Geração que convive e necessita dos recursos digitais precisa ser estimulada a brincadeiras que vão além dos jogos eletrônicos
Fernanda Gusso Rosa Meller
Quando falamos em nostalgia, refletimos sobre a família na era digital e a saudade do brincar entre pais, filhos, irmãos, avós, ou seja, da interação familiar. As brincadeiras foram substituídas pela vasta gama de aparelhos eletrônicos, determinando assim o afastamento das pessoas para a profunda concentração individual aos desafios apresentados pela era digital, em que a vivência coletiva ocorre à distância.
Presenciamos o silêncio nos ambientes onde há somente o brincar digital. Sumiu o “barulho” das brincadeiras, das comemorações, os choros de emoção ou dor causados pelas descobertas, pelas experimentações e desafios, sumiu o contato físico. Navegar ficou mais rotineiro do que imaginar e criar.
Quando ocorrem os desafios dos jogos e brincadeiras, seja ao ar livre ou de tabuleiros entre os grupos sociais, pode ocorrer um encaixe biopsicossocial, pois vínculos são estabelecidos, as regras determinadas são estratégias de aprendizados dos direitos e deveres em que os participantes aprendem e fortalecem os valores sociais, enriquecem a comunicação, aprendem a compreender os ajustes da convivência coletiva.
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Todos trazem algo de si e incorporam algo do outro, ocorre a troca de saberes. A escola e a família têm este papel de suma importância, quando por meio de atividades específicas contribuem para o desenvolvimento da convivência além da era digital. Em muitas situações, os grupos que interagem através de recursos digitais, são os que se fortaleceram e formaram um coletivo de identidades e interesses a partir da convivência presencial. Tornam-se vinculados pela convivência escolar, pelas brincadeiras presenciais e se aglomeram novamente nos jogos eletrônicos. A era digital tem trazido e facilitado o contato com muitas informações e aperfeiçoamentos, porém, não consegue substituir a riqueza da convivência.
O conforto das regras pré-determinadas enfraquece o desenvolvimento, pois tudo vem pronto, é só jogar seguindo as regras impostas. Neste contexto, onde o progresso tem exigido a interação digital surge o desafio de resgatar a convivência presencial, inerente ao ser humano. O avanço digital tem se mostrado de suma importância neste momento de isolamento social, porém precisa ser monitorado, pois não conseguirá substituir a riqueza que tem o momento de imaginar, construir, testar, compartilhar, discutir, enriquecer o movimento de estar presente. A geração que conhece, convive e necessita dos recursos digitais presentes na rotina diária do mundo precisa ser estimulada também a brincar com os jogos que vão além dos eletrônicos.
O caminho para este estímulo surge com a disponibilidade e oferta de atividades que exigem a criatividade, a experimentação, a partilha e o desafio de serem protagonistas em seus coletivos.
*Fernanda Gusso Rosa Meller é professora no curso de Pedagogia do Centro Universitário Internacional Uninter
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