Livro investiga a história da comunidade negra curitibana

“Os nomes da placa” resgata a história de personalidades cujo nomes estão inscritos em monumento na praça Santos Andrade

Em situação de contraste à magnitude do Memorial da Imigração Polonesa, do Memorial Ucraniano e até mesmo do Bosque do Alemão, a população negra curitibana é homenageada pelo urbanismo de Curitiba com apenas uma placa de bronze. Em comemoração aos 100 anos da abolição da escravatura no Brasil, em 1988, foi inaugurada na praça Santos Andrade uma placa contendo o nome de 68 personalidades de destaque na comunidade negra Curitibana. No entanto, a homenagem tímida passa praticamente despercebida pelas agências de turismo, pelo poder público e até mesmo pela população da cidade.

Para além das problemáticas que envolvem a simplicidade da placa de bronze, outro questionamento acerca do monumento vem à tona: de quem são os nomes escritos? Essa é a dúvida que o livro “Os nomes da placa: a história e as histórias do monumento à Colônia Afro-brasileira de Curitiba”, lançado no dia 13 de maio deste ano, data que marca o 120º aniversário da Lei Áurea, busca responder.
Organizado por Andrea Kominek, doutora em Sociologia pela Universidade de Salamanca (Espanha) e professora do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade (PPGTE) da UTFPR, Ana Crhistina Vanali, doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Celso Fernando Claro de Oliveira, doutor em História pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a obra tem como objetivo justamente resgatar por meio de breves biografias essas existências mal lembradas pela história da cidade, mas que ainda circulavam entre seus familiares e demais coletivos e organizações da cultura negra curitibana.
“Esse trabalho foi iniciado em 2015 e contou com a colaboração de muitas mãos. Esse primeiro volume é o resgate histórico desses nomes presentes no monumento da Praça Santos Andrade. Foram cinco anos de caminhada. Descobrir um pouquinho da contribuição do elemento negro para a construção da sociedade paranaense, sobretudo da curitibana. Após 33 anos depois da instalação do monumento, mais uma vez homenageando essas pessoas”, afirma uma das organizadoras do livro, Ana Crhistina Vanali.

Andrea Kominek e Iyagunã Dalzira, uma das personalidades homenageadas pelo livro. Foto: Divulgação

Depois anos de investigação em busca pelas histórias das personalidades homenageadas, a quantidade de informações obtida durante as entrevistas com os nomes e descendentes dos nomes da placa possibilitou que a pesquisa se estendesse para a história de associações e coletivos da população negra curitibana, como o Grupo de União e Consciência Negra (GRUCON), Associação Cultural de Negritude e Ação Popular (ACNAP), Associação Cultural Afro-brasileira e o Centro de Integração Social, Cultural, Comercial e Turístico Afro-brasileiro. Essas e outras organizações e suas relações com a história da cultura e do movimento negro curitibano foram o objeto de estudo da obra por meio da sequência “Para além da placa: outras histórias da negritude em Curitiba”, publicada no ano passado.

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A obra também aborda outras personalidades, como os ícones da musicalidade curitibana: Palminor Rodrigues Ferreira, o Lápis, e Waltel Branco, além de João Pamphilo d´Assunpção – um dos fundadores da UFPR, do Instituto dos Advogados do Paraná e da Academia Paranaense de Letras, que também se destaca por ter sido o primeiro presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção do Paraná e por ter presidido o Centro de Letras do Paraná.
O livro “Os nomes das placas” está disponível gratuitamente AQUI. “Para além da placa: outras histórias da negritude em Curitiba” também pode ser baixado de graça AQUI.
 
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