Espetáculo virtual gratuito debate o racismo estrutural inspirado em histórias reais

“Solo dos Mares e a revolta dos meninos homens de uma nação suspensa” faz um paralelo entre passado e presente para mostrar o racismo que persiste em nossa sociedade

A história de vida e luta de João Cândido Felisberto, o herói injustiçado da Revolta da Chibata, é o tema da peça “Solo dos Mares e a revolta dos meninos homens de uma nação suspensa”, que tem temporada virtual gratuita até o dia 11 de dezembro, sempre às 21h, no canal do YouTube da Isidoro Diniz Produções – nos dias 02, 04, 06, 08 e 10 de dezembro as sessões contarão com um intérprete em libras.
Através de um “solo manifesto” são narradas situações cotidianas apresentando o racismo que persiste até os dias atuais com outros líderes nacionais, apontando também outras personalidades que não foram reverenciadas, como: Machado de Assis, Clóvis Moura, Carolina de Jesus, Grande Otelo, Clementina de Jesus, Abdias Nascimento e Irmãos Rebouças.
Ao mesmo tempo, a ideia do espetáculo é traçar um paralelo entre a história do João Cândido Felisberto com a história do Benedito Isidoro Diniz e criar um elo entre o João, que se tornou marinheiro e nasceu em 1880, em uma fazenda no interior do Rio Grande do Sul, e o Benedito, que se tornou artista e nasceu em 1958, em uma fazenda no interior do Paraná.
Após sua liderança na Revolta da Chibata e a sua prisão, João Cândido foi perseguido como rebelde, punido e condenado pela instituição do estado, impedido de reconstruir sua vida com dignidade e poder usufruir da sua expertise para se tornar um grande homem da Marinha Mercante.
Benedito passou por processo semelhante, e recorrente entre pessoas negras, por causa do racismo estrutural institucionalizado no país. No entanto, suas conquistas não impediram que ele não passasse pelo mesmo processo de exploração, segregação, discriminação e racismo que tantos Beneditos, Marias e artistas sofrem até hoje.

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Com tudo isso, “Solo do Mares” deseja mostrar que após tantas revoltas e lutas e, apesar de muitas conquistas a longo prazo do movimento negro e de diferentes líderes da luta antirracista, ainda se continua no mesmo ponto de negação, pois a comunidade negra ainda não alçou seu devido lugar através de sua valorização e reconhecimento que todos esses talentos merecem.
Nesse paralelo entre passado e presente, se evidencia a contemporaneidade do tema, para apresentar a força do racismo estrutural que até a atualidade oprime e impede a ascensão de pretos e pretas na sociedade, independente da atuação dessas personalidades e do espaço geográfico que atuam.
“Solo dos Mares” é o espetáculo de estreia do ator mineiro Pedro Ramires, tem a direção de Isidoro Diniz e Kátia Drumond e trilha original composta por Ricardo Verocai. A produção marca a primeira parceria entre a Isidoro Diniz Produções e o dramaturgo, pesquisador da cultura afro-brasileira e teatro negro brasileiro, Salloma Salomão que, junto com professora Dra. Ione Jovino, criaram a dramaturgia do espetáculo.
 
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