Sobre Rodas: Debandada de luxo

IPI sobre carros importados torna praticamente impossível a comercialização de modelos de luxo no país

Carlos Borio
Depois da Mercedes e da Ford anunciarem o encerramento de suas produções de veículos no Brasil, agora é a Audi que também pode seguir o mesmo caminho. A montadora alemã, que produzia o modelo A3 Sedan na fábrica de São José dos Pinhais, suspendeu a produção em dezembro de 2020. Tudo motivado pela dívida do Governo Federal com a montadora alemã.
Com a criação do programa Inovar-Auto, no final de 2011, o governo brasileiro aumentou em 30% o IPI sobre carros importados, tornando praticamente impossível a comercialização de modelos de luxo no país. A promessa do governo era que as montadoras que se instalassem aqui teriam direito a receber o IPI cobrado a mais.
Audi, Mercedes, Jaguar Land Rover, BMW instalaram suas fábricas no Brasil, mas a economia não deslanchou, o dólar disparou e a importação de peças para as marcas de luxo é muito maior do que das marcas de grandes volumes e isso fez o custo operacional ir nas alturas. E para piorar, o governo não cumpriu sua parte no acordo.
Hoje, a dívida do governo com a Audi está em torno de R$ 290 milhões. Apesar disso, o presidente da montadora no Brasil, Johannes Roscheck, disse que, ao contrário da Mercedes que encerrou de vez as atividades na fábrica de Iracemápolis, a Audi ainda não desistiu do Brasil.
O executivo espera que o governo brasileiro cumpra com sua parte. “É um valor simbólico, mas seria uma sinalização de que o governo está aberto para a negociação. É difícil convencer a matriz a investir num mercado que não tem compromisso”, comentou Roscheck.
Segundo ele, a Audi poderia fazer um grande investimento na fábrica de São José dos Pinhais e produzir um novo modelo, talvez o novo Q3, que é importado da Hungria, mas que já foi produzido aqui na versão anterior. Problema é que esta questão não está entre as prioridades do governo, que tem assuntos mais importantes no momento para resolver. O jeito é esperar e torcer para que mais uma montadora não dê o pé do Brasil.
 

 
Carlos Borio é jornalista com mais de 20 anos de experiência. Trabalhou na Tribuna do Paraná, onde atuou como repórter e editor de esportes, turismo, geral e automóveis
 
 
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