MON realiza a primeira exposição no Sul do Brasil do artista plástico chinês Ai Weiwei

Mostra do artista no Brasil traz obras históricas nascidas de sua imersão pela cultura no país

MON recebe a primeira exposição do artista Ai Weiwei no Brasil. Foto: Peter Macdiarmid/Getty Images

Está em cartaz no Museu Oscar Niemeyer (MON) a exposição Ai Weiwei Raiz, a primeira exibição do artista plástico Ai Weiwei no Sul do Brasil. A mostra já passou por São Paulo e Belo Horizonte e é a maior já realizada por ele. Com projeto desenvolvido e curado por Marcello Dantas, será apresentada a história desse artista por meio de seus mais icônicos trabalhos, além de obras inéditas nascidas de uma imersão profunda pelo Brasil e suas tradições.

“O MON nos traz um dos maiores e mais profícuos artistas da atualidade. Com suas obras, Ai Weiwei nos fala de temas atuais, com abordagens contundentes. A exposição nos apresenta o artista contemporâneo e desafiador e o MON cumpre com excelência o papel de provocar os pensamentos, de forma múltipla”, afirma o secretário de Estado da Comunicação Social e da Cultura, Hudson José.

A mostra apresentada no MON reúne mais de 40 obras e 15 vídeos em  seu principal espaço expositivo, o “Olho”. “O fato de acontecer no espaço do Olho do MON, local mais fotogênico de Curitiba, torna a exposição única e ainda mais grandiosa”, diz Juliana Vosnika, diretora-presidente do museu.

Artista destaca questões sociais e humanas em suas obras
Um dos principais nomes da cena contemporânea mundial, Ai Weiwei deixou seu país de origem em 2015 e se destaca no cenário internacional pelo interesse que demonstra por questões sociais e humanas, como a crise global de refugiados e a luta pela liberdade de expressão. Alguns de seus trabalhos mais conhecidos são grandes instalações que muitas vezes tensionam o mundo contemporâneo e os modos tradicionais chineses de pensamento e produção, como sua obra-prima Dropping a Han Dynasty Urn (Deixando cair uma urna da dinastia Han), que mostra o jovem artista derrubando intencionalmente uma urna cerimonial de cerca de 2 mil anos, da Dinastia Han, período da história da civilização chinesa. A ação subversiva e transformadora foi captada e transformada em três imagens que vêm sendo expostas em mostras por todo o mundo. No Brasil, a versão da obra poderá ser vista em peças de Lego.

Outras obras históricas conhecidas mundialmente também estão expostas, como a Sunflower Seeds (Sementes de girassol), trabalho composto por milhões de “sementes de girassol” de porcelana pintadas à mão por artesãos chineses, levantando a questão da produção em massa e perda da individualidade; Forever Bicycles (Bicicletas Forever) é uma obra de caráter arquitetônico que utiliza bicicletas como blocos de construção, fazendo também alusão à multiplicação e repetição. O nome da instalação é inspirado na famosa marca chinesa de bicicletas, Forever, bastante comum durante a infância do artista, quando este era o principal meio de transporte na China; e Moon Chest (Cofre de lua), uma série de baús feitos em madeira com aberturas em círculos que apresentam as quatro fases da lua aos visitantes que atravessam a instalação.

Já a imersão pelo Brasil contou com a consultoria da designer Paula Dib, que colocou o artista em contato com comunidades, artesãos, manifestações culturais e recursos regionais até então desconhecidos por ele, resultando em trabalhos inéditos, feitos com madeira, sementes, cerâmica, raízes e couro. Ai Weiwei se propôs a desvendar e absorver a cultura local e moldar objetos que representam a biodiversidade, a paisagem humana e a criatividade brasileira. Como na série Sete raízes, na qual o artista utilizou uma técnica de carpintaria chinesa e, junto a carpinteiros brasileiros, produziu sete esculturas feitas com raízes e partes de árvores nativas, encontradas desenterradas na região de Trancoso, na Bahia. Duas dessas estarão expostas no MON. Na mesma região foi descoberta uma árvore de pequi com cerca de 31 metros de altura e mais de mil anos, que foi moldada in loco para ser fundida em ferro. O processo pode ser visto no documentário Uma Árvore, que acompanha também um modelo em 3D do pequi, em escala menor.

Entre os destaques está também um conjunto de trabalhos em madeira, esculpidos à maneira dos ex-votos remontando a iconografia do artista, os quais foram feitos em colaboração com artesãos de Juazeiro do Norte (CE). Outra colaboração com artesãos locais são os moldes de quatro elementos tipicamente brasileiros, desenvolvidos por um ateliê de cerâmica em São Paulo, cujas iniciais dos nomes constroem a palavra FODA: Fruta do Conde, Ostra, Dendê e Abacaxi. Obras feitas com couro, o alfabeto armorial de Ariano Suassuna, além de uma instalação que inclui um molde em gesso do corpo do próprio artista também integram a mostra.

Realizada pelo MON, a exposição conta com a  apresentação da Copel, viabilização do Governo do Paraná e é coproduzida com as fundações Proa (de Buenos Aires, Argentina) e CorpArtes (de Santiago, Chile), que receberam a mostra em formato menor, também com curadoria de Marcello Dantas, “Ai Weiwei Raiz” tem colaboração da Lisson Gallery e apoio de neugerriemschneider e Galleria Continua.

A mostra Ai Weiwei Raiz fica em cartaz até o dia 28 de julho. O horário do museu é das 10h às 18h, de terça a domingo. A entrada  custa R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Crianças com menos de 12 anos e idosos com mais de 60 anos não pagam ingresso. Nas quartas-feiras, a entrada é gratuita para todo o público. O endereço é Rua Marechal Hermes, 999 – Centro Cívico. Mais informações no site www.museuoscarniemeyer.org.br.