Leituras Urbanas encerra programação com recorde de público

Projeto cultural curitibano teve mais de 78 mil participantes de várias regiões do Brasil e superou desafios da pandemia

Após sete meses em atividades, chegou ao fim o projeto “Leituras Urbanas: Literatura nas Ruas da Cidadania”, criado para incentivar o contato com a literatura e estimular a formação de novos leitores. Mesmo com as limitações da pandemia, a programação foi adaptada do ambiente físico para o virtual e registrou recorde de público: dos 12 mil participantes estimados no início, o projeto acabou engajando 78.569 pessoas.

A programação começou em novembro e foi encerrada oficialmente no dia 28 de maio, com evento extra que debateu o livro “O Mez da Grippe” do escritor Valêncio Xavier. Foram 90 vídeos de leitura compartilhadas, 12 ciclos temáticos de leitura virtual e 623 horas de atividades que o público dos livros. Quase todas as atividades continuam disponíveis gratuitamente no site www.urbanasleituras.wixsite.com/leiturasurbanas.
Com o uso da internet, amantes da literatura de outros estados puderam participar. A jornalista e escritora Vanessa Meriqui, de São Paulo, relata que aproveitou para aprimorar seu trabalho. “Participar do Leituras Urbanas foi fundamental para um crescimento muito importante em minha área de atuação. Interagi nas oficinas da Luci Collin, Gloria Kirinus e Luís Henrique Pellanda, que foram fontes de profundo conhecimento, criatividade e generosidade desses três profissionais que admiro”, destacou.

Leitura para o desenvolvimento social e cultural

O Leituras Urbana teve uma série de programas que mostraram o dinamismo da literatura como ferramenta de desenvolvimento cultural e social. Em cada etapa foram realizadas leituras de trechos de obras consagradas, troca de experiências sobre o impacto da leitura e literatura na vida das pessoas, oficinas que estimularam o gosto pela escrita e encontros com escritores renomados, como Glória Kirinus, Célia Cris Silva, Lucas Buchile, Luci Collin e Luís Henrique Pellanda.

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“Todas as oficinas, os ciclos e os encontros com os escritores foram muito ricos, proveitosos e houve inúmeras troca de experiências. Foram ações que geraram contato direto com crianças, jovens e adultos”, destaca Cristiano Nagel, coordenador do projeto.
Mesmo quem já tem longa experiência cultural participou das atividades. “Estou sempre atenta para aprender e – mesmo que tenha meio século de magistério, estudos e escritas – sempre aprendo com pessoas e com a atividade de escrita”, conta Marta Morais da Costa; escritora, professora universitária aposentada e participante das oficinas, que ainda gostou do destaque para a produção literária local.

O poder da leitura

As leituras em voz alta foram uma das atrações do Leituras Urbanas e mostraram o poder e a intensidade desse tipo de atividade. “Tivemos momentos emocionantes nas trocas das leituras e textos que tocavam as pessoas e elas se emocionavam”, destaca Nagel.
O primeiro ciclo mostrou essa pegada já no começo do projeto, em novembro, quando a escritora convidada Célia Cris Silva leu trechos de seu livro infantil “Recado da Chuva”. A mãe da personagem central da obra amava a chuva e sempre mostrava sua beleza, fazendo com que a filha crescesse gostando da chuva também. Quando a filha sai de casa, a mãe diz que quando chover, ela mandará um recado pela chuva: “plic plic… te amo!”.
O livro foi escrito em homenagem à mãe de Célia, falecida após a publicação da obra. “Do nada, Célia começou a chorar e todos ficaram emocionados. As pessoas saíram energizadas, algo que sempre marcou os ciclos de leitura”, relata Nagel.
Em tempos de distanciamento social e individualismo, atividades como as proporcionadas pelo Leituras Urbanas mostram que o senso coletivo tem o poder de agregar em vários sentidos.
“A literatura, apesar de ser uma ação individual, onde se senta e se lê, também pode ser compartilhada quando feita em grupo. Isso potencializa o conhecimento, pois temos com quem discutir o conteúdo. Ao ouvir a leitura em voz alta, o texto vem para você de outra forma”, ressalta Nagel.

Caderno Literário

Os participantes das oficinas literárias concorreram a prêmios e direito a publicação dos textos vencedores na obra oficial do projeto, o Caderno Literário – com tiragem de 2 mil exemplares – enviado gratuitamente aos vencedores do concurso e que serão distribuídos para as casas de leitura e Biblioteca Pública do Paraná. Os trabalhos envolvem textos de poesia, minicontos e crônicas.
Foram selecionados três textos de cada oficina literária desenvolvida com os participantes vencedores nas primeira, segunda e terceira colocações. Os contemplados no concurso literário da categoria de poesia foram Monike D’Alencar (Guapimirim-RJ), Bernardo Stumpf (Curitiba-PR), Aline Lopes (Rio de Janeiro-RJ) e menção honrosa para Marta Morais da Costa (Curitiba-PR).
Na área de crônicas, os contemplados foram Patrícia Dias (Pinhais-PR), Marta Morais da Costa (Curitiba-PR) e Lucas Oliveira (Recife-PE). Nos contos, os destaques ficaram para Ana Wolfe (Ribeirão Preto-SP), Ligiane Lis Langue (Curitiba-PR) e Maria Oliveira (Recife-PE).
Além de ver o trabalho publicado na obra que oficializou o encerramento do projeto, eles ganharão kits de livros com vários nomes consagrados da literatura brasileira e mundial, como Gabriel Garcia Márquez, Conceição Evaristo, George Orwell, Clarice Lispector, Milton Hatoum, entre outros.
Mas, devido à alta qualidade dos textos dos participantes, os demais trabalhos foram incluídos em dois saraus realizados no mês de abril como parte do encerramento da programação do Leituras Urbanas. Um dos saraus foi introduzido na programação em comemoração ao aniversário do programa “Curitiba Lê”, idealizado e realizado há 11 anos pela FCC (Fundação Cultural de Curitiba).
 
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