O documentário, que será exibido no Museu Paranaense, revela as pinturas rupestres no oeste baiano
O Museu Paranaense apresenta nesta sexta-feira, 8 de junho, o documentário que revela as pinturas rupestres no oeste baiano. O Sítio Arqueológico Gruta das Pedras Brilhantes, em São Desidério, é o tema desse primeiro episódio da série televisiva documental “O lugar antes de mim”, que fomenta a valorização do Patrimônio Material Brasileiro por meio da linguagem audiovisual. O filme tem direção da paranaense Karla Nascimento e será exibido no Auditório Loureiro Fernandes, às 19h. A entrada é gratuita.
O episódio “Gruta das Pedras Brilhantes” tem como fio condutor depoimentos de pesquisadores que partem do papel da arqueologia na compreensão da sociedade, avançam pelos tipos de sítios comuns no oeste baiano e chegam à caracterização do sítio em foco no documentário, que tem o apoio da Secretaria de Estado da Cultura e do Fundo de Cultura da Bahia; e do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC).
Os entrevistados percorreram outros sítios da região e consideram que a Gruta das Pedras Brilhantes serve como uma espécie de guia para um entendimento regional. “Nossa hipótese é que a gente possa comparar todos com essa gruta, pela sua concentração de elementos da arqueologia, tanto da pintura quanto do material lítico”, diz a mestre em Arqueologia Fernanda Libório, professora da Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob).
Foi durante o acompanhamento das pesquisas desenvolvidas por Fernanda, junto com estudantes de Barreiras, que a diretora se convenceu que era necessário registrar e divulgar a magnitude do local.
Batizada devido à presença de pedras brilhantes, a gruta intriga os arqueólogos, que ainda não entraram em consenso sobre essa característica. O doutor em Arqueologia, Luydy Fernandes, professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), diz que o brilho tem três origens possíveis: reação química natural, ação humana ou uma combinação dos dois elementos. Ele diz que quando alguma intervenção humana remove o brilho, ele volta a surgir, o que reforça a ideia da origem natural.
Além das pedras que brilham, o documentário mostra estalactites, estalagmites e coraloides, sempre explicando seus processos de formação. “Menos conhecidos, os coraloides são pequenas deposições ao longo da parede, como se a rocha estivesse suando água”, explica o geólogo e paleontólogo Leonardo Morato.
Com uso de uma tecnologia especial, a produção revela cores intensas nas pinturas rupestres encontradas no Sítio Arqueológico Seu Camé. “O olho humano é extremamente limitado para a percepção das representações rupestres”, afirma o doutor em Arqueologia Carlos Costa, professor da UFRB. Em tons de amarelo e vermelho, além de preto, os pigmentos identificados são de óxido de ferro, óxido de manganês, caulinitas e carvão.
Interessada em alcançar também o público leigo em arqueologia, a diretora usa uma linguagem acessível e dá voz ao conhecimento popular, trazendo entrevistas de um guia local e um antigo morador. “Espero que a série colabore para a conscientização dos espectadores sobre a história não oficial, diferente da eurocêntrica que nos é apresentada”, diz Karla. Na sua opinião, “a construção da memória é imprescindível para a formação da identidade pessoal e coletiva”.
SERVIÇO: Lançamento do documentário “O lugar antes de mim”
Data: 8 de junho
Horário: 19h
Local: Museu Paranaense – Auditório Loureiro Fernandes – Rua Kellers, 289 – São Francisco
Mais informações pelo telefone (41) 3304-3300 ou no site www.museuparanaense.pr.gov.br