Artista curitibana vence prêmio nacional de Artes Visuais

Érica Storer de Araújo fala sobre sua instalação premiada e a relação da pesquisa em Artes proporcionada pela UFPR com sua trajetória

A artista curitibana Érica Storer de Araújo foi uma dos três vencedores do 7º Prêmio EDP nas Artes, com a instalação “Sonhe alto, trabalhe muito, vá longe”, exposta no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Suas obras estão em cartaz no espaço cultural até o dia 10 de janeiro junto com a de outros dez artistas dos 456 inscritos para o prêmio nacional.
Essa é a primeira vez que o Prêmio EDP nas Artes não tem ganhadores do eixo Rio de Janeiro/São Paulo, algo que para a artista é muito marcante, uma vez que os assuntos e as urgências passam a ser vistas sob uma perspectiva mais abrangente, sem o foco do principal eixo econômico do país. Para ela, estar no rol de obras selecionadas é motivo de felicidade, mas também de responsabilidade e reflexão.
“Receber um prêmio é ao mesmo tempo recompensador devido ao reconhecimento por um trabalho e engajamento com minha pesquisa poética, considerando o seu alcance nacional, mas também é um momento de pensar sobre esses procedimentos do contexto da arte de seleção e competitividade e como eles têm sido construídos pelas instituições”, observa Érica.
A instalação feita pela artista curitibana é composta por um recorte suspenso de um escritório, com mesas, cadeiras, prateleira, pequenos armários e um arquivo, além de computadores e outros objetos. Uma abordagem irônica e crítica sobre o fracasso e o sucesso na sociedade neoliberal.
“O título, advindo de expressões motivacionais, ou ainda do que chamamos de coaching, está ligado à promessa da ascensão social por meio do trabalho. Se o desejo da conquista é representado pela escada, alcançar algo elevado, então que esse trabalho esteja lá no alto, mas sem escadas. Por outro lado, há também o desejo pela queda. A materialidade de algo suspenso revela a iminência desse colapso”, detalha.

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Não é preciso formação acadêmica para ser artista. Porém, Érica é formada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e afirma que na trajetória dela a experiência universitária foi um diferencial tanto para sua formação técnica e poética como também para a sua aproximação com esferas de promoção à arte e à cultura.
“A universidade é o lugar da pesquisa, discussão, extensão e de engajamento artístico e social. Sua função não é movida apenas de interesses poéticos individuais, mas também por um compromisso com a história e sociedade, entendendo e modificando o seu curso”, relata.

Érica Storer de Araújo em uma performance sobre mandíbula que realizou em um evento internacional na Itália. Foto: Lorenza Cini/Divulgação

No Departamento de Artes (DeArtes) da UFPR, Érica participou de diferentes projetos, como no Centro Acadêmico de Artes Visuais, bolsista no Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) e de iniciação científica, no Museu de Arte da UFPR (MusA), e, por fim, fez intercâmbio na Croácia por meio do programa Erasmus+. Entre os temas que pesquisou, estão trabalhos que abordavam os eixos temáticos do corpo, o desempenho, o trabalho e o fracasso na sociedade contemporânea.
Érica já participou três vezes no Circuito Universitário da Bienal Internacional de Curitiba (CUBIC), que é realizado a cada dois anos, já apresentou seus trabalhos na Europa e também foi uma das homenageadas no aniversário de 105 anos da UFPR.
Todos esses feitos mostram uma trajetória sólida tanto no campo acadêmico quanto no artístico, segundo a professora Stephanie Dahn Batista, do Departamento de DeArtes e vice-diretora do Setor de Artes, Comunicação e Design (Sacod) da UFPR.
“Acompanhei Érica desde o primeiro ano de graduação e acredito que ela teve um proveito muito grande de tudo o que a universidade pública pode oferecer. Ou seja, uma experiência que toma a arte como área de conhecimento específico. Que proporciona o aprendizado de técnicas artísticas, além de pesquisas poéticas com profundo referencial bibliográfico que permitem ao artista se situar, dialogar, referenciar e interagir tanto com o universo artístico quanto com a sociedade”, afirma.

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