Inspirado em Shakespeare, o curta Canção do Cisne dá uma nova dimensão à personagem Lady Macbeth, explorando diversidade racial e o papel feminino em um Brasil dos anos 40. Gravações acontecem em Curitiba.
O universo de William Shakespeare ganha mais uma adaptação inovadora com o curta-metragem “Canção do Cisne”, dirigido e roteirizado por Marina Barancelli. A obra, vai iniciar suas gravações no próximo dia 16 de dezembro de 2024, promete oferecer uma nova visão sobre Lady Macbeth, uma das personagens mais complexas do escritor inglês. As gravações de alguma cenas devem acontecer no centro histórico de Curitiba, na sede da Agrupa Cultura.
Com estreia prevista para 2025, o curta busca mesclar elementos teatrais e cinematográficos enquanto traz uma leitura sensível e contemporânea sobre diversidade racial e gênero.
A narrativa de “Canção do Cisne” se passa no Brasil dos anos 40, durante a Era Vargas, e utiliza o contexto político como pano de fundo para explorar as questões sociais e raciais enfrentadas por uma mulher preta em posição de poder. Lady Macbeth, interpretada pela própria diretora Marina Barancelli, ganha uma roupagem inédita: casada com um homem branco em uma sociedade conservadora, ela precisa lidar com a rejeição velada e o isolamento, enquanto navega pelas complexidades da ambição e do autoritarismo.

A abordagem do curta reflete o desejo de Marina de repensar como mulheres, especialmente as pretas, são representadas no cinema. “Canção do Cisne” desafia as convenções ao colocar uma atriz preta em destaque, em um papel histórico muitas vezes relegado a estereótipos ou à coadjuvância. A cineasta e atriz revela que sua trajetória foi marcada por limitações impostas pela cor de sua pele, o que impulsionou sua decisão de liderar um projeto que celebra a potência de uma protagonista preta.
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Sobre Canção do Cisne
“Canção do Cisne” destaca a relevância de questionar as visões limitadas que o cinema historicamente apresenta sobre personagens femininas. Marina explica que, enquanto Macbeth é frequentemente visto como um homem trágico e complexo, Lady Macbeth é reduzida à figura de uma mulher cruel e manipuladora. Ao transpor essa narrativa para o Brasil e adicionar a perspectiva racial, o curta ganha novas camadas de significado, abordando a interseccionalidade entre gênero, raça e poder.
O contexto histórico do Brasil dos anos 40 é uma escolha significativa. A Era Vargas, marcada pelo autoritarismo e por políticas sociais excludentes, oferece um paralelo poderoso com a ambição e a corrupção que permeiam a obra shakespeariana. A adaptação torna-se, assim, um espelho para as tensões sociais e políticas que ainda persistem no Brasil contemporâneo.

Equipe de Produção Feminina
Outro destaque de “Canção do Cisne” é a formação de sua equipe de produção. Liderada por Marina Barancelli e Luiza Gutjahr, a equipe é majoritariamente composta por mulheres, reforçando o compromisso com a inclusão tanto na frente quanto por trás das câmeras.
Essa abordagem colabora para que a obra tenha uma autenticidade e um olhar feminino aprofundado, contribuindo para uma representação mais fiel e significativa das questões abordadas.
Além disso, a produção combina elementos teatrais e cinematográficos para criar uma experiência rica e inovadora. A sede da Agrupa Cultura, localizada no centro histórico de Curitiba, serve como cenário principal, trazendo uma atmosfera intimista que reforça a conexão entre os personagens e o público. A previsão de estreia do curta é para 2025.