Tragédias de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, são retratadas em mural no Museu Casa Alfredo Andersen
Em 2017 três artistas fizeram uma homenagem, em Curitiba, à cidade mineira de Mariana. Eles criaram um grande mural no Museu Casa Alfredo Andersen, para lembrar a tragédia vivida pelos brasileiros em 2015, após o rompimento de uma barragem. Marcelo Le, Luiz Lavalle e Bruno Romã usaram a pintura para registrar o sofrimento e a indignação de uma cidade que perdeu 19 habitantes em um acidente inacreditável. O que eles não imaginavam é que, quatro anos depois, um outro acidente repetiria a tragédia em circunstâncias exatamente iguais à primeira, porém com uma dimensão brutalmente maior. Se em Mariana 19 pessoas perderam a vida, em Brumadinho foram 270 mortes confirmadas.
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Novamente Marcelo Le, com o apoio da direção do museu, decidiu não apenas retocar a obra de 2015, mas ampliá-la, contemplando os fatos ocorridos no ano passado, e acrescentando a obra uma nova narrativa.
O diretor do Museu Casa Alfredo Andersen, Luiz Gustavo Vardanega Vidal Pinto, enfatiza a iniciativa dos artistas, não só pelos temas abordados, como também pela qualidade técnica, observando que “é importante o espaço museal dialogar com o público através de reflexões atuais, pois a arte também possui uma função social imprescindível para sociedade”.
Nascido em Araraquara, no interior de São Paulo, há 43 anos, o artista visual Marcelo Le, vem se dedicando exclusivamente à arte urbana. Embora utilize tinta em spray, prefere não se definir como grafiteiro, porque também emprega outras técnicas e materiais, como tinta de rolo.“Sou um muralista”, diz Marcelo, que traz para seu trabalho referências cubistas de Picasso e Miró, e abstracionistas de Kandinski. Além disso, se influencia pela arte da literatura de cordel do Nordeste brasileiro. Sem se esquecer da força do traçado de Speto, como é conhecido o artista paulista Paulo Cesar Silva, autor de vários grafites ao redor de Curitiba.
Para a criação do novo mural no Museu Casa Alfredo Andersen, Marcelo está realizando um trabalho voluntário, com recursos próprios. Os traços recorrem à lenda hebraica do Golem. O ser mítico, criado artificialmente, que ganha vida e se volta contra o criador, assim como as barragens em Minas Gerais.
A visitação pode ser feita das 9h às 18h, de terça a sexta, e das 10h às 16h aos sábados. A entrada é gratuita. O Museu Casa Alfredo Andersen (MCAA) fica na Rua Mateus Leme, 336 – São Francisco. Mais informações pelo telefone (41) 3222-8262 ou no site www.mcaa.pr.gov.br.