Coluna Feijão com Arroz: Está aberta a temporada de sopas

Com o inverno chegando, as sopas são ótimas para esquentar as noites frias curitibanas

Arte: Maria Clara Bicalho Patzsch
Arte: Maria Clara Bicalho Patzsch


Por Irma Bicalho

O outono é a minha estação preferida. Céu limpo, azul profundo e sol brilhante, porém frio. Fico pensando que, se esta pandemia tivesse começado no inverno, a estação cinzenta, eu já teria enlouquecido com a quarentena. Vejam, eu moro em Curitiba, a capital mais fria do país. E, às vezes, eu penso que a mais nublada também. Já passei mais de quinze dias sem ver a cor do sol e posso afirmar que é muito depressivo.
Mas, felizmente, temos sol. Apesar de estarmos passando pela estiagem mais violenta das últimas décadas, pela pandemia, pela crise política, pelo fim do mundo, temos sol. Um beijo energético que recebemos na face ao olhar pela janela. Uma mensagem de algum anjo que vem cochichar nos nossos ouvidos: seja forte, a vida vai vencer tudo isso.
E o que essa introdução enorme tem a ver com sopa? Oras, no outono a temperatura fica mais amena – aqui em Curitiba fica gelada mesmo – e a noite pede aquela sopa quentinha, que aquece, hidrata o corpo e nutre sem cobrar caro nem dar trabalho. Suja uma panela só, uma colher, dispensa a faca e o garfo. Pode ser tomada numa cumbuca que além de tudo aquece as mãos. Além de não ser exigente com o que temos na geladeira. Sempre há o que usar, até as coisas mais murchinhas, lá do fundo da gaveta, que quase foram esquecidas.
Aqui em casa, as crianças não são as maiores fãs das caldolentas. Sempre torcem o nariz quando perguntam o que tem para jantar e a resposta é… sopa. Mas eu não ligo muito para isso. Continuo a fazê-las sempre que me dá vontade e obrigo todo mundo a comer. Não estamos em tempo de luxos nem de manhas. Mas tem umas receitas que até os chatinhos gostam. Vou contar quais são aqui.
A primeira é a sopa de lentilha com limão. Uma receita que aprendi com a Rita Lobo, assim como a minha amiga Andréa, lá de Sampa, onde devoramos uma caçarola cheia, em um encontro acalorado de amigos. Foi depois desse encontro que esta sopa ganhou mais significado aqui em casa, com bônus de lembranças carinhosas. Um prato que agrada a gregos e veganos.
A receita original está aqui, mas eu faço assim: refogo, na panela de pressão, duas cebolas picadas em rodelas no azeite ou óleo. Deixo ficar moreninhas, leva uns dez minutos. Coloco sal, louro e cominho. Acrescento 500 g de lentilhas, que ficaram de molho por pelo menos 8 horas e uns cubos de batata e de cenoura, além de um litro e meio de água. Tampo e deixo cozinhar por 15 minutos, após pegar a pressão. Antes de servir, espremo o caldo de um limão e misturo à sopa. Esse é o toque mágico, esse azedinho faz toda a diferença. E é isso, sirvo com pãozinho velho (ou novo), torrado com azeite.
A outra sopa que o povo daqui adora é uma receita inspirada em uma minestra qualquer. Minestra é um tipo de sopa italiana, que leva arroz ou macarrão, um tipo de leguminosa, como feijão, e uma grande variedade de legumes. Eu fazia quando meus filhos ainda eram pequenos e batizei a sopa de Capitão América. É um nome chamativo para as crianças e até hoje é assim que meus amados marmanjos a chamam. É uma sopa forte, substanciosa, que alimenta os heróis, e por isso a batizei assim, apesar de nem gostar muito desse super-herói mauricinho.
Vamos à receita. Refogo no óleo e alho os legumes que tenho, geralmente cenoura ou abóbora em cubos, batata inglesa ou batata doce e cebola. Para dar sabor, uma linguiça calabresa em cubos ou um bom naco de bacon picadinho. Depois de uns cinco minutos, acrescento duas xícaras de feijão cozido e um maço (200 g) de espaguete quebrado ao meio, ou qualquer outro macarrão. Sal, pimenta do reino a gosto e água quente até completar ¾ da panela. Tampo, deixo pegar pressão, quinze minutos de cozimento e pronto. O pãozinho tostado no azeite também acompanha, sempre.
Aqui em casa somos em seis pessoas. Essas receitas, como puderam notar, foram feitas em uma quantidade adequada para esse grupo. Divida ao meio e terá uma quantidade boa para dois gulosos. Se sobrar, você pode congelar em potes de plástico ou deixar na geladeira por até 4 dias, sem problemas. Aqueça muito bem antes de servir novamente.
E você? Tem alguma receita de sopa que queira compartilhar? Manda pra mim pelo e-mail irma@curitibadegraca.com.br. Até a próxima!
 

 
Irma Bicalho é uma das editoras do Curitiba de Graça, jornalista, formada pela PUC-PR, dona de casa, mãe de quatro filhos e tutora de três cachorros e três gatos. Há três anos se formou no curso de Cozinheira do Senac-PR. Desde então tem se dedicado mais a duas de suas grandes paixões: comer e cozinhar.
 

  1. Ai: amo sopa é bom demaisssss. Este texto parece um conto de fadas, e mais a ilustração, tudo maravilhso, parabéns.vou comtribuir com seu acervo, boralá!

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