre alguns rumos perigosos que se desenham na sociedade brasileira. Ódio e intolerância vêm se tornando rotina nas redes sociais”, lembra Ana Flávia de Bello Rodrigues, sócia fundadora da Startup Alerta de Crise, consultora e palestrante em Comunicação e Gestão de Crises, e uma das profissionais que assina o manifesto.

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A iniciativa surgiu a partir da percepção desse grupo em relação aos excessos cometidos em algumas situações, levando a uma emoção coletiva nas redes, que acaba destruindo reputações. O documento pondera que, “marcas, empresas, organizações e pessoas são julgadas, condenadas e executadas pelo tribunal das redes sociais da internet”. E conclui que na cultura do cancelamento – exclusão sumária de quem, aos olhos e julgamento das redes, cometeu erros – passaremos a ver cada vez mais vozes sendo caladas pelo medo de perder trabalho, espaço ou sofrer ataques mais graves, que ultrapassam a barreira do digital e passam a ser um inimigo real, também fora da internet.

Ana Flávia destaca ainda que “estamos nos familiarizando com a condição de termos vez e voz, de ver nossas opiniões circulando no espaço público sem mediação”. Além desta ação inicial, o movimento terá presença digital nas redes com parcerias sendo construídas para fazer as reflexões propostas chegarem a um número ainda maior de pessoas em todo o Brasil.
O Manifesto está disponível na íntegra no site movimentorespeitonasredes.com.
 
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