Especial Dia do Escritor – Otto Leopoldo Winck: a paixão pela leitura

Escritor premiado e professor de escrita criativa fala sobre a paixão pela literatura

Acho que o maior incentivo à leitura vem de amigos ou professores apaixonados pela leitura.

Por Kristiane Rothstein
Na série especial Dia do Escritor, comemorado em 25 de julho, o Curitiba de Graça, entrevistou o professor universitário e de Escrita Criativa, Otto Leopoldo Winck, sobre texto e incentivo à leitura em época de redes sociais.
Winck é doutor e mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), vencedor do prêmio da Academia de Letras da Bahia em 2006, com o romance Jaboc, e em 2012 do Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura, na categoria poesia, com o volume Desacordes. Seu mais recente livro é o romance lançado em 2019, “Que fim levaram todas as flores”, pela Kotter Editorial.
Experiente com a literatura, Otto Leopoldo Winck considera que quem mais incentiva a leitura são amigos, professores e todos aqueles que são tocados por esse hábito. Confira a entrevista na íntegra:
Curitiba de Graça: Quais as características que conquistam o leitor de livros (independentemente se é por e-books ou impressos)?
Otto Leopoldo Winck: São tantas… E depende sempre do leitor. No meu caso, em se tratando de romance, uma história bem contada, bem escrita (e bem traduzida, caso uma obra estrangeira), que mergulhe no mistério do humano, desvendando ou revelando sempre novas facetas. Quando é poesia, também: poemas bem trabalhados, que me instigam. Há um detalhe importante, em caso de livros físicos: uma edição bonita, com uma boa capa, um bom papel, ajuda.
Curitiba de Graça: O que torna um texto “perfeito”?
Otto Leopoldo Winck: É aquele em que não sobram ou faltam palavras. É mais fácil atingir esta perfeição num conto ou poema. No caso de uma obra mais extensa a perfeição deve ser procurada noutra perspectiva: na construção dos personagens, nas cenas, diálogos, no equilíbrio das massas narrativas…

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Curitiba de Graça: Com as redes sociais, você acha que aumentou o número de leitores de livros ou diminuiu? As redes sociais ajudam ou atrapalham para atrair o leitor ao livro?
Otto Leopoldo Winck: No Brasil, creio que não. Pode até ter diminuído. Aquele que levava um livro para o banheiro, agora leva o celular… Agora, as redes sociais são boas para você encontrar sua tribo. Se você gosta de ler, lá você encontra outros com o mesmo gosto e isso inclusive te estimula. No meu tempo de adolescente, eu não encontrava ninguém que lesse com a mesma sanha que eu. Claro, minhas referências eram a meia dúzia de amigos que eu tinha e meus colegas da escola. Se houvesse redes sociais naquele tempo, quem sabe eu descobrisse que eu não era o último leitor do mundo!
Curitiba de Graça: Nos dias de hoje é mais comum surgirem leitores de Paulo Coelho ou de Rubem Braga ou Clarice Lispector?
Otto Leopoldo Winck: Acho que uma coisa não exclui a outra. É necessário o leitor de clássicos, como é necessária uma literatura de massas. Muitas vezes, o leitor de Shakespeare começou como leitor de Paulo Coelho ou Harry Potter.
Curitiba de Graça: O que mais incentiva a leitura?
Otto Leopoldo Winck: Acho que o maior incentivo à leitura vem de amigos ou professores apaixonados pela leitura. Se você vê alguém falando de Franz Kafka [escritor de romances como A Metamorfose, considerado um dos mais influentes do século XX] com brilho nos olhos, você fica curioso pra ler esse cara. Precisamos de paixão. O mundo será salvo pela paixão.
 
 
 
 
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