Atores homenageiam suas mães em solos gratuitos na Alfaiataria

Com as apresentações de Helena de Jorge Portela e Pablito Kucarz, Súbita Companhia encerra temporada e atividades do ano

“Foi Assim que o Oceano Invadiu a Minha Casa”, de Helena de Jorge Portela, é um dos solos apresentados. Foto: Divulgação

As cicatrizes, a dor da perda, o amor. Esses são sentimentos que se revelam nos dois solos com os quais a Súbita Companhia de Teatro encerra a temporada gratuita do Projeto Habitat, na Alfaiataria. Em “Foi Assim que o Oceano Invadiu a Minha Casa”, Helena de Jorge Portela presta sua homenagem aos pais, especialmente à mãe, a atriz Claudete Pereira Jorge, falecida em 2016. Pablito Kucarz, por sua vez, joga suas atenções para as cicatrizes e relações familiares, no solo O Arquipélago.

Kucarz fará apresentações às 20h, entre os dias 28 e 30 de novembro, e às 19h no dia 1º de dezembro. Helena sobe ao palco logo depois dele: às 21h, de quinta a sábado, e às 20h no domingo. Os dois trabalhos trazem a assinatura de Maíra Lour na direção e fazem parte da produção mais recente da Súbita. Composto ao todo por seis solos, cuja dramaturgia partiu de cada ator, o Projeto Habitat já foi apresentado no Festival Internacional de Londrina (FILO) e nas cidades de Maringá e Ponta Grossa.

Para Helena, é impossível falar sobre o solo sem citar os pais, pessoas que sempre viveram para o teatro e que foram sua escola teatral. Claudete Pereira Jorge, atriz paranaense, e o também ator, dramaturgo e diretor Nautilio Bronholo Portela. Ela trabalhou muitas vezes com os dois. O solo, diz, foi um presente que ela ganhou da Súbita. “Foi uma grande oportunidade de falar sobre a minha mãe, depois de passar por uma dor tão grande, que não tem nem como falar dela”, pontua Helena. “Costumo dizer que é um solo de duas, porque ela está em cena comigo, ela criou este espetáculo comigo. Muitas pessoas participaram de alguma forma do processo de criação me disseram que são palavras dela ali… Enfim, é um solo com/sobre/para minha mãe”, diz, acrescentando que “me agarrei tanto nesse solo que me fortalece cada vez que apresento”.

A atriz ressalta também o trabalho de equipe que ajudou a construir o espetáculo. “É uma joia estar em cena com uma equipe maravilhosa dessas”, comenta, destacando a direção de Maíra e o trabalho de movimento com Kátia Drumond. “Posso dizer que, por mais difícil que seja falar sobre isso, em cena me sinto amparada”.

Para O Arquipélago, Kucarz escolheu o caminho das metáforas e nesta busca chegou nas cicatrizes. “Tenho algumas e gosto delas, pois são âncoras para lembrar de passagens importantes”, diz ele, que para contar a história de suas cicatrizes brinca com a ficção. Um flerte com o realismo fantástico também ajuda a distanciar de si mesmo e deixa a imaginação mais fresca para espectador. Kucarz também queria falar sobre a história de sua mãe, que ao acompanha-lo em uma viagem topou o desafio de uma oficina de teatro para mulheres com mais de 65 anos. “Foi movimento muito poderoso e sensacional ver aquelas mulheres contando suas histórias. Ajudei minha mãe no texto dela e isso me inspirou”, comenta. Assim, ele chegou à metáfora da família como um arquipélago, cada um com suas histórias e de alguma forma juntos, mesmo com cisões e embates naturais.

“Vou alinhavando minhas cicatrizes com as de várias pessoas e assim homenageio minha mãe, minha família, os atores, a equipe criativa da Súbita. Vou costurando uma grande rede de marcas e memórias que merecem ser lembradas e celebradas”, conta sobre o processo de criação que se transformou em uma caminhada de cura.

A classificação é 16 anos. A Alfaiataria fica na Rua Riachuelo, 274 – Centro.

Doze anos de Súbita
A temporada com os solos do Projeto Habitat encerra as atividades de 2019, mas as comemorações de aniversário da companhia seguem até 2020, com estreia de espetáculos novo, inclusive. A programação começa com uma temporada em São Paulo, já em janeiro.

Em seus 12 anos, a Súbita realizou 14 espetáculos, quatro cenas curtas, dois curta metragens, mostras, encontros de investigação artística, residências e workshops. A Súbita é: Alexandre Zampier (Conde Baltazar), Cleydson Nascimento, Helena de Jorge Portela, Janaína Matter, Maíra Lour, Michele Menezes, Pablito Kucarz e Victor Schuhli. Mais informações no site www.subitacompanhia.com.br.

SERVIÇO: Temporada de Repertório: Projeto Habitat
Data: 28 de novembro a 1º de dezembro
Horário: a partir das 20h (quinta a sábado) e 19h (domingo)
Local: Alfaiataria | Rua Riachuelo, 274 – Centro
Classificação: 16 anos
Entrada gratuita

 

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