Memorial Paranista é inaugurado no São Lourenço, mas visitas deverão ser agendadas

Cem obras de João Turin e diversos espaços culturais fazem parte do novo Memorial Paranista

ATUALIZAÇÃO: Devido ao decreto municipal 940/2021, os espaços culturais terão suas atividades presenciais suspensas até o dia 9 de junho
Camile Triska, com Secretaria Municipal de Comunicação Social
Nesta sexta-feira (14/05), a prefeitura de Curitiba inaugurou oficialmente o Memorial Paranista, um complexo cultural de 6 mil metros quadrados no Parque São Lourenço que conta com uma coleção de obras do escultor paranaense João Turin.
A entrega simbólica das obras foi feita em 19 de dezembro de 2020 e marcou os 167 anos de Emancipação Política do Paraná. Agora, a abertura oficial marca os 328 anos de Curitiba, celebrados em março.
A partir deste sábado (15/05), a população poderá realizar o agendamento para visitação gratuita pelo site www.curitiba.pr.gov.br/memorialparanista. Devido à pandemia, a quantidade de público é limitada. Uma pessoa pode agendar para, no máximo, quatro visitantes e cada visita comporta 50 pessoas, sendo 30 vagas reservadas para agendamentos individuais e 20 vagas para grupos turísticos ou escolares. As visitas acontecem de hora em hora: de terça a sexta-feira, às 10h, 11h, 12h, 14h, 15h, 16h e 17h, e aos sábados, além desses horários, também às 13h.
O Jardim das Esculturas, que fica em espaço aberto, pode ser visitado durante o horário de abertura do parque, das 6h às 18h, de segunda a sábado.
Já para quem ainda não se sente à vontade em sair de casa durante a pandemia do novo coronavírus, a prefeitura está finalizando um filme que estará, em breve, disponível no site do Memorial Paranista. O público poderá percorrer o Memorial Paranista e conferir como ficou a revitalização do Parque São Lourenço.

Obras de João Turin

O Memorial Paranista, construído no espaço do antigo Centro de Criatividade, é constituído pelo Jardim das Esculturas e por três edificações interligadas por uma galeria com cobertura de vidro. De um lado estão os acessos para o Teatro Cleon Jacques e para as duas salas de exposições, e de outro, o novo Ateliê de Esculturas, o Liceu das Artes e a loja #CuritibaSuaLinda, com produtos de artistas, designers e artesãos curitibanos.
Numa próxima e última etapa, será reformado o prédio do antigo ateliê de esculturas para abrigar a Casa da Leitura Augusto Stresser e uma cafeteria.

Jardim das Esculturas tem 13 obras de João Turin. Foto: Lucilia Guimarães/SMCS

O Jardim das Esculturas, na parte externa, é composto de um jardim com elementos paranistas, fontes de água e 13 obras de proporções heroicas do acervo de João Turin: Índio Guairacá II, Marumbi, Índio Guairacá I, Onça Brincando com Filhote, Onças Brincando, Onça Espreita II, Fundação de Curitiba, Onça Espreita I, Onça Descansando, Onça e Tartaruga, Casa Indígena, Autorretrato e As Quatro Estações.

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Todas as peças são feitas de bronze, sendo que a maior delas é a “Marumbi”, com 3 metros de altura, quase 3 metros de largura, um metro de profundidade e aproximadamente 700 kg. Essa peça está estrategicamente instalada, a partir de uma perspectiva da galeria, em frente às fontes de água e ao portal representativo da arquitetura paranista.
Na área interna, os espaços foram organizados para apresentar a arte escultórica e suas técnicas. Duas grandes portas de aço e vidro com elementos paranistas se abrem para uma galeria onde estão dispostos lado a lado 42 baixos-relevos com temas indígenas e retratos dos amigos de Turin – os artistas Theodoro de Bona, Alfredo Andersen, Zaco Paraná, o escritor Dario Vellozo, entre outros que também representam o movimento artístico do início do século 20.

Todas as peças são feitas de bronze, sendo que a maior delas é a “Marumbi”. Foto: Lucilia Guimarães/SMCS

A galeria dá acesso às salas de exposições onde estão dispostas as demais obras. Neste espaço foi concebida a Capela Paranista, um memorial em homenagem às vítimas de covid-19, onde estão as obras Pietá e Caridade.
Nas salas de exposição estão duas das mais importantes obras Turin, Homem Pinheiro e Pedagogia, entre outras esculturas que integram o acervo, painéis com textos sobre a trajetória de Turin, reprodução de desenhos, uma réplica em resina do busto de Turin, de autoria de Erbo Stenzel, e vídeos mostrando as diferentes fases do artista.
São 78 obras doadas ao estado do Paraná pela Família Lago (detentora dos direitos autorais de João Turin) e cedidas em comodato para o município de Curitiba: 12 obras adquiridas pela prefeitura junto aos detentores dos direitos autorais do artista; três obras doadas para o município de Curitiba pela Canal Marketing Associados Ltda, por meio da Lei de Incentivo à Cultura do governo federal, com o apoio da Copel; três obras cedidas em comodato pela Família Lago; e quatro obras que já pertenciam ao acervo da Fundação Cultural de Curitiba, totalizando 100 esculturas, bustos e baixos-relevos em bronze.

Artes e teatro

O Memorial Paranista ganhou um moderno Ateliê de Esculturas e a Fundição Turin, com fornos e equipamentos para fundição também doados pelo ateliê Turin, de propriedade da Família Lago. O ateliê do Memorial Paranista é equipado com fornos para derretimento do bronze, moldes para cera, máquinas de solda plasma, cabine de jato e um pórtico móvel para carregamento de obras de grandes dimensões.

Galeria que dá acesso às salas de exposições do Memorial Paranista. Foto: Lucilia Guimarães/SMCS

Já uma das grandes salas do Memorial Paranista abrigará o Liceu das Artes, voltado à formação artística com ênfase em técnicas de cerâmica, escultura em pedra, vidro e madeira. A proposta é que o espaço seja local de cursos e de intercâmbio com artistas nacionais e internacionais, e seja utilizado para ações de arte educação.
O Teatro Cleon Jacques também ganhou destaque, com reformas que garantem melhores condições técnicas para as encenações. Foram instalados novos equipamentos de som e iluminação e o teatro ficou mais versátil, tendo também uma função multiuso, podendo receber diversas performances de teatro, música e dança, lançamentos de livros, atos municipais, entre outras atividades e eventos.

Tecnologia e acessibilidade

Todas as obras do Memorial Paranista tem identificação por QR Code (o código lido pelas câmeras dos smartphones) e Braille (sistema de escrita para cegos), para que o público possa se informar ainda sobre os trabalhos do escultor João Turin que estão expostos no espaço.
Além disso, em breve, os visitantes que não podem ver ou têm baixa visão também contarão com um audioguia. O recurso oferecerá a descrição detalhada e individualizada dos diversos ambientes do Memorial e dos trabalhos artísticos instalados em cada um deles.

O que foi o Movimento Paranista?

João Turin, idealizador e expoente do Paranismo.
Foto: Arquivo

Entre as décadas de 1920 e 30, artistas, intelectuais e literatos se uniram para criar uma identidade regional que incentivasse o sentimento de pertencimento, o que era ser um paranaense e quais eram os elementos do estado.
Com um olhar voltado mais para a natureza surgiram os símbolos paranistas, que permanecem em nosso imaginário e cotidiano: a araucária e o pinhão, principalmente, mas a gralha-azul e a erva-mate também são alguns exemplos.
Um dos principais artistas do movimento foi João Turin, que também é considerado um dos mais expressivos do estado, já que ajudou a levar a arte paranaense para todo o mundo. Neste artigo especial da série Curitiba é Arte, você encontra mais informações sobre o paranismo.
 
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