Professor aponta para a necessidade de mudanças na pedagogia e preconceito contra alunos LGBT

Pesquisas do professor e pedagogo Dr. Everton Ribeiro se transformaram em livros e demonstram que é possível alterar padrões que já não funcionam nas escolas

Camile Triska
Renovação no ensino, com uma educação mais crítica e menos preconceitos. Para o Dr. Everton Ribeiro, doutor em Educação com ênfase em Desenvolvimento Humano, pedagogo e professor de Artes Cênicas e do Mestrado em Educação Profissional e Tecnológica do Instituto Federal do Paraná (IFPR), essas são mudanças urgentes e tema de duas pesquisas, que foram publicadas em livros.
Educação preventiva, marcadores sociais da diferença, formação de professores, sexualidade, relações de gênero, LGBTfobia e segurança escolar são os focos das pesquisas do pedagogo. Segundo ele, o bullying contra estudantes LGBT, um dos assuntos dos livros, tem sido alarmante no Brasil e em vários países. “É ainda mais assustador quando a discriminação parte de docentes ou de outros funcionários da escola”, ressalta.
A alteração do modelo de currículo e o formato conteudista das escolas, ou seja, focado apenas na transmissão do conteúdo pelo professor, também são fundamentais, pois não refletem a complexidade da cultura, da sociedade e do mundo, segundo Everton Ribeiro. “Precisamos formar urgentemente profissionais da educação que ‘pensem fora da caixa’. Refletir novos métodos e práticas pedagógicas repletas de complexidade é o caminho para uma educação transformadora”, afirma.

Pesquisas dos livros

“A Segurança Escolar de Estudantes LGBT na Pauta da Formação de Professores: Experiência Estética e Desenvolvimento Humano” (Appris Editora) analisa os resultados de uma pesquisa-ação realizada por meio da experiência do drama como método de ensino para promover debates e tensões relacionadas às sexualidades dos alunos na formação de professores da Educação Infantil ao Ensino Médio.
“O drama, ou process drama, é um método de ensino de teatro no qual o foco é a experiência dramática, a vivência de uma situação que perpassa o real e o ficcional. O método se mostra fecundo para a formação de professores ao passo que aborda um olhar sensível para questões que muitas vezes não nos comove no plano da realidade, como é o caso das violências ocasionadas a pessoas que expressam sexualidades dissidentes”, esclarece o professor.
A pesquisa foi realizada com 17 professoras que atuam na cidade de Jacarezinho, no Paraná, e os resultados mostraram ampliação do olhar delas para a discussão do tema e uma abertura para o acolhimento e visões menos preconceituosas de alunos LGBT.

Já “Para que esse Drama? Pedagogia do Teatro e Transversalidade na Formação de Professores” (Appris Editora) foi a pesquisa de mestrado de Everton Ribeiro, realizada  com 17 estudantes de graduação, a maioria da Licenciatura de Artes, da Universidade Federal do Paraná na cidade litorânea de Matinhos.

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O drama como método de ensino também foi utilizado nessa pesquisa, fazendo uma articulação com os temas transversais: Ética, Saúde, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural, Trabalho e Consumo e Sexualidade. “O drama é o método de ensino que explora o real e o imaginário simultaneamente, por isso proporciona uma experiência ao longo do processo, uma vivência transformadora para os participantes”, salienta Everton Ribeiro.
Os resultados mostraram que os temas transversais podem, de fato, ser incluídos na prática pedagógica sem que a abordagem seja conteudista. “Todos os temas foram citados nos relatos dos participantes, ao final, mesmo que em nenhum momento eles fossem enunciados no processo dramático da pesquisa”, observa o professor.
Os livros “A Segurança Escolar de Estudantes LGBT na Pauta da Formação de Professores: Experiência Estética e Desenvolvimento Humano” e “Para que esse Drama? Pedagogia do Teatro e Transversalidade na Formação de Professores” estão à venda no site da Appris Editora.
 
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