Cultura pelo Brasil: Deficiência visual é refletida em musical infantil gratuito

“O Pescador e a Estrela” terá sessões on-line e gratuitas com audiodescrição e libras. O espetáculo é indicado para crianças com mais de cinco anos

Essa é a essência presente no musical infantil “O Pescador e a Estrela”, que terá sessões on-line gratuitas com audiodescrição e libras nos dias 13 e 14 de fevereiro, às 16h, para todo o Brasil, através do canal da Palavra Z, no YouTube. O projeto tem patrocínio do Banco do Brasil e foi realizado entre os dias 5 de dezembro de 2020 a 7 de fevereiro de 2021, no Teatro III do CCBB Rio de Janeiro.
“O espetáculo traz uma mensagem de esperança e de superação. A peça fala sobre um reencontro com o que perdemos. E nos últimos meses, nós perdemos muito. Deixamos de ver nossos amigos e familiares. Perdemos aquele brilho que a esperança traz. Principalmente as crianças. Ao mesmo tempo, tivemos a oportunidade de descobrir esse brilho, essa luz dentro de nós, com o que temos de melhor. A peça expõe os caminhos para não deixar essa esperança se apagar, mesmo que esses caminhos sejam difíceis de enxergar”, ressaltam Lucas Drummond e Thiago Marinho, autores da peça, que é indicada para crianças com mais de cinco anos.
O musical, com direção de Karen Acioly, conta a história de Fabiandro, um menino solitário que não consegue mais enxergar a felicidade. Ele é, então, convidado por um mensageiro das estrelas a voltar seus olhos para dentro de si, a fim de entender que muito na vida não é visto, mas sentido.
Para isso, o mensageiro convida o menino a embarcar na história do jovem pescador deficiente visual, que é apaixonado por uma estrela, apesar de nunca tê-la visto. Fabiandro e a estrela se encontram todas as noites à beira da praia, onde cantam, dançam e se divertem juntos. Um dia, porém, a estrela desaparece. Decidido a salvar o seu amor, ele parte em uma jornada até o céu, acompanhado de Hortênsia, uma menina que, superprotegida pelas tias, quer mais que tudo conhecer o mundo. O que ambos não sabem, é que, logo atrás deles, está o ganancioso casal Prattes Prattes, que planeja roubar a estrela para mudarem de vida.
O papel do mensageiro é encenado por Felipe Rodrigues. Negro, deficiente visual e morador da comunidade Pavão-Pavãozinho, na zona sul do Rio de Janeiro, o ator foi escolhido numa audição que contou com mais de 30 participantes deficientes visuais de todo o Brasil. Além de ator, Felipe é cantor, tecladista e compositor. Cego já na infância, Felipe já atuou em peças como “O Auto da compadecida”, “O mágico de Oz”, “Volúpia da cegueira”, do diretor Alexandre Lino, entre outras.

Foto: PH Costa Blanca/CostaBlancaFilms

“O processo de construção da peça tem sido bem enriquecedor porque tem me dado uma visão bastante ampla dos assuntos que são abordados. Diariamente esse processo tem me trazido diversas reflexões e algo que eu possa pesquisar dentro de mim a partir das muitas vivências que a peça pretende abordar. Tem sido muito revigorante porque o processo de refletir tudo o que está dentro da gente começa a ser externalizado na hora da encenação e das músicas ao longo do espetáculo”, reflete Felipe Rodrigues

A direção de movimento dos dois artistas é realizada pela atriz e bailarina Moira Braga, também deficiente visual. “Participar desse projeto está sendo um presente nesse ano de 2020 que foi um ano tão esquisito e atípico. Um projeto novo e com essa qualidade no melhor sentido da palavra, que é a qualidade de afetos, qualidade de talentos, com uma configuração artística que foca na acessibilidade e inclusão, é um presente. Eu me sinto muito honrada de poder trabalhar nesse projeto onde meu trabalho é reconhecido”, celebra.

Protagonismo de deficientes visuais

A proposta do espetáculo é a de dar protagonismo à deficiência visual ampliando a reflexão da acessibilidade dentro das artes cênicas, principalmente voltadas ao universo da infância tanto dentro da narrativa cênica, como também com a composição de sua equipe técnica e artística do espetáculo.
A cenografia, de Doris Rollemberg, transformou o Teatro III do CCBB num universo íntimo e simbólico do protagonista: o mundo esférico e a casa no centro desse espaço. O dentro e o fora. A casa se amplia na natureza – que está lá fora- quando o menino mergulha em seu imaginário entendendo que, por conta do confinamento, as crianças voltaram a usar o interior de casa como espaço lúdico, assim como acontece com o teatro.
A diretora artística do espetáculo, Karen Acioly, se dedica à autoria de projetos e programas multidisciplinares para infância há 35 anos. Autora de livros, roteiros audiovisuais e diretora de textos teatrais premiados, é curadora internacional de exposições e festivais voltados para a experiência da arte e idealizadora do FIL – Festival Internacional Intercâmbio de Linguagens há 18 anos.

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“A saudade é um sentimento muito silencioso no coração de uma criança e às vezes é preciso falar sobre esse silêncio. Inventamos um espetáculo que olha para o que sente essa criança e que escuta os seus sentimentos. A música nos guia como uma estrela, em movimentos circulares, para o imaginário de um menino que precisa inventar uma cidade inteira, descortinar os seus véus e viver uma perigosa aventura, para conseguir enxergar o que sente”, afirma a diretora artística.
A peça marca a primeira parceria de Karen Acioly com o produtor Bruno Mariozz, que, há quatro anos, desenvolve um importante trabalho teatral voltado a temas profundos e sem subestimar a compreensão da criança.
A produção é da Palavra Z, especializada em produzir musicais infantojuvenis, que assinou a produção de espetáculos, como os premiados “Vamos comprar um poeta”, “A Gaiola” e “Contos Partidos de Amor”, com a diretora Duda Maia.
“O teatro para crianças é um potente agente de transformação da sociedade, pois proporciona à criança um universo de descobertas, levando até suas casas diálogos e debates entre seus familiares e amigos. Hoje uma das mais estratégicas e importantes manifestações artísticas para sensibilizar e formar novas plateias. Transformador e criador de memórias que vão ficar para sempre em nossas vidas, pouco a pouco o teatro para crianças firma sua potência em salas, parques, jardins e nos principais centros de cultura de nosso país”, afirma o Bruno Mariozz, diretor da Palavra Z.
As músicas e direção musical são de Wladimir Pinheiro, vencedor do Prêmio Shell com o espetáculo “As Comadres”.
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