Mulheres Paranaenses: Conheça uma pioneira da pedagogia paranaense

Saiba mais sobre a vida de uma das mulheres paranaenses que marcaram a história da educação no Paraná

Pórcia Guimarães Alves mulheres paranaenses
Foto: IHGPR – Coleção Pórcia Guimarães Alves

“Todo ato realizado com amor deixa marcas positivas”
Pórcia Guimarães Alves, uma das primeiras pedagogas do Paraná

Hoje, estreamos uma nova coluna dedicada a mulheres que ajudaram no desenvolvimento Paraná. Idealizada pelas pesquisadoras Alexandra F. M. Ribeiro e Alboni M. D. P. Vieira, a ideia é mostrar como elas foram fundamentais para aprimorar as mais diferentes áreas.
Muitas delas desafiaram as tradições impostas na época em que se esperava que fossem exclusivamente mães e donas de casa, algumas se recusaram a acreditar que certas profissões eram somente para os homens e outras, quando as regras já tinham sido quebradas, continuaram se dedicando e incentivando os avanços em nossa sociedade. Uma coisa é certa: todas foram inovadoras e marcaram a história.
Conheça agora a história de Pórcia Guimarães Alves, uma das primeiras pedagogas do estado que, entre seus vários projetos implementados, foi pioneira em aplicar a psicologia no diagnóstico e terapia de crianças com desvio de comportamento.
Por Alexandra F. M. Ribeiro e Alboni M. D. P. Vieira
A curitibana Pórcia Guimarães Alves nasceu no ano de 1917 e faleceu no ano de 2005. De classe média urbana, teve uma educação privilegiada para o período e formou-se na primeira turma do curso de Pedagogia, no ano de 1941, pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Durante sua trajetória profissional, desenvolveu vários projetos que deixaram marcas na história da educação do Paraná.
Sua carreira teve início no ano de 1938, como professora primária no Grupo Escolar 19 de Dezembro. Em 1954, quando instalou e dirigiu o Centro de Estudos e Pesquisas Educacionais (CEPE), Pórcia declarou, durante a inauguração, que: “Já não me é mais possível prever até onde podemos chegar”. Sua carreira docente na UFPR, entre os anos de 1951 e 1982, lecionando a disciplina de Psicologia da Educação, lhe rendeu o título de “professor emérito” em 1992. Em 1956, organizou a primeira Clínica Psicológica do Estado. No ano de 1961, organizou a fundação da Escola Mercedes Stresser; em 1962, empreendeu-se na constituição do Instituto Decroly, sendo pioneira em aplicar a psicologia no diagnóstico e terapia de crianças com desvio de comportamento. Mais tarde, em 1968, o mesmo instituto, criou o “Jardim de Infância e Classe para Superdotados”.
A professora Pórcia é oriunda de uma família nuclear, filha de Magdalena Guimarães Alves e Orestes Augusto Alves, e irmã de Paulina, Claro, Orestes e Dalena. Magdalena era o que ligava Pórcia a um passado nobre e a homens ilustres, uma vez que era neta de Visconde de Nacar, um dos oito personagens a receber a titulação nobiliárquica na província do Paraná, durante o segundo reinado. Acredita-se que no entendimento de Pórcia, por mais que os títulos não fossem hereditários, o sucesso era certo para os seus descendentes, e esse tipo de ideia pode ter estimulado a professora a realizações profissionais.
Quanto ao pai, Orestes, a professora herdou, dentre outras características, a valorização e o gosto pela leitura e sua formação literária. Pórcia dava importância para à erudição e procurava associar sua imagem à de uma exímia leitora.
A vida de Pórcia e a de sua família mesclavam-se com as práticas vividas em sociedade. Apesar de terem existido possíveis “pretendentes”, o casamento não foi vivenciado por Pórcia. Em suas cartas e diários é possível contemplar uma mulher apaixonada, que testemunhou os conflitos e as contradições vivenciadas por homens e mulheres de seu tempo. Pórcia demonstrava contradições em seus pensamentos, já que, ao mesmo tempo em que era influenciada por antigas normas sociais, queria vivenciar as novas possibilidades existentes para as moças oriundas de famílias de classe média urbana.
Dentre elas, outra escolha proporcionada a Pórcia veio com a fundação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL), no ano de 1938, dando-lhe a possibilidade de seguir para o ensino superior. Após a conclusão do curso superior, deu continuidade à sua formação, frequentando cursos, congressos e encontros científicos ofertados em várias cidades do Brasil e também em outros países. Durante a atualização de seus conhecimentos em congressos e cursos, mantinha contato com seus familiares por meio de cartas, que foram guardadas em seu arquivo pessoal.
As possibilidades e escolhas de Pórcia apresentaram-se como resultado de uma trama de acontecimentos. Em seu arquivo pessoal, doado ainda em vida para o Instituo Histórico e Geográfico do Paraná (IFGPR) é possível ver recortes de jornais, revistas, certificados de congressos, diplomas, títulos, pesquisas, estudos etc., que atestam as contribuições possibilitadas pelos anos de dedicação a educação.

Para saber mais

  • ALVES, Pórcia Guimarães. Curitiba: IHGPR-Coleção Pórcia Guimarães Alves
  • RIBEIRO, Alexandra Ferreira Martins. Adentrando aos arquivos: formação e aspectos da atuação docente de Pórcia Guimarães Alves (1917-1962). 199 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, 2018
  • RIBEIRO, Alexandra Ferreira Martins; VIEIRA, Alboni Marisa Dudeque Pianovski

alexandra e alboni
Alexandra F. M. Ribeiro é doutoranda e mestre em Educação – Linha de Pesquisa História, Memória e Políticas Educacionais e Alboni. M. D. P. Vieira é doutora e mestre em Educação – Linha de Pesquisa História, Memória e Políticas Educacionais.

curitiba de graca
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10 COMENTÁRIOS

  1. Show. Parabens. Muito importante resgatar a memoria cultural de paranaenses qye fizeram historia e contribuiram para o aprimiramenti do ensino e fi conhecimento

  2. Excelente a iniciativa das pesquisadoras Alexandra e Alboni.
    Agradeço a oportunidade de conhecer um pouco maus da trajetória da Profa. Porcos.
    Parabéns.

  3. Parabéns pela iniciativa! Adorei esta e já espero pelas próximas histórias de mulheres que abriram caminho para as oportunidades que temos hoje.

    • Sim, cada pequeno passo representa muito. Obrigada por compartilhar sua opinião. Continue lendo as próximas, temos um roteiro programado para publicações quinzenais.

  4. Tia Pórcia foi uma inspiração para mim, ela era irmã do meu avô e muito do seu legado me impactou, sou professora e terapeuta comportamental e minha irmã mais nova é psicóloga e coordenadora de um curso de aconselhamento. O caminho que nossa tia desbravou para nós seguirmos. Obrigada pelo artigo, amei!

  5. Que lindo seu depoimento! Durante as pesquisas que fiz sobre PÓRCIA descobri que ela fora, também, muito impulsionada pelos antepassados! Ela ficaria feliz de saber que influenciou positivamente as gerações futuras!

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