Coluna Feijão com Arroz: Milho, a estrela do mês de junho

Junho é época de milho e das festas juninas, onde ele é a estrela

Arte: Maria Clara Bicalho Patzsch
Arte: Maria Clara Bicalho Patzsch

Por Irma Bicalho
Quem é da cidade grande e nunca perde um episódio de Globo Rural levanta o dedo! Eu também. Nem ligo de ter que acordar cedo aos domingos para assistir a esse maravilhoso programa. Acho que é porque, no fundo, somos todos da roça. E se você é assim, já ouviu falar muito do milho safrinha. Mas sabe exatamente o que é?
A safrinha é uma segunda colheita de milho, fora de época. O milho é uma cultura muito sensível às condições climáticas, principalmente à chuva e ao sol. Por isso ele é cultivado no verão, dependendo da região brasileira, de agosto a dezembro, com colheita prevista até março.
Mas na década de 80, devido a vários motivos, como por exemplo a falta de ingredientes para ração, alguns agricultores resolveram utilizar a sobra de sementes para um segundo plantio. Digamos, de maneira bem leiga, que os agricultores estavam com um restinho de sementes e resolveram aproveitar o pouco de calor e chuva do final do verão e do início do outono para plantar, sem muita expectativa.
O caso é que deu certo. E cada vez mais gente passou a plantar nesse período e virou a tal de safrinha, principalmente aqui no Paraná. Hoje, a safrinha é bem mais expressiva do que a primeira colheita. Em 2019, bateu recorde de produção, chegando a 70 milhões de toneladas de milho, contra pouco mais de 26 milhões de toneladas da primeira safra.
Achei interessante falar tudo isso sobre o plantio e colheita do milho para lembrarmos que temos motivos de sobra para comemorar essa época. Época de milho, das festas juninas, onde ele é rei. Na canjica, no curau, na pamonha, na broa… É milho pipocando em tudo quanto é prato. E se isso já agrada ao paladar, à saúde os ganhos são ainda maiores.
O milho é rico em cobre, fibras, fósforo, magnésio, potássio, vitamina E, vitaminas do complexo B, zinco, antioxidantes carotenoides e ácidos graxos (inclusive o ômega 3). O que isso significa? Que o milho é bom para:
– A visão e o sistema imunológico, graças aos antioxidantes luteína e zeaxantina;
– Reduzir o colesterol, controlar o açúcar no sangue e melhorar o trato intestinal, por conter bastante fibras;
– Proteger o coração, graças aos ácidos graxos;
Já estaria para lá de bom, mas tem mais. O milho é fonte de energia. Muita gente foi criada à base de polenta, ou, como se diz lá na minha terra: angu. E isso está arraigado na nossa cultura. Em Minas Gerais é assim: se tem frango ensopado, tem angu. Se tem carne com quiabo, tem angu. Se tem guisado, tem angu. O sabor neutro da polenta combina com quase tudo e dá “sustança” à refeição.
Sendo assim, aconselho a preparar um anguzinho para a próxima refeição. Só que, em vez de usar fubá, ou farinha de milho, experimente fazer com o milho verde. Pode até ser o milho de lata.
Triture no liquidificador os grãos crus, retirados da espiga com uma faca de serrinha. Depois, sem coar, para aproveitar as fibras, refogue na manteiga ou óleo, com alho picadinho e sal. Acrescente um pouco de água e mexa sempre até cozinhar. Leva uns 15 minutos, se usar o milho cru. Ou, se usar o enlatado, é só mexer até engrossar. Não precisa colocar creme de leite, nem nada. É angu mesmo: milho e água.
Fica uma polenta rústica, com sabor de milho verde. Acompanha aquele franguinho, uma carne de panela… Hummmmm!
Para terminar, um segredinho de família. Sempre vejo as pessoas na televisão mexendo aquele panelão de polenta, quase tendo um ataque cardíaco. Pra que isso minha gente?
Faça seu angu de fubá à moda preguiçosa. Você vai precisar de uma xícara de fubá para cada litro de água. É assim: coloque a água para ferver. Em um recipiente misture o fubá com um pouco de água fria. Depois que a água da panela ferver, misture o fubá hidratado e mexa bem, até ficar cremoso. Tampe a panela e deixe cozinhar por 30 minutos, sem mexer.
Depois é só colocar o angu numa tigela e imediatamente virar a panela vazia de boca para baixo, no balcão da cozinha ou da pia. A crosta que se formou vai se soltar com o vapor da própria panela quente. Quando esfriar, é só retirar a casquinha com a ajuda de uma colher. Tem gente que briga por essa raspa crocante.
Só tem um detalhe. Isso não funciona se você usa leite na polenta. Se quiser deixá-la amanteigada ou cremosa, acrescente manteiga ou creme de leite no final do cozimento, um minuto antes de desligar, e mexa bem. Se não, você vai ter que ficar mexendo o angu o tempo todo, para não queimar o fundo, até criar muque. Bem, na falta de academia, pode até ser bom, não é?
Se quiser trocar uma ideia, pedir uma ajuda, mande um e-mail para [email protected] e terei o maior prazer em responder.
 

 
Irma Bicalho é uma das editoras do Curitiba de Graça, jornalista, formada pela PUC-PR, dona de casa, mãe de quatro filhos e tutora de três cachorros e três gatos. Há três anos se formou no curso de Cozinheira do Senac-PR. Desde então tem se dedicado mais a duas de suas grandes paixões: comer e cozinhar.
 

  1. Para mim o milho é o rei terno. Perfeito cozido na água e sal, em pratos salgados, bolos e sobremesas. Ainda bem que temos a safrinha!

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