O encontro será acompanhado de um cortejo
no Largo da Ordem na tarde deste sábado
Uma agricultora estudante. Uma mulher indígena. Duas personagens nascidas de histórias de dois bairros curitibanos, Bracatinga e Bairro Alto, viraram bonecas gigantes, com mais de três metros de altura, que se encontrarão pela primeira vez na tarde deste sábado, 18 de maio, no Largo da Ordem. É o Encontro de GigAntes, um cortejo que terá ainda a participação da Banda Escola de Fazenda Rio Grande, com cerca de cem integrantes sob a regência do Maestro Evaldo Ribeiro, além da presença dos estudantes que criaram e construíram os bonecos.
A ação faz parte do projeto “Lugar de Gigantes” da atriz, bonequeira e jornalista Alessandra Flores. Desde abril, ela vem construindo junto com crianças e adultos, em escolas de Curitiba os bonecos gigantes e realizando cortejos nos bairros.
O primeiro cortejo, resultado de três semanas de trabalho, foi no bairro Bracatinga. Lá os estudantes do Centro de Educação Infantil Professor Lauro Esmanhoto e os estudantes do EJA (Educação de Jovens e Adultos) fizeram um passeio pelo bairro, fantasiados e acompanhados da gigante Joana, nome dado à agricultora estudante nascida de histórias do bairro e dos
Em maio, o trabalho está acontecendo na Escola Municipal Araucária, no Bairro Alto. O cortejo local será na tarde desta sexta-feira, 17 de maio, também às 15h.
O processo de criação dos GigAntes
Os personagens são criados à partir de histórias de vida. Primeiro são ouvidas histórias do bairro, das pessoas que vivem ali, lendas e mitos da região. Depois cada um desenha as imagens mais marcantes desses “causos” locais.
O personagem nasce de uma criação coletiva. É um ser composto por diferentes partes dos desenhos, de modo que não haja nenhuma competição e que surja um criatura que de fato represente a todos. Segundo Alessandra Flores, coordenadora do projeto, todo o processo é realizado coletivamente, os participantes são os criadores e construtores de suas próprias criaturas, gigantes de seu próprio lugar.
A matéria-prima utilizada é o vime, muito comum na construção de móveis, Depois de pronta, a estrutura recebe uma camada de papel de seda, cores, adereços e figurinos.
A construção de bonecos gigantes, segundo a coordenadora, foi um divisor de águas em sua carreira. Desde 1999, à partir do trabalho com a companhia inglesa Rise Phoenix, de Londres, em regiões de pós-guerra como o Kosovo, Bósnia e Croácia, além de um projeto piloto na índia, a atriz não parou mais de criar coletivamente imensas criaturas.
A Rise Phoenix, cujo lema era “dar voz às crianças”, promovia a construção de bonecos gigantes para grandes cortejos, além da apresentação e criação de espetáculos teatrais. No Brasil, essa é a terceira edição do projeto Lugar de GigAntes, as duas primeiras foram realizadas em bairros da cidade de Salvador e cidades do Recôncavo Baiano.
Alessandra realiza uma extensa pesquisa sobre teatro de bonecos, tendo convivido com mestres de tradições em teatro de animação no Brasil (Mamulengo), na Índia (Katputli) e na Tailândia (Baan Naang Thalung). A pesquisa de histórias de vida como material para criação também tem sido uma constante no trabalho e na pesquisa acadêmica da artista.
Em Curitiba, o projeto é realizado por meio do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura, da Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba e tem o incentivo das empresas Celepar, Pinho Internacional e Porto Camargo Engenharia.
O cortejo terá início às 15h em frente ao Memorial de Curitiba, no calçadão do Largo da Ordem. A participação no evento é gratuita.