Cansou de procurar títulos nos streamings? Separei algumas dicas para você
Por Márcio L. Santos
Feriado chegando, uma ótima oportunidade para aproveitar o tempo livre e assistir a um filme. Mas, você está não aguenta mais ficar procurando e não saber o que escolher? Ou pior: nunca termina de ver aquele que escolheu, pois era muito ruim… Pra evitar essas perdas de tempo, separei cinco produções da Netflix e Amazon Prime que vale a pena dar o play!
ESPIÃ
Disponível na Amazon Prime
Paul Verhoeven
2006
★★★★ ½
Como fiquei tanto tempo sem ver essa quase obra-prima do diretor Paul Verhoeven? Com sua energia habitual, Verhoeven conta aqui a história de uma refugiada judia que, após perder a família numa tentativa de fuga, se infiltra junto a oficiais nazistas na tentativa de salvar seus companheiros de armas.
Ancorada na performance hipnotizante de Carice Van Houten, o filme é quase uma versão romântico-política de ShowGirls, com sua protagonista sendo humilhada e sexualizada de todas as formas possíveis, mas ainda assim mantendo sua honra e seu desejo de vingança intactos.
Exagerado, melodramático, novelesco ao extremo, violento, exuberante, A Espiã é Verhoeven em sua melhor forma, com um domínio narrativo invejável que nem mesmo as dezenas de reviravoltas que o filme guarda conseguem apagar. Sensacional!
O ANIMAL CORDIAL
Disponível na Netflix
Gabriela Amaral Almeida
2018
★★★★
Um exercício fascinante de horror, tensão e preconceito, com uma crítica social afiada que jamais se sobrepõe à sua narrativa concisa, O Animal Cordial é uma obra no mínimo incômoda.
Com uma ambientação claustrofóbica, é um filme sobre extremos e os limites éticos e morais tão fáceis de serem rompidos em momentos de desespero. É sobre os estereótipos que estabelecemos sobre cada pessoa e de que forma a raiva que carregamos por conta de nossas frustrações pode nos transformar em bestas assassinas sedentas de sangue e sexo.
Sem soluções fáceis e com uma conclusão quase alegórica, O Animal Cordial é horror de primeira qualidade, por resgatar não o medo do desconhecido ou do sobrenatural, mas aquele por trás da atitudes mais banais, mais cordiais.
O CAPITÃO
Disponível na Amazon Prime
Robert Schwentke
2017
★★★★
Após encontrar uma mala com um uniforme de um capitão nazista, o jovem desertor Willi Herald [Max Hubacher, perfeito] assume o comando de um campo de prisioneiros – também desertores – estabelecendo uma rotina caótica de mortes e desmandos.
A obra de Robert Schwentke é um estudo admirável de personagem, mostrando de forma irrefutável como o poder corrompe não apenas quem o possui, mas aqueles que dele se aproveitam. Com evidentes sinais de psicopatia, o protagonista vai aos poucos revelando sua faceta cruel e desmedida, levando todos aqueles que o cercam a limites éticos e morais cuja quebra é irreversível.
O clima de crueldade e desespero presente em toda a obra revela um olhar absolutamente irônico do diretor para toda aquela situação, uma guinada que fica ainda mais evidente em seu terceiro ato: a loucura proveniente do poder absoluto sobre a vida e a morte é bizarra, é patética.
Gente pequena, com o poder na mão, se torna somente menor ainda. O título, aliás, é perfeito para a nossa situação em 2021.
PASSAGEIRO ACIDENTAL
Disponível na Netflix
Joe Penna
2021
★★★★
Escrito e dirigido pelo brasileiro Joe Penna, Passageiro Acidental é uma bela surpresa, um sci-fi adulto que discute com propriedade questões éticas e científicas sem apelar para sentimentalismos forçados ou que destoem do clima melancólico que o filme traz desde seus momentos iniciais.
A premissa básica tem é meio inverossímil, mas não atrapalha: numa missão de três tripulantes para Marte, um engenheiro que se acidentou durante as checagens é encontrado após a nave sair da órbita terrestre. Projetada para três pessoas, não há como ela chegar em Marte com quatro passageiros.
O que temos a partir daí é uma discussão mais do que válida sobre sobrevivência e sacrifício, com um desenvolvimento mais do que bem-vindo de todos os personagens, que estão longe de ser o estereótipo esperado nesse tipo de produção. Com efeitos visuais caprochador e planos que estabelecem com propriedade a pequenez do ser humano frente a seu destino que se encontra milhões de milhas a frente, Passageiro Acidental ainda faz questão de fechar com um dos planos mais belos deste ano. Filmaço!
OXIGÊNIO
Disponível na Netflix
Alexandre Aja
2021
★★★½
O filme tem sido comparado com o ótimo Enterrado Vivo, aquele com Ryan Reynolds. Mas a obra do ótimo Alexandre Aja tem um viés diferente. Ainda que a luta pela sobrevivência dentro de um tubo criogênico high-tech tenha a sua dose caprichada de claustrofobia, aqui o principal mistério não é se ele vai sair do local, mas por que motivo ela foi colocada ali.
Auxiliada por uma inteligência artificial [voz de Mathieu Amalric], ela vai aos poucos descobrindo os motivos por trás de sua presença naquele local, o que leva o filme a um patamar inesperado, estabelecendo um background dos mais interessantes para este sci-fi de tom existencialista.
Na prática, o filme poderia ser montado de forma mais econômica – quando chegamos à ótima revelação no terceiro ato, todos os próximos 20 minutos e seus desdobramentos parecem anexados de forma pouco orgânica.
De qualquer maneira, uma obra absolutamente interessante, com uma atuação firme da sempre ótima Melanie Laurent. Vale a pena uma olhada.
Márcio L. Santos é jornalista, apaixonado por Star Wars, A Mosca e Os Simpsons. Costuma ver pelo menos um filme ou um episódio de série por dia e faz às vezes de crítico de cinema nas horas vagas, já tendo atuado na 91 Rádio Rock, CBN, Portal Pipoca Moderna. Atualmente colabora com o canal de Youtube Realidade Fantástica, no qual analisa diversas obras clássicas do cinema.
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