Espetáculo Habitat, da Súbita Companhia de Teatro, tem apresentações de cinco solos distintos
Como se cria um trabalho cênico apenas a partir de uma ideia, sem ter o texto ou a dramaturgia como base? Janaina Matter, Pablito Kucarz, Helena de Jorge Portela, Conde Baltazar e Victor Hugo, da Súbita Companhia de Teatro, de Curitiba, aceitaram esse desafio para produzir o projeto Habitat, apresentado por meio de diversos solos dos atores e atrizes. A estreia será dia 13 de fevereiro , no Teatro José Maria Santos. A temporada seguirá até dia 24, sempre de quarta a domingo, com dois solos por dia, às 19h e às 21h.
Foram três meses de processo colaborativo cuja proposta era investigar o próprio corpo como casa, como lugar de atravessamento de questões poéticas, políticas e estéticas, como lugar que se habita e cuja existência se revela em suas múltiplas dimensões. O que cada corpo carrega? Quais memórias, identidades e subjetividades habitam nossos corpos? Como revelam-se ou se escondem? O que dizem quando estão em cena? Quem afinal habita esses corpos? Cada artista encontrou suas próprias respostas e construiu a dramaturgia do seu trabalho solo orientados pela diretora e dramaturga Camila Bauer de Porto Alegre (RS). A direção geral do projeto é de Maíra Lour.
“Trata-se de um trabalho bastante autoral e minha principal contribuição tem sido viabilizar cenicamente cada ideia, potencializando a criação de cada artista e entendendo o processo criativo de cada um”, conta a diretora Maíra Lour. Além desse olhar amplo, cada ator e atriz teve a oportunidade de convidar um artista interlocutor para dialogar separadamente com seu trabalho durante a criação. Os colaboradoers foram Francisco Mallmann, Gladis Tridapalli, Kátia Drummond, Lígia Oliveira e Ricardo Marinelli.
Em cena surgem múltiplos corpos: o corpo mulher, o corpo cicatriz, o corpo mãe, pai, filho, filha, o corpo morte, água, pedra, barco, fuga, o corpo afrofuturista, ficção, o corpo que não é, a falta. “Habitat é um momento importante para a Súbita, pois permite reconhecermo-nos como indivíduos e como coletivo. Este projeto nos move como grupo a partir dos interesses artísticos individuais, o desenvolvimento desta pesquisa nos trouxe a possibilidade de criarmos trabalhos com proposições estéticas muito diferentes, que afirmam as várias potências de criação presentes na companhia”, afirma Maíra Lour
A entrada é gratuita, mas os lugares são limitados. É necessário chegar uma hora antes do espetáculo para garantir o ingresso. Os solos são independentes e podem ser assistidos separadamente. O Teatro José Maria Santos fica na Rua Treze de Maio, 655 – São Francisco. Mais informações pelo telefone (41) 3324-8208.
Confira a programação e um pouco mais sobre cada solo que será apresentado
13 de fevereiro
19h – O arquipélago/Pablito Kucarz
21h – Foi assim que o oceano invadiu minha casa/Helena de Jorge Portela
14 de fevereiro
19h – Uma história só/Conde Baltazar
21h – Mulher, como você se chama/Janaina Matter
15 de fevereiro
19h – Foi assim que o oceano invadiu minha casa/Helena de Jorge Portela
21h – Pirataria/Victor Hugo
16 de fevereiro
19h – Mulher, como você se chama/Janaina Matter
21h – O arquipélago/Pablito Kucarz
17 de fevereiro
19h – Pirataria/Victor Hugo
21h – Uma história s /Conde Baltazar
20 de fevereiro
19h – Pirataria/ Victor Hugo
21h – Mulher, como você se chama/Janaina Matter
21 de fevereiro
19h – Foi assim que o oceano invadiu minha casa/Helena de Jorge Portela
21h – Uma história só/Conde Baltazar
22 de fevereiro
19h – Mulher, como você se chama/Janaina Matter
21h – O arquipélago/Pablito Kucarz
23 de fevereiro
19h – Uma história só/Conde Baltazar
21h – Foi assim que o oceano invadiu minha casa/Helena de Jorge Portela
24 de fevereiro
19h – O arquipélago/Pablito Kucarz
21h – Pirataria/ Victor Hugo
- Mulher, como você se chama?
Janaina Matter
Este solo parte de uma inquietação em relação ao apagamento das mulheres na história do mundo. De um contexto amplo até a aproximação com a intimidade da atriz e das mulheres da família, o espetáculo ressignifica nomes e feitos históricos como forma de reviver, resgatar, enaltecer e corporificar a presença das mulheres no passado, no presente e sensibilizar sua força para o futuro. - O arquipélago
Pablito Kucarz
Quanto tempo o corpo leva para cicatrizar? O que esta cicatriz pode dizer sobre quem você é? Solo autoral do ator Pablito Kucarz, a peça traça um retrato familiar e seus conflitos a partir de marcas na pele e na memória. - Foi assim que o oceano invadiu minha casa
Helena de Jorge Portela
Uma história sobre duas atrizes, que em uma tarde como qualquer outra, tiveram suas vidas separadas pelo mar. O mar que carrega o luto e a dor. Um espetáculo solo que tenta agarrar o tempo com as mãos. O que você faria se tivesse mais tempo? A vida não tem ensaio.
*Este espetáculo terá interpretação em libras - Uma história só
Conde Baltazar
Meu corpo é uma casa que é vizinha da casa do meu filho. Um homem, um pai, conta através do seu corpo esburacado, sua relação com a infância, seu pai, seu avô… Um buraco que começou pequeno, uma falta quase invisível e a ausência se instalou na carne e o silêncio se tornou uma mochila para guardar as memórias dos dias. A paternidade é esse labirinto, infinito, com zonas de descanso. Nenhum filho se deixar moldar à vontade dos pais. É uma história sobre pequenas coisas; a vontade de andar de trem, de conhecer o mar e também sobre a falta, quando não dá para se despedir. - Pirataria
Victor Hugo
Uma tentativa de fuga, um escape, uma mensagem codificada, uma corrente. gritaria. a pele, o maior órgão do corpo. um vírus. você acha que eu estou ficando louco? você vai me deixar aqui? Uma ficção visionária, um holograma, arquivo oculto, um corpo no espaço.