Litercultura 2019 discute o tema “fronteiras” reunindo autores de quatro países

Festival Literário será entre os dias 12 e 16 de agosto, na Capela Santa Maria. Os ingressos são gratuitos e serão distribuídos no dia de cada apresentação

Foto: Gilson Camargo

Seguindo a proposta original de refletir as questões contemporâneas sob diferentes óticas, o Litercultura – Festival Literário 2019 chega a sua sétima edição entre os dias 12 e 16 de agosto, na Capela Santa Maria. Face ao aumento sem precedentes no número de refugiados em todo o mundo e todas as questões políticas, sociais e humanas envolvidas, o festival deste ano propõe como tema “fronteiras”, reunindo literatura feita em diversos países e contextos. Além dos cinco painéis com autores de quatro nacionalidades, o evento estende sua dinâmica para uma programação integrada relativa ao tema, que inicia todos os dias às 18h com venda de livros, gastronomia étnica e apresentações de música, poesia, performance e mostra de cinema.

Para compor um mosaico possível da literatura contemporânea diante das questões que surgem com o atual movimento de imigração, foram convidados a escritora e jornalista atuante na editoria internacional Patrícia Campos Mello; o escritor colombiano Juan Cárdenas; o romancista brasileiro Bernardo Carvalho; o roteirista e escritor cubano Leonardo Padura e a escritora e jornalista italiana, de família de imigrantes somali, Igiaba Scego. Expoentes da palavra que se apresentarão no palco principal da Capela Santa Maria, sempre a partir das 20h.

Dinâmica e livro
Com curadoria do jornalista e crítico Manuel da Costa Pinto e direção-geral de Manoela Leão (Gusto Produção Cultural), o Litercultura 2019 mantém o firme propósito de refletir temas contemporâneos tanto na literatura quanto na cultura de modo mais amplo. “Fronteiras é um tema muito extenso que vai desde as questões geopolíticas atuais até as mais pessoais e simbólicas – humanas, psicológicas, emocionais etc. A nossa ideia não é esgotar o assunto e sim contribuir para a formação de uma consciência coletiva e, claro, pessoal, que inclui empatia, pensamento crítico, analítico e solidariedade”, afirma Manoela Leão, uma das idealizadoras do festival.

Os autores falarão ao público a partir de um texto autoral produzido por eles, por meio do qual discutirão seus pontos de vista específicos sobre o tema das fronteiras. Todos os textos, de formatos diversos – ensaio, depoimento, texto ficcional – serão reunidos em livro, a ser publicado pela Editora Dublinense ainda em 2019. As conferências serão mediadas por jornalistas e professores de reconhecida inserção no tema e na obra dos autores.

Já a programação integrada é a oportunidade de o público ter contato com outras manifestações artísticas que provocam, instigam e ajudam a refletir sobre as diferenças culturais, muitas surgidas em decorrência do refúgio, como o Trio Alma Síria, cujos integrantes vieram de Alepo e as leituras dos integrantes do Programa Política Migratória e Universidade Brasileira da UFPR. O gran finale desta programação fica por conta do já consagrado e provocador André Abujamra, que nos lembra, com sua música, que “Alma não tem cor”.

Os ingressos são gratuitos e serão distribuídos no dia de cada apresentação, a partir das 18h. A Capela Santa Maria fica na Rua Conselheiro Laurindo, 273 – Centro. Mais informações no site www.litercultura.com.br, página do Facebook ou Instragram.

Confira a programação completa do Litercultura 2019

Conferências – sempre às 20h

  • 12 de agosto – Patrícia Campos Mello (Brasil)
    É formada em jornalismo pela USP e mestre em Business and Economic Reporting pela New York University. Foi correspondente em Washington do jornal O Estado de S. Paulo e atualmente é repórter especial e colunista da Folha de S. Paulo. É autora de Lua de Mel em Kobane e vencedora de diversos prêmios jornalísticos, entre eles o Prêmio Internacional de Jornalismo Rei de Espanha, em 2018. Lua de mel em Kobane “conta a improvável história de um casal de sírios que, separados por 2,5 mil quilômetros, se apaixonou pela internet e arriscou a vida ao decidir se instalar na cidade de Kobane, sitiada pelo Estado Islâmico” (Companhia das Letras).
  • 13 de agosto – Leonardo Padura (Cuba)
    Nascido em Havana, Leonardo Padura é pós-graduado em Literatura Hispano-Americana, romancista, ensaísta, jornalista e autor de roteiros para cinema. Ganhou reconhecimento internacional com a série de romances policiais Estações Havana. É colunista da Folha de S. Paulo e colaborador do El País. Tem nove livros traduzidos no Brasil, com destaque para O homem que amava os cachorros, obra em que o autor narra a história do assassinato do líder soviético Leon Trótski, valendo-se para isso de três narradores, entre eles assassinado e assassino. Padura é autor premiado internacionalmente – Prêmio Nacional de Literatura de Cuba e o Princesa de Asturias.
  • 14 de agosto – Bernardo Carvalho (Brasil)
    Um dos mais destacados romancistas da literatura brasileira atual, o escritor nasceu no Rio de Janeiro e vive atualmente em São Paulo. Autor de mais de dez obras, recebeu diversos prêmios entre os mais importantes da literatura em língua portuguesa, como o Jabuti, APCA e Portugal Telecom. O filho da mãe, romance de 2009, por exemplo, narra a trajetória de muitas mulheres, mães, que buscam “livrar seus filhos da guerra, da solidão e do crime” (Companhia das Letras). Os personagens transitam por vários espaços do globo, do Oiapoque ao Nieva, de Grozni ao mar do Japão. São filhos extraviados de mães aflitas e pais autoritários ou ausentes.
  • 15 de agosto – Juan Cárdenas (Colômbia)
    Juan Sebastián Cárdenas nasceu em Popayán, na Colômbia. É tradutor e escritor, ainda sem tradução no Brasil, premiado em 2014 por sua obra Los estratos (prêmio Otras Voces, Otros Ámbitos). Sua obra mais recente, El diablo de las províncias, “volta a questionar os mantras de uma civilização homogeneizada em uma novela que trabalha com gêneros híbridos”. A obra de Cárdenas põe em evidência “o colonialismo e o racismo, todas as selvagens domesticações privadas e públicas, que constituem preocupações importantíssimas para a interpretação da cultura” (Marta Sanz, para El país).
  • 16 de agosto – Igiaba Scego (Itália)
    Igiaba Scego nasceu em Roma em 1974, de família de origem somali. Depois de se formar em literatura estrangeira na Universidade La Sapienza, em Roma, escolheu trabalhar como jornalista e escritora, colaborando com jornais como Il Manifesto e Internazionale, e também com revistas que lidam com assuntos muito próximos dela: imigração e cultura africana. Como autora, ganhou vários prêmios e participou de inúmeros eventos, incluindo o Festival de Literatura de Mântua, que a hospedou em 2006” (Editora Nós). No Brasil, temos Minha casa é onde estou e Caminhando contra o vento.


Programação integrada – sempre a partir das 18h

  • 12 de agosto
    Trio Alma Síria – composto por Myria, Abed e Lucia, imigrantes vindos de Alepo, a maior cidade da Síria, o Trio traz ao Litercultura a música e o canto árabes de seu país.
  • 13 de agosto
    Cinema – mostra de curtas-metragens:
    “Desculpe, me afoguei” – 6’35” (Líbano, 2017 – Direção: Hussein Nakhal, David Habchy). Curta de animação a partir de uma carta que teria sido encontrada junto ao corpo de uma refugiada síria que morreu afogada no mar Mediterrâneo em 2015.
    “Crónicas de extrangería” – 26’ (Brasil-Espanha, 2010 – Direção: Eduardo Consonni e Rodrigo T. Marques). A situação do imigrante na capital espanhola sob o ponto de vista de um cronista estrangeiro.
    “Janelas para o mundo” – 19’ (Brasil, 2008 – Direção: Sidney Schroeder). Uma viagem pelo comércio da Saara, na cidade do Rio de Janeiro, que desvenda ricas histórias de luta e sobrevivência de imigrantes dos mais diversos lugares do mundo e fizeram deste centro comercial um patrimônio cultural e um exemplo de convivência pacífica.
  • 14 de agosto
    Nosso amor de trincheira, nosso trânsito de fronteira: poemas da poeta e tradutora alemã Uljana Wolf, que explora o limiar multilinguístico em seu trabalho de criação. Leituras de Guilherme Gontijo Flores e Ricardo Pozzo.
  • 15 de agosto
    Literatura de refúgio e música venezuelana: na primeira parte da mostra, poemas de várias nacionalidades lidos por alunos migrantes e refugiados da UFPR que fazem parte do Programa Política Migratória e Universidade Brasileira (UFPR). Na segunda parte, música venezuelana com Ninoska Poletta (voz) e Andres Machado (violão).
  • 16 de agosto
    Show com André Abujamra | As 9 faces do Sr. Abu: uma viagem musical pelo mundo de influências criativamente retrabalhadas na carreira desse que é um dos maiores artistas brasileiros. Nunca é demais lembrar: “Alma não tem cor”. Essa e outras grandes composições, das já clássicas “O Mundo”, “Imaginação”, “Duvião” até as mais recentes como “O Mar” e “Real Grandeza”, do último disco solo Omindá. E mais: uma versão acústica do novo hit do Turk, “Dois chás para o duzentos e vinte e dois”. Tudo no palco do Litercultura.

Sobre o Litercultura
A primeira edição do Litercultura foi realizada em 2013 com a proposta de ser um festival de literatura com ênfase na leitura. Em seis edições, o festival não se limitou a ser uma festa ou feira literária, propondo a reflexão sobre temas contemporâneos a partir de diversas linguagens.

Pelos palcos do Litercultura passaram autores como Alberto Manguel e Alan Pauls (Argentina), Antonio Skármeta (Chile), Gonçalo M. Tavares, José Luís Peixoto e Valter Hugo Mãe (Portugal), Gianni Vattimo (Itália) e Arnon Grunberg (Holanda), além de vários brasileiros – entre eles, a antropóloga Lilia Moritz Schwarcz, a historiadora Heloisa Starling, o psicanalista Christian Dunker, o crítico e compositor José Miguel Wisnik, os filósofos Márcia Tiburi e Vladimir Safatle, e os escritores Beatriz Bracher e Cristovão Tezza.

O Litercultura Festival Literário 2019 é um projeto realizado através do Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura (PROFICE) da Secretaria da Comunicação Social e Cultura. O evento tem apoio da Copel e Colégio Medianeira e apoio Institucional do ICAC, Fundação Cultural de Curitiba e Prefeitura de Curitiba. O Festival Literário é realizado pela Gusto Produção Cultural.

 

 

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