Giro pelo Paraná: Edifício do Museu de Arte de Londrina é tombado pelo Patrimônio Nacional

Prédio onde era a antiga rodoviária do município já era reconhecida como Patrimônio Estadual desde 1974

O edifício do Museu de Arte de Londrina, antiga rodoviária da cidade, acaba de ser tombado como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
“Este reconhecimento reforça o conjunto do patrimônio cultural do Paraná. Nossos parabéns a Londrina, que consegue elevar ainda mais o nome desses grandes arquitetos brasileiros”, afirma a superintendente-geral da Cultura, Luciana Casagrande Pereira.
Agora, a construção será inscrita no Livro do Tombo das Belas Artes, concluindo um processo iniciado em 2011, por iniciativa da Superintendência do Iphan no Paraná.
“A conclusão desse processo é uma grande vitória, depois de 11 anos de trâmites. Com essa conquista, asseguramos a proteção de uma parte importante da memória da nossa cidade que, apesar de ainda não ter feito cem anos, conta com uma história arrojada e riquíssima”, considera o secretário municipal de Cultura, Bernardo Pellegrini
Reconhecida como Patrimônio Estadual do Paraná desde 1974, a antiga rodoviária é o primeiro bem localizado no Norte do estado a ser tombado nacionalmente. O edifício e sua área de entorno passam a contar com proteção nacional, sendo que eventuais intervenções no local devem ser previamente autorizadas pelo Iphan. A responsabilidade pela conservação, uso e gestão continua sendo do proprietário, no caso, a prefeitura de Londrina. Isso vale para qualquer bem tombado, seja de uso público ou privado.
Em 2020, o município realizou uma série de intervenções no Museu de Arte, com reparos no telhado e esquadrias; pintura completa; adequação dos equipamentos de segurança; revitalização do piso externo e calçada; substituição total de vidros; colocação de novos corrimãos e guarda-corpos; e impermeabilização de coberturas, muros e paredes, entre outras ações.
O investimento nesses trabalhos foi de R$ 1,2 milhão, com recursos próprios da prefeitura. As intervenções fazem parte do projeto de restauro contratado, em 2010, junto à empresa ArquiBrasil Arquitetura e Restauração.

Arquitetura modernista

Marco da arquitetura modernista no Paraná, projetado em 1948 pelos arquitetos João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, o prédio da antiga rodoviária de Londrina foi inaugurado em 1952. Sua utilização como terminal interurbano e interestadual de ônibus ocorreu até 1988. Desde 1993, o prédio sedia o Museu de Arte de Londrina.

Conjunto de sete cascas de concreto armado em forma de abóbada é um dos aspectos arquitetônicos mais marcantes do edifício. Foto: Emerson Dias

Entre suas características arquitetônicas, um dos aspectos mais marcantes é um conjunto de sete cascas de concreto armado em forma de abóbada, onde antes funcionava o embarque e desembarque. O contraste entre linhas curvas e retas e a transparência da fachada em vidro, entre outros aspectos, mostram que a intenção foi elaborar bem mais que um abrigo de ônibus: a construção pode ser considerada um símbolo do desenvolvimento e da modernidade.

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“Essa é a primeira obra de Artigas a ser tombada nacionalmente, ajudando a preservar o legado de um grande expoente do modernismo, contemporâneo de Oscar Niemeyer” disse diretora de Patrimônio Histórico-Cultural da Secretaria Municipal de Cultura, Solange Batigliana.
Além do edifício do Museu, Londrina possui outras cinco obras projetadas por Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, construídas entre 1948 e 1955: Cine Ouro Verde, Edifício Autolon, Casa da Criança, vestiários do Londrina Country Club e a casa do prefeito Milton Menezes. Assim como a antiga rodoviária, o edifício onde funcionava a Casa da Criança é de propriedade da prefeitura, abrigando hoje a sede da Secretaria Municipal de Cultura e a Biblioteca Infantil de Londrina.
 
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