Mostra de Cinema Negro tem documentário sobre primeira travesti negra que concluiu doutorado na UFPR

Documentário foi dirigido pela cineasta Larissa Nepomuceno, mestranda da UFPR

Uma seleção de 19 filmes faz parte da programação da 16ª Mostra Internacional do Cinema Negro (MICN), que será realizada de 10 a 15 de novembro de forma remota, com transmissões gratuitas na plataforma digital do Museu da Imagem do Som de São Paulo (MIS-SP).
Entre os filmes exibidos estará o documentário “Megg, a margem que migra para o centro”, de 2018, da cineasta Larissa Nepomuceno, mestranda no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPR na linha de pesquisa “História e historiografia”, que assina direção e roteiro com Eduardo Sanches.
O curta-metragem foi produzido pela Beija Flor Filmes e conta a história da professora Megg Rayara de Oliveira, do Setor de Educação da UFPR, a primeira travesti negra a se formar doutora na UFPR, em março de 2017, e autora do livro “Diabo em forma de gente”, em que retrata a trajetória de docentes que são alvo, ao mesmo tempo, de racismo e homofobia.
Larissa conta que se interessou a filmar a vida da professora movida por uma indagação pessoal. Depois, para retratar uma luta contra o preconceito. “No primeiro momento, foi porque me perguntei ‘por que nunca uma pessoa trans me deu aula?’ Não fazia sentido que nenhuma outra travesti tivesse tido vontade de cursar mestrado e doutorado. Depois que conversei pessoalmente com a Megg, achei que poderia fazer o filme como uma extensão da militância dela: por um lado, para ser um incentivo para pessoas trans e travesti e, por outro, para tentar diminuir a imagem estereotipada que a sociedade cria das travestis”, aponta.
Também serão transmitidas produções de 2020: “Maikan Pisi Pata”, de Éder Rodrigues, rodado em Roraima, na reserva Raposa do Sol; “Traçados”, de Rudyeri Ribeiro Pantoja (UFPA), rodado em Belém; e “Mariquinha no mundo da imaginação”, de Constantina Xavier (UFMS), filmado em Campo Grande.

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“O cinema negro é a filmografia de todas as minorias vulneráveis, que buscam na emergente categoria conceitual de dimensão pedagógica do cinema negro a construção da imagem de afirmação positiva, que é uma espécie de lugar de imagem, com a mesma lógica de lugar de fala”, afirma Celso Luiz Prudente, curador da mostra.
Nesta edição, o MICN ainda prestará homenagem a grandes nomes do cinema nacional, entre eles Grande Otelo, Ruth de Souza, Anselmo Duarte e José Carlos Bule. O destaque será Zé Keti, cantor e músico falecido em 1999 que levou o samba aos filmes nos anos 50.

Copene

A Mostra Internacional do Cinema Negro (MICN) é um evento cultural paralelo ao XI Congresso de Pesquisadores(as) Negros(as) (Copene), evento anual da Associação Brasileira de Pesquisadores(as) Negros(as) (ABPN), que neste ano será sediado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), em duas fases: em formato digital, que vai de 9 a 12 de novembro, e presencial, em maio.
O congresso é voltado somente a pessoas inscritas. A conferência de abertura, que acontece na próxima terça (09/11), a partir das 19h, terá a escritora Conceição Evaristo para falar sobre o tema “Negras Escrevivências”. A programação do congresso contará ainda com mesas redondas, minicursos e oficinas. Mais informações no site www.copene2020.abpn.org.br.
 
 
Kit audiovisual (fotos de divulgação e entrevistas em áudio): https://bit.ly/2TU4R8i
Link do Mis/SP: https://www.mis-sp.org.br/programacao/e2f3077c-62c4-4bb3-8aa9-4f856fcd78e2/16a-mostra-internacional-do-cinema-negro
Matéria no Portal da UFPR: https://bit.ly/34YWizm
Perfil da profa. Megg Rayara: https://www.ufpr.br/portalufpr/noticias/pela-primeira-vez-travesti-negra-defende-tese-de-doutorado-na-ufpr/
Leia mais notícias sobre o Copene 2020: https://www.ufpr.br/portalufpr/?s=copene