A Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres, um dos mais importantes patrimônios históricos do Paraná, foi reaberta após um cuidadoso processo de conservação. O projeto contou com a participação ativa da comunidade local e já conta com a Mostra de Fotografias Paisagens Caiçaras.
A Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres acaba de ser reinaugurada na Ilha do Mel, após uma extensa obra de conservação promovida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A restauração não apenas preservou a integridade estrutural e arquitetônica do local, mas também envolveu a comunidade em um diálogo contínuo sobre as ações necessárias para o futuro da fortaleza. A cerimônia de reabertura ocorreu no dia 23 de agosto de 2024.
Com um investimento aproximado de R$ 600 mil, a obra abrangeu desde melhorias na conservação e segurança do conjunto histórico até a realização de pesquisas arqueológicas que ajudaram a compreender melhor a estrutura da fortaleza. Além disso, foram promovidas atividades de educação patrimonial, que visaram integrar a comunidade local ao processo de preservação do monumento.
Segundo o presidente do Iphan, Leandro Grass, a restauração da Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres vai além da reparação física do local. Ele destacou a importância de criar uma conexão duradoura entre a comunidade local e o patrimônio, enfatizando que o espaço, anteriormente utilizado para fins militares, agora se transformou em um símbolo de paz e justiça.
Mostra Paisagens Caiçaras
A reabertura da Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres não foi apenas uma celebração da arquitetura e da história, mas também uma oportunidade para fortalecer o vínculo entre o monumento e os habitantes da Ilha do Mel. A obra recebeu apoio de diversas instituições, como a Prefeitura de Paranaguá e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), evidenciando a importância da cooperação entre diferentes esferas para a preservação do patrimônio histórico.
Durante a cerimônia de reabertura, foi inaugurada a exposição “Paisagens Caiçaras”, localizada na Casa de Guarnição, um espaço que agora abriga uma nova biblioteca, projetada para melhor atender à comunidade local. A exposição, organizada em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), é um reflexo do compromisso contínuo com a valorização da cultura caiçara e do patrimônio histórico da região.
Além da exposição, foram lançados o catálogo da mostra e o Plano de Conservação da Fortaleza, ambos produzidos pelo Iphan. Essas publicações são fundamentais para a continuidade das ações de preservação e para o fortalecimento do papel da fortaleza como um centro de difusão cultural e histórica na Ilha do Mel.
Paisagens caiçaras: difusão de narrativas sonoras, imagéticas e audiovisuais
Um Patrimônio Repleto de História
A Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres é a única edificação militar do período colonial no Paraná e foi tombada pelo Iphan em 1939. Este conjunto arquitetônico singular, que inclui a Casa de Guarnição, o Paiol de Pólvora, o corpo central da fortaleza e uma bateria de canhões no topo do Morro da Baleia, é um dos principais atrativos turísticos da Ilha do Mel.
Construída no século XVIII, a fortaleza destaca-se pela sua adaptação ao terreno, aproveitando as pedras e a conformação natural do morro para fins militares. Essa solução arquitetônica permitiu o uso contínuo da fortaleza para defesa costeira até o século XX.
Ao longo dos séculos, a Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres esteve envolvida em importantes eventos históricos, como a Revolução Farroupilha (1835-1845) e a Revolução Federalista (1893-1895). O episódio militar mais notável, no entanto, foi o “Incidente Cormorant” de 1850, que trouxe à tona a prática ilegal de tráfico de escravos no litoral paranaense, lembrando um período sombrio da história do Brasil.
A reabertura da Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres marca um novo capítulo na história deste importante patrimônio, que agora está mais acessível ao público e mais integrado à comunidade local. O projeto de conservação não apenas preservou a estrutura física da fortaleza, mas também reforçou seu papel como um centro cultural e histórico na Ilha do Mel.