Apresentações da Mostra Paranaense de Dança mostram que as dificuldades instigam a criatividade dos artistas
Após convidar grupos de todo o Brasil a enviar trechos de 3,5 minutos de coreografias em qualquer estilo, a curadoria da 13ª edição da Mostra Paranaense de Dança selecionou 106 vídeos para exibições nestes dias 24 e 25 de abril, às 19h, pelo canal do YouTube da Associação Brasileira de Apoiadores Beneméritos do Teatro Guaíra (ABABTG), que realiza o evento desde 2008.
“Gostamos muito do resultado, e agora desejamos que o maior número possível de pessoas possa prestigiar os trabalhos nos dois dias de exibição”, convida a coordenadora da Mostra, Simone Bönisch.
A qualidade dos vídeos enviados deixou os organizadores entusiasmados com as possibilidades trazidas pela união da dança com o audiovisual. Entre as criações, há algumas realizadas ao ar livre, em casa ou em garagens adaptadas – o que só comprova a capacidade de adaptação dos bailarinos e coreógrafos.
Um exemplo vem de Bauru (SP), onde o Núcleo de Dança Giracorpo pesquisou a obra de Clarice Lispector ao longo de um ano e gravou uma coreografia baseada no conto “De vez em quando pertencemos”. A performance foi registrada no Horto Florestal da cidade, ao ar livre. “Enviamos à Mostra um trecho dessa coreografia, que é um trio e traz a expressividade que queríamos retratar da autora, a partir do cotidiano e das metáforas que ela usa como substrato”, conta a diretora Merene Lobato.
“Não podemos nos entregar tão fácil.” Esse foi o pensamento que a diretora artística Nara Dutra, de Maringá (PR), manteve ao longo da pandemia – tanto que organizou uma mostra interna de seus alunos, que se apresentaram ao público online com figurinos, penteados, maquiagem – e máscara. “Fiquei muito feliz ao ver que a ABABTG seguiu essa mesma linha e manteve seu cronograma neste ano. É porque todos nós acreditamos nisto que estamos fazendo”, conta ela, que participa da mostra desde 2012. Sua escola entrou com tudo no evento: enviaram 24 vídeos, dos quais cinco foram selecionados.
“Produzimos bastante na pandemia. Transformamos a sala de aula em um palco, com empréstimo de três coxias e adereços”, conta Nara. As linguagens trabalhadas vão do clássico ao jazz, passando por dança contemporânea, sapateado e dança aérea. Para ela, mesmo com todas as dificuldades, este é o momento de produzir. “Apesar do recolhimento necessário, quando os teatros abrirem vamos precisar suprir a demanda reprimida por arte.”
Webinar debate a dança virtual
Como aquecimento para as apresentações, nesta sexta-feira (23/04), às 19h30, acontece o webinar gratuito “Eventos on-line e a produção de dança em tempos de pandemia” reúne os organizadores Simone Bönisch e Jorge Schneider, além dos curadores da Mostra Paranaense de Dança Online 2021, Daniel Siqueira, Ian Mickiewicz e Patrícia Machado, em um bate-papo sobre como é fazer dança na atualidade e o papel do artista em tempos de pandemia.
VEJA TAMBÉM: Mês da Dança: Confira a programação virtual da Casa Hoffmann
“Acredito que o momento de retorno presencial será uma explosão de produções. Mas, enquanto isso não acontece, precisamos entender os limites e os benefícios do audiovisual e dos eventos virtuais para a dança”, observa Simone Bönisch.
Em 2020, a Mostra Paranaense de Dança chegou a ser organizada e divulgada, mas foi cancelada devido ao distanciamento social imposto pela covid-19. “O virtual não substituirá o presencial – mas é necessário aprender a usar a tecnologia a favor das iniciativas culturais”, finaliza a organizadora.
Você sabia que o Curitiba de Graça é um veículo feito por jornalistas e é independente? Para continuarmos fazendo nosso trabalho de difusão da cultura precisamos do seu apoio. Veja como colaborar AQUI.