O Cineclube Aurora terá sessões quinzenais com produções de cineastas paranaenses
Nesta próxima quinta-feira, 11 de julho, às 19h, o Museu da Imagem e do Som do Paraná (MIS-PR) lança o Aurora – cineclube de cinema paranaense, cujo primeiro ciclo será dedicado ao cineasta Fernando Severo, que em 2019 completa 40 anos de carreira. A entrada é gratuita.
Principal expoente da geração do Super-8, Severo começou a rodar filmes entre o fim da década de 1970 e o começo dos anos 1980, no Paraná. Esse primeiro conjunto de títulos em Super-8, entre eles o filme de estreia “Hu” (1979), será apresentado em sua bitola original, assim como seus primeiros trabalhos em vídeo, na primeira sessão do ciclo.
A segunda sessão acontecerá no dia 25 de julho, excepcionalmente, na Cinemateca de Curitiba, em parceria com o MIS, composta por filmes em 35mm do diretor Fernando Severo, nascido em Caçador, Santa Catarina, mas criado no Paraná. Rodados entre o começo dos anos 2000 e 2010, os filmes, como “Os Desertos Dias” e “Visionários”, representam o ponto de maturidade da carreira do diretor. Será uma oportunidade rara para ver estas obras projetadas em seu formato original, em película 35mm.
Na terceira sessão do ciclo, no dia 8 de agosto, será exibido um dos mais premiados e celebrados filmes da carreira do diretor: “O Mundo Perdido de Kozák” (1988), que retrata a obra do documentarista Vladmir Kozák, premiado como melhor filme no XXI Festival de Cinema de Brasília e vencedor de outros 16 prêmios nacionais. A sessão também exibirá outros filmes que investigam uma poética cinematográfica do retrato, como “O Poeta do Castelo”, de Joaquim Pedro de Andrade, e “Retrato de Maria Callas”, de Werner Schroeter.
A sessão surpresa do Cineclube Aurora, chamada de Carta Branca, que acontecerá no dia 22 de agosto, é um convite ao acaso para o espectador e apresentará um filme programado e comentado por Severo, que só será revelado na hora de sua apresentação.
O novo cineclube terá sessões quinzenais, sempre às quintas-feiras, das 19h às 22h, no miniauditório do MIS. A programação, a exemplo do ciclo dedicado a Severo, será composta por quatro sessões, que incluirão obras de diversos autores, propostas pela curadoria, e um filme selecionado pelo próprio cineasta – todos sempre pensados na relação que mantêm entre si.
A diretora do Museu e também uma das curadoras do cineclube, Cristiane Senn, diz que o Aurora nasce com a missão de promover, difundir e incentivar o debate em torno da produção audiovisual de curta e longa-metragem realizada no Estado, fomentando um espaço de pensamento de cinema a partir de realizadores e profissionais do audiovisual paranaense, desde os pioneiros até os contemporâneos.
Os outros curadores são os cineastas Thomas van Osten e William Biaglioli, para quem o cinema paranaense é riquíssimo, com uma produção muito relevante, mas ainda pouco conhecida do grande público.
Confira a programação completa do ciclo Fernando Severo no Cineclube Aurora
11 de julho| 19h
Filmes em Super 8 e vídeo
Filmes exibidos: Aluminosa Espera do Apocalipse (10 minutos) – HU (2m40) – Jardins Suspensos (10m) – Visões Secretas (15m) – Escura Maravilha (9m) – Fred Histérico (1m) – Instruções para subir uma escada (5m20)
Local: Museu da Imagem e do Som do Paraná – Rua Barão do Rio Branco, 395 – Centro
25 de julho | 19h
Filmes em 35 mm
Filmes exibidos: Século XX: Primeiros Tempos (17m) – Os Desertos Dias (17m) – Visionários (15m) – Paisagem de Meninos (25m)
Local:Cinemateca de Curitiba – Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174 – São Francisco
8 de agosto | 19h
Kozák e outros retratos
Filmes exibidos: Introdução ao Acompanhamento Musical de Arnold Schoenberg a Uma Sequência Cinematográfica, de Danièle Huillet & Jean-Marie Straub (16m) – Maria Callas Porträt, de Werner Schroeter (13m) – O Mundo Perdido de Kozák, de Fernando Severo (15m) – Di Cavalcanti, de Glauber Rocha (15m) O Poeta do Castelo, de Joaquim Pedro de Andrade (12m)
Local: Museu da Imagem e do Som do Paraná – Rua Barão do Rio Branco, 395 – Centro
22 de agosto | 19h
Carta Branca
Filme proposto e comentado pelo cineasta Fernando Severo. O título será revelado apenas no dia e horário da exibição.
Local: Museu da Imagem e do Som do Paraná – Rua Barão do Rio Branco, 395 – Centro
Saiba mais sobre o cineasta Fernando Severo
Natural de Caçador (SC) e criado em Clevelândia (PR), Severo, que já foi diretor do MIS-PR, realizou a maior parte dos seus filmes no Paraná, desde 1979 até os dias de hoje. Trabalhou com diversas bitolas, tendo sido um dos mais importantes realizadores de cinema Super-8 do Estado, reconhecido no Brasil e internacionalmente.
De sua obra em Super-8, destaca-se “Aluminosa espera do apocalipse” (1979), exibido este ano no Festival de Cinema de Ouro Preto, promovido em conjunto com Ruy Vezzaro e Peter Lorenzo, filme feito pela ótica da loucura de um homem que constrói uma cidade destinada a repovoar o mundo depois do apocalipse; ou “Hu” (1979), também Super-8, considerado o primeiro filme experimental feito no Paraná.
Em 16mm, Severo fez “O Mundo Perdido de Kozak”, sobre a vida e a obra de Vladimir Kozák, tcheco naturalizado brasileiro que morou em Curitiba por mais de 40 anos, filmando aspectos urbanos e rurais do Brasil, notadamente indígenas no interior do Estado.
Em 35mm, Severo fez curtas-metragens de grande qualidade que foram pouco vistos pelo público local: por exemplo, “Século XX: Primeiros Tempos” (1993), curta-metragem para a série Panorama Histórico Brasileiro, produzida pelo Itaú Cultural; ou “Visionários” (2002), documentário poético com trilha sonora de Harry Crowl, que retoma o tema de “Aluminosa” e registra os últimos vestígios de dois santuários construídos no Norte do Paraná por pequenos agricultores, nos anos 1960 e 1970, inspirados por visões místicas; ou ainda “Os Desertos Dias” (1991), ficção sobre um militante político latino-americano que se refugia no litoral do Paraná, onde vive na constante expectativa de ser descoberto e eliminado.
O filme tem roteiro escrito a seis mãos, com José Rubens Siqueira e Valêncio Xavier, multiartista radicado no Paraná que, além de Diretor do MIS-PR, também foi criador da Cinemateca de Curitiba.
Com multiplicidade e inventividade ímpares, dialogando fortemente com o curta-metragem brasileiro e novos cinemas do mundo todo, como a Nouvelle Vague e o Cinema Novo Alemão, Severo participou de uma época profícua de crítica e de produção de cinema no Paraná, e ajudou a pavimentar o cenário de produção audiovisual local, seja no documentário, na ficção, no cinema experimental, em Super-8, 16mm, 35mm, vídeo, Umatic e digital.