As raízes de nossa história são formadas de muitas etnias e sua mais repleta gama de ritmos, aromas, sabores e cores. Negar qualquer uma delas é negar nosso passado, nossas origens, é negar a raça humana.
Como terra de muitos povos, Curitiba é repleta de sotaques, costumes e tradições vindos dos mais diversos cantos do mundo. E quanta cor e sabor tem a nossa terra, quanta diversidade e riqueza de vozes, culturas, olhos, tons e sons! Unidos compomos nas mais diferentes línguas, miscigenando nossos olhos, cabelos, vozes e desejos. A diversidade nos faz mais fortes, e o respeito a ela, dignos de sermos chamados, seres humanos.
Dentro dessa diversidade, hoje apresento a vocês dois poetas adotados por nossa cidade, dois olhares de nossa Curitiba, duas gerações, Nair Rodrigues de Carvalho e Marcos Fontinelli.
Nair Rodrigues de Carvalho nasceu em 27 de março de 1934 em Itapeva, Estado de São Paulo. Exerceu por mais de 40 anos a profissão de estilista. Grande parte de sua poesia é destinada a venerar a Capital do Paraná que sempre amou e adotou desde 1954. Ainda hoje, com 83 anos, vive em plena atividade cultural, frequentando os projetos desenvolvidos por inúmeras entidades culturais da cidade, entre elas: Centro de Letras do Paraná, Academia Paranaense da Poesia e a União Brasileira de Trovadores – Seção de Curitiba.
Ao longo dos anos elaborou diversos trabalhos poéticos, participou de inúmeros concursos de poesias, tendo publicado três livros: “Sonhos Dourados” lançado em 1992, “As estrelas não podem parar de brilhar” em 2006 e “Poeta mostra a tua cara” de 2015.
Marcos Fontinelli nasceu em Ponta Grossa. Poeta, escritor, diretor de teatro, estudou na Universidade Estadual de Ponta Grossa, na Pontifícia Universidade Católica do Paraná e na Universidade Federal do Paraná. Autor dos livros “Censurado” lançado em 1983 e “Manobras Incompletas” de 2014. Participou de dezenas de antologias de poesias, contos e resenhas. Tradutor de Inglês e espanhol. Assessor Sindical. Assessor Parlamentar. Fala francês, inglês, espanhol e segundo ele, um pouco de Português.
Para homenagear os artistas, o Sarau AfroCuritibano reuniu poetas, leitores, admiradores e amigos de ambos no sábado, 29 de abril na Casa Hoffman, no Largo da Ordem. Na homenagem, pudemos conhecer um pouco mais sobre o trabalho desses escritores, suas trajetórias e ouvir a declamação de vários de seus poemas.
Em sua 15.ª edição, o Sarau AfroCuritibano já homenageou vários poetas, divulgando, valorizando e dando visibilidade aos artistas locais e suas produções. A primeira edição do evento aconteceu no dia 9 de abril de 2016, de lá para cá esse evento vem se tornando um marco na divulgação de trabalhos culturais em nossa cidade, com música, declamações de poesias, contação de história e muita arte.
Segundo Adegmar da Silva, o Zelador Cultural Candiero, um dos idealizadores do evento, ex-presidente e fundador do Centro Cultural Humaitá – Centro de Estudo e Pesquisa da Arte e Cultura Afro-brasileira, o Sarau tem como objetivo a difusão e divulgação de trabalhos, misturando tendências acadêmicas, marginais, pretas, periféricas, hiphopianas e criando plateia para esse novo fazer poético de fora do eixo acadêmico. A atual presidente, Melissa S. Reinehr enfatizou que a iniciativa do Sarau partiu de um coletivo de pessoas que frequentam a Feira do Poeta e outros poetas e poetisas.
Convido a todos a conhecer esse trabalho e seus artistas! O próximo Sarau AfroCuritibano acontecerá no último sábado do mês de maio (27), na Casa Hoffman, a partir das 19:00 horas.
Conheça também o Centro Cultural Humaita – Centro de Estudo e Pesquisa da Arte e Cultura Afro-brasileira, entidade sem fins lucrativos que atua desde 2006 para a valorização e visibilidade da arte e da cultura afro em Curitiba e no Paraná.
Contato:
E-mail humaitacentrocultural@gmail.com
Vivo 41.9161-7961 – Claro 41.8875-8336 – Oi 41.8499-1845 – Tim 9755-1089
https://www.facebook.com/centroculturalhumaita
No Picadeiro da Vida
de Nair Rodrigues de Carvalho
Corre poeta corre
Sem perder a direção
Do nascer ao pôr do sol
Caneta e papel na mão
Arrancando palavras da alma
Do fundo do coração
O poeta não tem caminho
Constrói sua estrada
Nos versos que compõe
Com sua própria vida
A vida do poeta
É um livro aberto
Nele existem segredos
Que ainda não foram descobertos
passado etéreo
de Marcos Fontinelli
venho de um tempo distante
de muito longe
em que até o vento se esconde
não se sabe onde
venho de um tempo distante
de raras fúteis gargalhadas
de mulheres bem amadas
que brincavam ao luar
que na chuva se molhar
e pôr-se a cantar
era mero desvario
um tempo aprendiz
que foi-se aos poucos
se desvanecendo
transformando os sóis
que na indiferença iam nascendo
construindo em todos e em cada um
uma loucura mundana
uma busca insana
de novamente ser feliz
Silvana Mello, jornalista, professora, participou da Feira do Poeta nas décadas de 80 e 90. Foi uma das vencedoras dos Concursos de Poesia, Marilda Confortin em 2015 e Alice Ruiz em 2016, e teve seus poemas publicados em livros com os outros vencedores. Participou das Antologias Conexão I e II (Feira do Poeta) lançadas em 2015 e 2016. É membro da International Writers and Artists Association – IWA e Acadêmica da Academia Poética Brasileira – APB. Atualmente escreve uma coluna sobre poesia no site Curitiba de Graça.
http://www.recantodasletras.com.br/escrivaninha/publicacoes/index.php