Espetáculo “Estrangeiras” discute identidade e o sentimento de não pertencimento 

A peça da Crisálida Companhia de Arte será apresentada no Espaço Obragem

Foto: Elenize Dezgeniski

O que nos define? O que nos classifica, de fato? E, isso é realmente necessário? Como explicar o não pertencimento, o não estar presente, a não identificação com o lugar e a realidade? Essas indagações fazem parte da peça “Estrangeiras – Sobre Lugares que Nem Sabemos que Existem”, que nasceu do desejo comum de um coletivo de artistas de discutir e refletir sobre o tema identidade.  O espetáculo será apresentado no Espaço Obragem, de 25 de abril a 26 de maio, sempre de quinta a sábado, às 20h, e aos domingos, às 19h.

“O ponto de vista do nosso olhar é estrangeiro, de estranhamento. Abordamos o sentimento de não pertencimento, seja individual ou coletivo. Falamos sobre situações simples da vida, em que nos sentimos ‘estrangeiras’ em nosso próprio país, cidade, casa e até mesmo em nosso corpo”, conta a atriz e produtora do projeto Marcilene Moraes, criadora da Crisálida Companhia de Arte, produtora da peça.

Além de Marcilene, compõem o elenco: Cléo Cavalcantty, Edith de Camargo e Karla Fragoso. A direção e a dramaturgia é de Rafael Camargo que propõe uma encenação contida, resultado da pesquisa que desenvolve há mais de uma década sobre o teatro da inação. “As estrangeiras curiosamente perguntam, poeticamente questionam, humanamente percebem a dificuldade de ser e estar. De certa forma falamos sobre solidão. São mulheres atemporais e seus não lugares em cena. As repetições de diálogos, a circularidade dos pensamentos, a investigação das estruturas corporais, desenham a forma e imprimem a consciência deste não lugar”, conta o diretor.

A elaboração da peça teve como referência os livros Identidade de Benedetto Vecchi, do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, que discute as noções de identidade no “líquido mundo moderno”, e a Sociedade da Transparência,  do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, que diz que a obsessão com a transparência manifesta-se não quando se procura a confiança, mas quando esta desapareceu e a sociedade aposta na vigilância e no controle, além do filme  Uma Vida Iluminada (2005), de Liev Schreiber, que aborda a busca do passado para entender o presente por meio da trajetória de Jonathan, um judeu norte-americano colecionador de coisas que sai em busca da mulher que pode ter salvado seu avô dos nazistas.

A classificação indicativa é 16 anos. Os ingressos custam R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada) e podem ser adquiridos na bilheteria do local. O Espaço Obragem fica na Alameda Júlia da Costa, 204 – São Francisco. Mais informações pelo telefone (41) 3077-0293.

 

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