A professora Gracita Gruber Marcondes ajudou a deixar registrada, em seus livros, a história da cidade de Guarapuava
Por Alexandra F. M. Ribeiro e Alboni M. D. P. Vieira
Gracita Amaral Gruber nasceu no dia 21 de abril de 1924 em Irati, Paraná, filha de Alcides Gruber e de Olympia Amaral Gruber. É a terceira filha de onze irmãos. Após seu casamento como Norberto Marcondes, passou a chamar-se Gracita Gruber Marcondes.
Seus pais eram naturais de Curitiba, tendo ido residir, após se casarem, em Itapará, colônia de imigrantes poloneses e ucranianos localizada em Irati. Alcides era comerciante e exportador de erva-mate e Olympia professora normalista, formada na segunda turma da Escola Normal de Curitiba. Durante a grave crise de 1930, porém, a família passou por dificuldades financeiras e sofreu perseguição política, o que provocou sua mudança para Irati, no início de 1935.
Gracita docente
Gracita iniciou sua carreira profissional como professora auxiliar, em maio de 1938, em uma escola localizada na periferia de Irati. Estava com 14 anos de idade, mas, devido à escassez de professores, a Prefeitura Municipal decidira nomear alguns alunos que estavam realizando o curso complementar para professores, mesmo em desacordo com a maioridade exigida pelo governo do Estado do Paraná. Mais tarde, em 24 de julho de 1941, foi nomeada pelo interventor Manoel Ribas para trabalhar no Grupo Escolar da cidade de Pitanga, que havia sido inaugurado naquele ano.
Em 1950, Gracita formou-se professora, na Escola Normal Secundária de Irati. Transferindo-se para Guarapuava, passou a lecionar na Escola de Aplicação Visconde de Guarapuava, tendo trabalhado nas terceiras e quartas séries primárias. Em 1951, foi nomeada professora de História Geral e História do Brasil no Ginásio Estadual Manoel Ribas. Posteriormente, realizou concurso para a disciplina de Fundamentos da Educação, sendo nomeada para a Escola Normal Professor Amarílio, em Guarapuava, onde trabalhou de 1961 até sua aposentadoria.
Gracita realizou sua formação superior em História, na Fundação Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Guarapuava, atual Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO. Fez cursos de especialização em História Socio-Econômica Geral e do Brasil e em Metodologia do Ensino Superior. A partir de 1980, foi professora de História na UNICENTRO, instituição na qual lecionou até aos 70 anos de idade, em 1994.
Gracita historiadora
Em entrevista concedida a Edenir Pacheco, em 2016, Gracita conta que se descobriu historiadora no ambiente escolar. Disse ela “[…] estava ministrando uma aula de história, há mais de 50 anos, quando uma aluna me fez uma pergunta: ‘por que a cidade se chama Guarapuava?’” (PACHECO; VIEIRA, 2016, p.246). Como não sabia a resposta, foi pesquisar para responder à aluna e, a partir daquele momento, interessou-se cada vez mais por questões históricas, dando início à sua trajetória como pesquisadora e autora de vários livros.
Entre suas obras estão: “A expansão campeira e a integração de Guarapuava ao comércio de gado sulino” (1983), “A Igreja Católica em Guarapuava, antes e após a criação da Diocese” (1987), “Guarapuava: história de luta e trabalho” (1998), além de sua obra magna “200 anos de uma caminhada histórica: 1810-2010” (2010), com 37 capítulos e 665 páginas.
Por seu trabalho em prol de Guarapuava, recebeu diversos títulos e homenagens: “Cidadã Honorária de Guarapuava”, em 1986; “Professor Emérito da UNICENTRO”, em 1988; e “Escritora guarapuavana”, em 2005; entre outros.
Até os 95 anos, a professora Gracita deu sequências às suas atividades, proferindo palestras e participando de seminários, debates e conferências.
Para saber mais
- MARCONDES, Gracita Gruber. 200 anos de uma caminhada histórica (1810-2010). Guarapuava: O Autor, 2010.
- PACHECO, Edenir; VIEIRA, Alboni Marisa Dudeque Pianovski. Buscando significado nas experiências vividas pela professora Gracita Gruber Marcondes. Revista Pedagógica, Chapecó, v. 18, n. 38, p. 239-254, maio/ago. 2016.
Agradecimentos à Academia de Letras, Artes e Ciências de Guarapuava
e à Edenir Pacheco, que nos motivou a conhecer a história da professora Gracita.