Cientistas negras brasileiras são homenageadas em novo livro de passatempos do “Meninas e Mulheres nas Ciências”

O livro “Cientistas Negras: Brasileiras – Volume 1” está disponível para download gratuito

Para ajudar a divulgar o protagonismo das cientistas negras brasileiras, professoras e estudantes da UFPR que integram a equipe do Projeto de Extensão “Meninas e Mulheres nas Ciências” lançaram o livro de passatempos “Cientistas Negras: Brasileiras – Volume 1”, disponível gratuitamente para download.
No primeiro volume, são contadas as trajetórias de 14 cientistas negras brasileiras de diferentes campos de conhecimento, por meio de atividades lúdicas, como caça-palavras, palavras cruzadas e desenhos para colorir.
Faça o download gratuito de “Cientistas Negras: Brasileiras – Volume 1” aqui
Segundo a coordenadora do projeto, a professora Camila Silveira, do departamento de Química, a obra é importante para o fortalecimento e reconhecimento de referências intelectuais negras no campo das Ciências. Ela também destaca que as contribuições de cientistas negras são presentes em todas as produções do “Meninas e Mulheres nas Ciências”, mas uma obra com foco exclusivo nessas mulheres é uma ação de reverência e reparação histórica.
Na capa, as nove cientistas ilustradas simbolizam as grandes áreas de conhecimento. Uma delas, é a professora Rita de Cássia dos Anjos, das Ciências Exatas e da Terra, pesquisadora de destaque na Universidade Federal do Paraná. Saiba mais sobre o trabalho dela neste link.
As autoras do livro são majoritariamente negras, o que também colabora com o sentimento de pertencimento, representatividade, autoafirmação, lugar de fala e expressão da intelectualidade dessas mulheres. A professora Claudemira Lopes, do Setor Litoral, considerou o processo de escrita coletiva como uma “experiência maravilhosa” e que o tema mexeu com a sua subjetividade. “Permitiu que eu, uma mulher negra, historicamente silenciada, pudesse, com a minha escrita, estabelecer uma luta simbólica no campo da autoria.”
Jaqueline Ramos, estudante de Química e também autora do livro, conta que sempre soube que era uma mulher negra não só pela cor da pele, traços e cabelos, mas também pelos olhares, comentários e situações racistas das mais diversas. “Sentir-se sozinha em uma ilha de brancos/as no sul do país é uma realidade nociva e que muitas vezes não traz perspectiva de futuro para muitas meninas que não se veem em lugares de poder.”
A estudante explica que a escrita do livro significou nova perspectiva, não só para ela, que vivencia “uma academia branca, europeia e conteudista”, mas principalmente para meninas negras que se sentem como ela já se sentiu. “O mundo é nosso e nós somos a mudança”, reflete.

VEJA TAMBÉM: Roteiros revelam a contribuição cultural do afrodescendente para a formação de Curitiba

Já para Mayara Brasil, estudante de Geologia e outra autora, o livro produzido é um avanço na ampliação de referências positivas sobre as mulheres negras do Brasil por trazer destaque para a produção de cientistas “que são historicamente apagadas dentro do meio acadêmico”.

Aprendizado que também ensina

A produção do livro foi um grande aprendizado pela oportunidade de conhecer mais sobre grandes cientistas negras de acordo com a professora Departamento de Física e autora Alessandra Souza Barbosa.
A professora destaca “as histórias inspiradoras, com sucessos e muita, muita superação”, que reafirmam a dificuldade em ser cientista negra, um lugar de preconceito de gênero e preconceito racial. “Essas questões precisam ser debatidas para que possamos ter no futuro um mundo mais justo para todas e para todos”, afirma.

Novos projetos

Segundo as autoras, o livro impulsiona a Educação para o Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas, com destaque para as temáticas de Saúde e Bem-Estar, Educação de Qualidade, Igualdade de Gênero, Redução da Desigualdades e Paz, Justiça e Instituições Eficazes.
Além da obra, o projeto lançará ainda outros passatempos em formato on-line sobre o tema e ainda estão em produção materiais didáticos analógicos, como livros impressos e jogos. A partir de 2021, escolas e pessoas físicas poderão realizar empréstimos para o trabalho em sala de aula e/ou remoto.
Mais informações sobre as ações e produtos do “Meninas e Mulheres nas Ciências” estão disponíveis no blog meninasemulheresnascienciasufpr.blogspot.com, no Facebook e no Instagram. O e-mail para contato é mulheresnasciencias.ufpr@gmail.com.

Saiba quem são as cientistas da capa do livro
“Cientistas Negras: Brasileiras – Volume 1” e suas áreas de atuação

  • Neusa Santos Souza (Ciências da Saúde)
  • Rita de Cássia dos Anjos (Ciências Exatas e da Terra)
  • Enedina Alves Marques (Engenharias)
  • Katemari Rosa (Multidisciplinar)
  • Simone Maria Evaristo (Ciências Biológicas)
  • Sueli Carneiro (Ciências Humanas)
  • Nilma Bentes (Ciências Agrárias)
  • Luiza Bairros (Ciências Sociais Aplicadas)
  • Conceição Evaristo (Linguística, Letras e Artes)