Filmes paranaenses estão na Mostra de Cinema de Tiradentes

Entre os 114 filmes selecionados para Mostra de Cinema de Tiradentes, sete foram produzidos aqui no Paraná

Camile Triska, com assessoria de imprensa
Entre os dias 22 e 30 de janeiro acontece a 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes, que neste ano será on-line com exibições para todo o Brasil. A programação terá 114 filmes, entre longas, médias e curtas-metragens, sendo sete produções realizadas no Paraná e um filme de um cineasta amazonense radicado em Curitiba.
O evento ainda inclui o 24º Seminário do Cinema Brasileiro, que terá 24 debates, a série Encontro com os Filmes e rodas de conversa, além de oficinas (essas com inscrições já esgotas), performance audiovisual, exposição, shows e atrações artísticas.
A programação completa da 38ª Mostra de Cinema de Tiradents está disponível no site www.mostratiradentes.com.br, onde também serão realizadas as exibições dos filmes.
“Mesmo nesse novo formato, a Universo Produção preparou todas as atividades do evento mantendo as mesmas características, identidade e personalidade de uma edição presencial. Assim, tanto o público já habituado com a Mostra Tiradentes, quanto aqueles que nunca puderam ir ao evento, poderão desfrutar de uma vasta programação gratuita, compartilhada pelas redes, com o espírito de engajamento e vanguarda das outras edições”, destaca a diretora da Universo Produção e coordenadora geral da Mostra de Cinema de Tiradentes, Raquel Hallak.

“Ela que mora no andar de cima” é um dos filmes paranaenses que serão exibidos. Foto: Divulgação

A temática proposta para a 24ª Mostra de Tiradentes é denominada “Vertentes da Criação”. Com o estouro da pandemia em fevereiro de 2020, o cinema foi um dos setores mais afetados, em várias frentes: fechamento das salas de exibição, interrupção de projetos e filmagens em andamento e, especificamente no Brasil, a ampliação falta de incentivo do Governo Federal.
Segundo os curadores Francis Vogner dos Reis e Lila Foster, em anos recentes, houve uma reconfiguração nos processos na produção do país. O cinema brasileiro se reinventa nas circunstâncias a ele impostas e nas inquietações de criadores arrojados que constantemente reinventam as formas do fazer.

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Parte das discussões que serão realizadas na mostra veio da própria experiência de diretores, diretores de fotografia, atrizes, atores, montadores, diretores de arte e roteiristas da cidade de Tiradentes, que apresentam, a cada ano, múltiplas vertentes de processos criativos através de intervenções questionadoras que se descolam de modos e procedimentos criativos e de produção mais normativos do ponto de vista técnico e estético.
“Vertentes da Criação” também nomeia uma das mostras, que reúne os seguintes filmes sob o recorte específico da temática: os longas “#eagoraoque” (SP), de Rubens Rewald e Jean-Claude Bernardet; “Agora” (PE), de Dea Ferraz; “Entre Nós talvez Estejam Multidões” (MG/PE), de Aiano Bemfica e Pedro Maia de Brito; “Negro em Mim” (SP/MG/BA/PE/PA), de Macca Ramos; e “Pajeú” (CE), de Pedro Diógenes; e os curtas “Uma Noite sem Lua”, de Castiel Vitorino Brasileiro; “Filme de Domingo”, de Lincoln Péricles; e “República”, de Grace Passô.

Filmes paranaenses

Além da mostra temática Vertentes da Criação, outras 11 mostras fazem parte da programação: Aurora, Homenagem, Olhos Livres, Praça (curtas e longas), Foco, Panorama, Formação, Jovem, Mostrinha, Foco Minas, além da Sessão da Meia-Noite.
Entre os filmes da Mostra Aurora, que é competitiva e traz longas-metragens exibidos em pré-estreia mundial, apresentando um recorte inédito do cinema brasileiro contemporâneo de invenção, está “A Mesma Parte de um Homem”, da diretora paranaense Ana Johann.
O longa-metragem mostra a história de uma mulher de quarenta anos, que vive com seu marido e filha em uma área rural, com um sentimento constante de medo que se transforma em encontrar um desejo pela vida após ela passar por algumas situações inesperadas. Segundo a diretora, em entrevista à Agência Estadual de Notícias do Paraná, o filme é sobre pessoas que cruzaram o caminhão dela, memórias de sua infância, mas travestidos em outros personagens e histórias.

A comovente animação paranaense “Napo” será exibida na mostra Olhos Livres. Foto: Divulgação

Outra mostra competitiva, Olhos Livres, que esboça um panorama mais amplo de algumas das produções mais instigantes do cinema contemporâneo brasileiro, também tem um representante paranaense: a animação “Napo”, de Gustavo Ribeiro e Thais Peixe, que já foi selecionado para festivais em todo o mundo. É uma singela história de um garotinho que não entende a perda de memória do avô e resolve ajuda-lo a lembrar de sua vida por meio de fotos antigas.
“Ela que mora do andar de cima”, de Amarildo Martins, outra produção paranaense que já circulou por diversos festivais brasileiros, será exibido na Mostra Praça – Curtas, que busca apresentar toda a diversidade do cinema brasileiro. O filme gira em torno de uma mulher que vira cobaia dos quitutes da vizinha confeiteira, que acaba evoluindo para uma paixão platônica.
Já na Mostra Praça – Longas tem “Mirador”, dirigido pelo cineasta Bruno Costa. No filme, um boxeador treina para retornar aos ringues enquanto divide seu tempo com dois subempregos e tem sua vida revirada quando precisa cuidar de sua filha sozinho.
“Mirador vai trazer os desafios da masculinidade quando encontra comum papel que a princípio não lhe cabe. O filme de Bruno Costa prima pelo trabalho dramatúrgico e um forte trabalho com o elenco. Na trama, é pungente a forma como ele vai descobrir, em maio às maiores dificuldades, como equilibrar desejos e responsabilidade, com destaque para as cenas entre o personagem principal e a pequena Malu”, comentam os curadores da mostra.
Na Mostra Panorama, um conjunto de curtas-metragens produzidos em 2020, está  “Você já tentou olhar nos meus olhos?”, do paulista radicado em Curitiba, Tiago Felipe, que monta com imagens fotográficas um ensaio sobre o corpo de um jovem negro.
“Mirador” apresenta os desafios da masculinidade quando encontra comum papel que a princípio não lhe cabe, segundo os curadores da mostra. Foto: Divulgação

A lista de filmes paranaenses segue com “Eu te amo, Bressan”, de Gabriel Borges, na Mostra Foco, que destaca produções experimentais. O curta-metragem é sobre um homem que remonta episódios de seu antigo relacionamento em uma inusitada história de amor.
Essa mostra ainda tem “De costas para o Rio”, que mostra uma Manaus em expansão que esquece de suas raízes e passado. Mas, o que isso tem a ver com o Paraná? O diretor amazonense Felipe Aufiero está radicado em Curitiba há mais de uma década, onde é codiretor de uma produtora, a Casa Livre.
A Mostrinha, voltada a crianças, é outra que terá um filme com um pé no Paraná: o longa-metragem londrinense “Passagem Secreta”, dirigido pelo premiado diretor paulista Rodrigo Grota.

Homenagem à Paula Gaitán

A abertura da Mostra de Cinema de Tiradentes, que será a partir das 20 horas no dia 22 de janeiro, terá performance audiovisual, uma homenagem à cineasta Paula Gaitán e exibição, em pré-estreia mundial, de seu mais novo documentário “Ostinato”, sobre o músico Arrigo Barnabé. A exibição estará disponível após o debate inaugural “O Percurso de Paula Gaitán”, que terá a presença de Ava Gaitán Rocha (cantora, compositora e cineasta), Clara Choveaux (atriz), Eryk Rocha (cineasta) e do próprio Arrigo e de Paula Gaitán, com mediação do coordenador curatorial da Mostra, Francis Vogner dos Reis. Um showcom o músico Arrigo Barnabé encerra a programação do dia de abertura.
Nascida em Paris e de origem colombiana, Paula Maria Gaitán lançou seu primeiro filme em 1989, “Uaka”, filmado no Xingu. Antes, já atuava no campo artístico como atriz, fotógrafa e diretora de arte. Foi parceira de Glauber Rocha (1939-1981) em alguns de seus trabalhos mais importantes. Como diretora, assinou filmes diversos, ora inovando nas abordagens e nas formas visuais e sonoras, ora se aproximando intimamente de figuras importantes da criação.
“A obra da Paula responde de maneira abrangente ao emblema da experimentação estética e da experiência poética. Cada um de seus filmes se empenha em buscas distintas, sempre novas, abrindo caminhos inexplorados sobretudo por ela mesma. A cada filme ela refaz, repensa, redescobre e reinterpreta a dimensão do personagem, do tempo, do plano, da montagem e do som”, afirma o curador Francis Vogner.
Além do debate inaugural e de “Ostinato” na abertura, com a presença de Paula, será realizada uma Mostra Homenagem, com a exibição de oito trabalhos da diretora: os longas “Diário de Sintra”, “Exilados do Vulcão”, “Noite”, “Luz nos Trópicos”, o videoclipe “A Mulher do Fim do Mundo” (de Elza Soares) e os inéditos “Ópera dos Cachorros”, curta, e “Se hace camino al andar”, média.
 
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