Dicas de livros para entender mais sobre o racismo

Livros de diferentes autores e estilos abordam o racismo e convidam ao debate para uma sociedade mais justa e saudável

racismo
Livros que abordam o racismo estão entre os mais vendidos. Foto: Pixabay

Por Irma Bicalho
Quem procurar pelos livros mais vendidos atualmente no site da Amazon, verá que no topo da lista está “Pequeno Manual Antirracista”, de Djamila Ribeiro. A literatura que aborda ou discute o racismo ganhou destaque nas últimas semanas. Na lista da Amazon, por exemplo, entre os 50 mais vendidos, há pelo menos mais três livros em torno deste assunto, além do campeão de vendas, da filósofa e ativista Djamila Ribeiro.
Diante dos protestos mundiais, desencadeados pela morte de George Floyd, parte da população se depara com a necessidade de se informar e conhecer mais profundamente as faces do racismo na sociedade. Esse é o passo mais importante para que se crie um debate, que deverá gerar ações para o fim da discriminação racial.
Em entrevista ao site Todos Pela Educação, o reitor e fundador da Faculdade Zumbi dos Palmares, de São Paulo, afirmou em 2018: “Devemos ter disposição e determinação de passar o racismo a limpo. O assunto tem de ser conhecido, debatido e combatido. Apenas com o conhecimento das consequências do racismo poderemos construir uma sociedade livre. É assim que cumpriremos o objetivo constitucional de uma pátria livre, justa, plural e diversa, em que a dignidade da pessoa seja respeitada pelo Estado e por todos os brasileiros.”
Se você está em busca de conhecimento, se quer aprofundar seu discurso para fazer parte dessa mudança, sugerimos alguns livros que podem ajudar.
Pequeno Manual Antirracista, de Djamila Ribeiro
Neste pequeno manual, a filósofa e ativista Djamila Ribeiro trata de temas como atualidade do racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos. Em onze capítulos curtos e contundentes, a autora apresenta caminhos de reflexão para aqueles que queiram aprofundar sua percepção sobre discriminações racistas estruturais e assumir a responsabilidade pela transformação do estado das coisas. Já há muitos anos se solidifica a percepção de que o racismo está arraigado em nossa sociedade, criando desigualdades e abismos sociais: trata-se de um sistema de opressão que nega direitos, e não um simples ato de vontade de um sujeito. Djamila Ribeiro argumenta que a prática antirracista é urgente e se dá nas atitudes mais cotidianas. E mais ainda: é uma luta de todas e todos.
Racismo Estrutural, de Silvio Almeida
Nos anos 1970, Kwame Turu e Charles Hamilton, no livro “Black Power”, apresentaram pela primeira vez o conceito de racismo institucional: muito mais do que a ação de indivíduos com motivações pessoais, o racismo está infiltrado nas instituições e na cultura, gerando condições deficitárias a priori para boa parte da população. É a partir desse conceito que o autor Silvio Almeida apresenta dados estatísticos e discute como o racismo está na estrutura social, política e econômica da sociedade brasileira.
Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil, de Sueli Carneiro
Entre 2001 e 2010, a ativista e feminista negra Sueli Carneiro produziu inúmeros artigos publicados na imprensa brasileira. Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil reúne, pela primeira vez, os melhores textos desse período. Neles, a autora nos convida a refletir criticamente a sociedade brasileira, explicitando de forma contundente como o racismo e o sexismo têm estruturado as relações sociais, políticas e de gênero.
A democracia da abolição, de Angela Davis
A ativista americana fala de tortura, encarceramento em massa e direitos humanos. Davis analisa como sistemas históricos de opressão tais quais a escravidão e o linchamento continuam a influenciar e solapar a democracia na atualidade. A ativista se fundamenta na tese de W. Du Bois, segundo a qual, quando os negros se tornaram livres da escravidão nos Estados Unidos, a eles foram negados os direitos plenos de outros cidadãos. Somado a isso, o sistema carcerário norte-americano (que hoje conta com a maior população carcerária do mundo) atua de forma a manter o domínio e o controle sobre populações inteiras.
Migração e Intolerância, de Umberto Eco
De Umberto Eco, a reunião de quatro ensaios fundamentais sobre temas hoje ainda mais atuais e urgentes do que na época em que os textos foram escritos. Um guia essencial para enxergar o outro com novos olhos, e um manual conciso, visionário e único para compreender o cenário político e social deste momento delicado em que mal-entendidos e ideias retrógradas parecem prosperar.
Eco explica as diferenças entre os fenômenos de “migração” e “imigração”, apontando suas características e consequências, além de explicitar as nuances entre fundamentalismo, integrismo, racismo e intolerância, tratando de seus perigos no mundo contemporâneo.

Livros que viraram filmes

Na literatura mundial, muitas obras abordam o racismo de forma sensível, permeando o assunto com uma bela história como pano de fundo. Algumas já viraram filme. É um bom artifício para iniciar uma discussão em família e chamar a atenção dos adolescentes e até das crianças. Vejam algumas bem famosas:
O Sol é para Todos, de Harper Lee (deu origem ao filme de mesmo nome, dirigido por Robert Mulligan, em 1963)
Este livro aborda o tema do racismo e injustiça através da história de um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca nos anos 30 nos Estados Unidos. O Sol é Para Todos ganhou o Prêmio Pullitzer e foi eleito por várias publicações como um dos melhores romances do século XX.
A Resposta, de Kathryn Stockett (deu origem ao filme “Histórias Cruzadas”, dirigido por Tate Taylor em 2012)
Com mais de 5 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo, A Resposta é uma história de preconceito e racismo, mas também de esperança. O livro conta a história de uma jovem jornalista branca na década de 60 no Mississipi, que decide escrever um livro polêmico onde várias empregadas domésticas contam histórias sobre as suas patroas brancas. A Resposta foi livro mais vendido nos Estados Unidos em 2011.
A Cor Púrpura, de Alice Walker (deu origem ao filme de mesmo nome, dirigido por Steven Spielberg, em 1986)
É um dos romances mais aclamados de sempre, vencedor do Prêmio Pullitzer. A Cor Púrpura conta a história de uma mulher negra no sul dos Estados Unidos nos anos 30, que foi abusada desde criança pelo padrasto e marido, focando temas como a desigualdade social entre as diferentes etnias.
Tempo de Matar, de John Grisham (deu origem ao filme de mesmo nome, dirigido por Joel Schumacher, em 1996)
John Grisham, um dos escritores mais lidos nos Estados Unidos, aborda neste livro a história de um negro que decide fazer justiça pelas próprias mãos depois de dois brancos terem estuprado e tentado matar a sua filha. O livro retrata o julgamento desse pai e a divisão entre aqueles que o apoiam e aqueles que não aceitam que um negro mate um branco, focando temas como racismo, injustiça e desigualdade social.
A Vida Secreta das Abelhas, de Sue Monk Kidd (deu origem ao filme de mesmo nome, dirigido por Gina Prince-Bythewood, em 2008)
A Vida Secreta das Abelhas retrata a história de uma menina branca nos anos 60, que decide fugir com a sua babá negra, à procura de respostas sobre a vida da sua mãe. Uma história sobre direitos civis e preconceito.

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