Essa música tem história: Quem te viu, quem te vê

A música “Quem te viu, quem te vê” foi sucesso na voz de Nara Leão, em 1967

Por Kristiane Rothstein

As músicas embalam o dia a dia das pessoas e acompanham emoções e sentimentos mais distintos possíveis: alegria, tristeza, felicidade, apatia… Mas, o que muitas vezes não sabemos é a história por trás delas. O Curitiba de Graça começou a série “Essa música tem história” pra contar um pouco das canções que marcam nosso cotidiano.

Quem te viu, quem te vê

O compositor Chico Buarque é um dos prediletos dos brasileiros e tem músicas que foram além de “mero” entretenimento. Deram o tom a movimentos sociais, foram trilhas de peças de teatro e filmes. Uma dessas canções emblemáticas é “Quem te viu, quem te vê”.
Você sabia, por exemplo, que esta canção era para sair sem duas estrofes?  No livro: “Histórias de canções – Chico Buarque”, o autor e pesquisador Wagner Homem, relata a história por trás de várias músicas. “Quem te viu, quem te vê” foi composta, como disse Chico ao escritor, “bem ao estilo de Ataulfo Alves”, por quem Chico tinha grande admiração e se encontrava num boteco próximo à TV Record, da época.
Chico achou a letra muito longa e antes da cantora Nara Leão gravar, sugeriu que ela eliminasse uma ou duas estrofes. No entanto, a intérprete gravou na íntegra e foi um sucesso. A música foi apresentada ao público em 1967 no programa Pra ver a banda passar.

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A cantora Nara Leão gravou em seu LP, relembrado até hoje. Mesmo assim, depois do lançamento e da gravação da amiga, Chico – quando cantava a música – deixava de fora esta estrofe:
O meu samba se marcava na cadência dos seus passos
O meu sono se embalava no carinho dos seus braços
Hoje de teimoso eu passo bem em frente ao seu portão
Pra lembrar que sobra espaço no barraco e no cordão

Letra inteira de “Quem te viu, quem te vê”

Você era a mais bonita das cabrochas dessa ala
Você era a favorita onde eu era mestre-sala
Hoje a gente nem se fala, mas a festa continua
Suas noites são de gala, nosso samba ainda é na rua
Hoje o samba saiu procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
Quem jamais a esquece não pode reconhecer
Quando o samba começava, você era a mais brilhante
E se a gente se cansava, você só seguia adiante
Hoje a gente anda distante do calor do seu gingado
Você só dá chá dançante onde eu não sou convidado
Hoje o samba saiu procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
Quem jamais a esquece não pode reconhecer
O meu samba se marcava na cadência dos seus passos
O meu sono se embalava no carinho dos seus braços
Hoje de teimoso eu passo bem em frente ao seu portão
Pra lembrar que sobra espaço no barraco e no cordão
Hoje o samba saiu procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
Quem jamais a esquece não pode reconhecer
Todo ano eu lhe fazia uma cabrocha de alta classe
De dourado eu lhe vestia pra que o povo admirasse
Eu não sei bem com certeza porque foi que um belo dia
Quem brincava de princesa acostumou na fantasia
Hoje o samba saiu procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
Quem jamais a esquece não pode reconhecer
Hoje eu vou sambar na pista, você vai de galeria
Quero que você assista na mais fina companhia
Se você sentir saudade, por favor não dê na vista
Bate palmas com vontade, faz de conta que é turista
Hoje o samba saiu procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
Quem jamais a esquece não pode reconhecer
Música com Nara Leão

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Música com Chico Buarque

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